Veja carta de despedida de Geraldo Melo a Diógenes da Cunha Lima

diogenes e geraldo melo

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Formidável Diogenes, meu querido amigo e líder do campo intelectual, onde se destaca como uma das mais importantes estrelas do nosso Estado. Você sabe que eu tenho andado atrapalhado nas últimas semanas porque a saúde resolveu não colaborar com as minhas atividades e com a minha vida. Eu não tenho ilusões, e acho que você também não. Nós estamos numa fase em que ela é um elemento que pode nos dar futuro ou nos dar nada.

Eu tenho dito ao pessoal da minha casa, da minha família, que um homem como eu, que já viveu 86 anos, não pode estar esperando que esteja chegando o começo da sua vida. Eu estou esperando o fim da minha. Sem drama, sem dar espetáculos, sem tragédia, situação que é comum a todas as pessoas, ao bicho homem. Agora, como eu não sei se esse fim vai durar uma semana, um mês, um ano ou dez – espero que dure dez ou mais -, eu estou procurando fazer o melhor que posso com o que vier e por isso estou procurando ver se consigo realizar o objetivo de curtir a família que criei e as amizades que construí, entre elas a sua, uma das mais importantes e mais valorizadas por mim.

Vejo se posso atravessar esse final de mar sem me afastar de um determinado padrão, ou seja, um padrão ético, um padrão decente. Estou terminando a vida como membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, sob o seu comando, que foi quem na verdade me proporcionou que eu fosse votado e que no final das contas o resultado fosse este, que muito me orgulho. Outra coisa que eu desejo trazer pra mim mesmo, e aí vai depender se a saúde vai me permitir, é a oportunidade de conviver com um grupo de pessoas como vocês, que sabem das coisas, que têm lucidez, que têm graça, que têm criatividade, que têm tolerância e que têm uma conduta ética tão bonita, como tiveram até agora.

Eu quero deixar pra vocês, acadêmicos, a lembrança de alguém que se sente profundamente honrado em ser um de vocês. E agradeço a você, a quem eu continuo chamando de Formidável, em vez de magnífico. A você Formidável Diogenes o meu agradecimento e o meu abraço forte, apertado e caloroso.

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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