5 poemas de Leonam Cunha

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YOGA (I)

Para Gabrielle Dal Molin

Árvore

De pé, põem-se
as mãos juntas
para cima, um pé
alçado e apoiado
perto da virilha
e esticam-se os
braços cada vez
mais e mais.

Parece simples,
mas obrigar-se
a crescer
o tempo todo
dói muitíssimo.

Tartaruga

Levar consigo a própria morada
seria sempre ter proteção
não fosse todo claustro
um afogamento.

Peixe com leão

Minha professora me disse
pra arregalar bem os olhos
e pôr a língua pra fora, assim.
Me sinto extremamente ridículo.
Meu sábado se torna glorioso por isso.

Cachorro olhando para baixo

Faço um triângulo lindo,
para a decepção de Pitágoras.
O sangue preenche toda a cabeça
e fico pensando que é necessário
não pensar em nada.
Outros mamíferos alcançam
essa proeza como um dia de sábado.
Queria ser menos homem
para virar um dia de sábado.

Deusa

Na postura da deusa,
o secreto martírio
é a simetria
– divinal arapuca.


IMAGEM: Obra Pandharpur, do pintor indiano Maqbool Fida Husain

Redação

Redação

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2 Comments

  • Anchella Monte

    Ponto de equilíbrio para depois desequilibrar. Desconcertante nas formas supostamente firmes, mas há sempre afogamentos e arapucas, mesmo às sábados. A ioga da vida tem um tapete de água sob nossos corpos sem pouso. Bravo, Leonam!

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