O jornal Tribuna do Norte, o maior em atividade no Estado potiguar, demitiu mais uma leva de funcionários após a demissão em massa de 2016. Dessa vez foram 20 do corpo funcional do jornal, sendo sete jornalistas da redação.
Para o setor cultural a perda foi a pior. O caderno de cultura Viver foi extinto. O espaço destinado à cultura será de apenas uma página inserida dentro do caderno Natal, provavelmente escrita pelo decano jornalista Tádzio França.
Além do caderno, a experiente Cinthia Lopes, editora do Viver por mais de duas décadas, foi demitida. Ela e o repórter Ramon Ribeiro, que nos últimos anos foram a resistência da Cultura no jornalismo impresso.
O caderno Fim de Semana, editado por Cinthia e escrito por Tádzio, por enquanto está suspenso pelas férias do repórter, mas vai voltar em tamanho bem menor, talvez com um texto de lazer.
E assim, após o saudoso “Muito” do Diário de Natal, o setor cultural perde mais um importante espaço. O último no jornalismo impresso. Sobram os blogs? Qual? Quantos? Com qual apoio? Com qual ritmo de atualização? Com qual linha editorial?
Analisem bem, queridos leitores, a situação. Praticamente não temos mais jornal impresso. Em Natal, apenas o Agora RN, sem uma linha de jornalismo cultural, e agora uma página na Tribuna do Norte. Portais se dedicam praticamente à reprodução de releases e em mínima quantidade.
Dos blogs com foco na cena independente, me perdoem alguma falta, lembro do Brechando, que mescla curiosidades de Natal, sempre interessantes, e alguma agenda cultural, o Apartamento 702, e este Papo Cultura, que sem apoio, diminuiu o ritmo à espera de novo incentivo.
Chegou a hora das parcerias!
Não seria hora de uma parceria conjunta? Será que entidades culturais não podem apoiar essas mídias independentes que sobrevivem a duras penas e há tanto tempo? Ou os artistas ficarão à mercê da divulgação na bolha das suas redes sociais?
O Papo Cultura existe há 3 anos. Este editor divulga a arte potiguar no ambiente virtual há 13 anos! Primeiro no Diário do Tempo (pioneiro neste segmento), depois no Substantivo Plural e agora com este Papo, que em ritmo normal contabiliza mínimo de 800 visualizações ao dia.
Será que um blog com público consumidor de cultura e 800 views ao dia, e por valores módicos, não dá retorno a uma Casa com shows constantes? Ou a uma empresa ou instituição cultural ou que apoia a cultura?
Cultura gera renda e emprego. Tam participação importante no PIB. Mas como a própria época sugere, vamos analisar além da economia. Cultura gera autoestima, identificação e, mais do que tudo, leveza à alma e à vida.
E para tudo isso se sustentar, claro, precisa de divulgação. Nosso RN está cada vez mais combalido nesse sentido. Então, artistas, lembrem de nós. Empresas, “cheguem junto”. Vamos nos ajudar. A hora é essa!
2 Comments
Oportunas as suas colocações e observações. Nesses tempos bicudos, onde a cultura cada vez mais fica num plano secundário para àqueles que poderiam fazer algo em prol.
surgem movimentos como o seu. Felizmente.
Naquilo que eu puder me engajar, conte comigo.
Estamos à disposição também, Fernando. Abraço!