Vaqueiro tradicional nordestino ganha nova visibilidade com arte urbana acessível e livro bilíngue

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Na contramão dos silenciamentos e apagamentos históricos, o vaqueiro tradicional do sertão nordestino ganha novos contornos de visibilidade, pertencimento e permanência por meio de duas ações capitaneadas pela editora Deu na Telha: o projeto ampliado e acessível Nossos Entes e seus Guardiões e o livro bilíngue inédito “Vaqueiro de Gibão”. Enquanto o primeiro ocupa muros de cidades potiguares com retratos de vaqueiros e tecnologia assistiva, o segundo leva imagens e memórias do sertão a circuitos culturais e acadêmicos na Europa e Estados Unidos. Tradição e tecnologia, sertão e mundo se cruzam na construção de uma narrativa que preserva, partilha e projeta uma das figuras mais simbólicas da cultura nordestina.

Um patrimônio vivo e visível

O projeto Nossos Entes e seus Guardiões retoma e amplia a ação realizada em 2019, agora com foco em acessibilidade, fruição cultural e circulação simbólica. A proposta prevê a fixação gratuita (tendo o lambe-lambe como suporte) de 60 retratos de vaqueiros de gibão em muros de três cidades potiguares – Vila Flor, Ceará-Mirim e São José do Seridó –, com adoção simbólica por moradores, que se tornam “Guardiões da Imagem”.

As imagens são impressas em grande formato e acompanhadas de QR Code com audiodescrição, possibilitando que pessoas com deficiência visual também acessem o conteúdo de forma sensível e inclusiva. A proposta é unir tradição e tecnologia para garantir que a memória do vaqueiro seja acessada por mais pessoas e de mais maneiras.

Além das instalações urbanas, o projeto inclui a criação de site e Instagram, coleta de depoimentos, monitoramento das imagens ao longo deste ano e ações de contrapartida social em escolas e instituições públicas. Toda a proposta está ancorada em práticas sustentáveis e comunicação acessível.

Realizado pela editora Deu na Telha, com apoio da Fundação José Augusto, Secretaria de Cultura do Rio Grande do Norte, Ministério da Cultura, Governo do Estado do RN e Lei Paulo Gustavo, o projeto reafirma o compromisso com a memória viva do vaqueiro nordestino como patrimônio imaterial.

Uma trajetória compartilhada

Desde 2010, o fotógrafo e antropólogo Pablo Pinheiro realiza um trabalho de registro e escuta junto aos vaqueiros do Seridó, nos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, desenvolvendo uma abordagem ética e horizontal e estabelecendo vínculos profundos com essa comunidade.

A partir de 2017, os retratos passaram a ser produzidos para os próprios vaqueiros, que recebiam as imagens em mãos como gesto de reconhecimento e pertencimento. Em 2019, a ação Nossos Entes levou essas imagens para o espaço urbano de Natal, criando novos sentidos para a memória visual do vaqueiro e conectando mundos diversos por meio da imagem.

O projeto teve sua importância reconhecida com o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade (IPHAN, 2020), o Prêmio Ana Maria Galano (ANPOCS, 2021) e o Prêmio Pierre Verger (ABA, 2022).

Em 2023, Pablo Pinheiro doou parte desse acervo ao Museu Histórico de Acari, com curadoria realizada pelos próprios vaqueiros. No mesmo ano, defendeu a dissertação “A fotografia e o vaqueiro de gibão: a imagem criando sentidos na pesquisa de campo”, uma investigação no campo da antropologia visual sobre o uso de registros fotográficos da figura do vaqueiro nordestino da cidade de Acari, no Rio Grande do Norte.

Livro bilíngue circula na Europa

O livro “Vaqueiro de Gibão” é um desdobramento desse trabalho de pesquisa e documentação realizado por Pablo Pinheiro. Com lançamento internacional previsto para este mês de junho em quatro cidades – Boulogne-Billancourt (12), Paris (13), La Rochelle (19) e Lisboa (27) – a obra bilíngue (português e inglês) reúne retratos, relatos e reflexões sensíveis sobre a figura do vaqueiro e amplia o alcance simbólico e geográfico do tema.

Os eventos na França e em Portugal marcam o início da circulação do livro como obra cultural e acadêmica, integrando-o a redes de pesquisa, arte e memória em contextos diversos.

Já a segunda fase, prevista para o segundo semestre deste ano, encontra-se em processo de finalização, com lançamentos sendo definidos no Brasil e nos Estados Unidos. Por enquanto, há compromissos com as cidades de Acari – terra simbólica dos vaqueiros do Seridó – e São Paulo – um dos principais centros de difusão editorial e artística do país. Nos EUA, os agendamentos estão em andamento. Em todos os locais, o livro será apresentado em diálogo com instituições voltadas às artes visuais e aos estudos latino-americanos.

A partir de julho, inicia-se também a campanha de pré-lançamento nacional, com vendas realizadas diretamente pelo site oficial da editora Deu na Telha (www.editoradeunatelha.com).

MAIS INFORMAÇÕES:

Daniel Rezende (produção executiva) +55 (84) 9 8183-5076

www.editoradeunatelha.com

Instagram: @editoradeunatelha

E-mail: ed***************@gm***.com

Redação

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