Você sabe quem foi o potiguar Tobias Monteiro?

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FRAGMENTOS DE UM JORNAL LITERÁRIO

TOBIAS MONTEIRO

Folheando o “Roteiro Literário do Brasil e de Portugal”, antologia organizada por Álvaro Lins e Aurélio Buarque de Holanda (Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956, 2 vls.), vejo um único norte-rio-grandense entre os antologiados: Tobias Monteiro (1866-1952), historiador (segundo o wikipédia, um dos maiores do país – nota do blog) e jornalista, autor de monumental História do Império, em três volumes.

Tobias Monteiro – é duro constatar – anda esquecido em sua própria terra. As novas gerações o desconhecem. Será ele, pelo menos, nome de rua em Natal?

Há anos, a Academia Potiguar de Letras escolheu-o como patrono de uma de suas cadeiras, cujo primeiro ocupante foi o desembargador e professor João Vicente da Costa.

Informa João Vicente, em artigo incluído no livro “Ensaios Escolhidos” (2018) o seguinte:

“Sempre que oportuno voltado para o Rio Grande do Norte, não esqueceu Tobias as afinidades de seu espírito com o Instituto Histórico do Estado, dele sócio correspondente em 1927 e sócio benemérito em 1930.

Dádivas suas foram duas grandes estantes, numerosas obras de autores diversos, cooperação financeira mais de uma vez e o legado de vinte contos de réis em testamento (Revista do Instituto Histórico e Geográfico do RN, Nestor Lima, Presidente, vol. L,1953).”

É preciso resgatar Tobias Monteiro do injusto ostracismo em que jaz.

OBS: Ainda a respeito do “Roteiro Literário do Brasil e de Portugal”, vale dizer que não o integram autores vivos à época de sua publicação. Daí a razão da ausência de Câmera Cascudo, que é, hoje em dia, considerado, unanimemente, nosso maior escritor.

DA VOLÚPIA DO ERRO

Não resisto à tentação de transcrever do livro “Da Volúpia do Erro – Pensamentos Provisórios”, de Hildeberto Barbosa Filho, o seguinte trecho:

“Fragilidade primária é querer pôr as ideias, principalmente se as ideias se pretendem politicamente corretas, no tecido fluido e polissêmico da fala poética. Digo isto porque a literatura nada tem a ganhar com a defesa de causas ou com o desconforto das minorias. As ciências humanas, o jornalismo, a filosofia fazem isso muito melhor. Digo isto também porque me parece que a literatura, como a arte da palavra, deixa de ser vista assim, para se transmutar em libelos acusatórios contra isso e aquilo, ou em dispositivos panfletários em prol dessa ou daquela demanda política e social. E o que é pior, sem o brilho da linguagem, sem o calor da melodia, sem o valor da forma.”

Inúmeras outras passagens, verdadeiramente antológicas, como esta, encontram-se ao longo das páginas de “Da Volúpia do Erro”. Vale a pena conferir.

O VENDEDOR DE POESIAS

Em seu livro de contos “O Vendedor de Poesias” (Natal: Sebo Vermelho Edições, 2012), o escritor e biólogo Iveraldo Guimarães mistura ficção, memórias, ciência e poesia. (Esta não em forma de versos, mas entranhada na prosa). E o faz muito bem. Trata-se de uma obra paradidática, embora não se proponha a tanto. Leitura instrutiva e prazerosa.

ONOFRE COELHO

Diálogo numa livraria da cidade:

– Os exemplares do livro Chão dos Simples, que o senhor deixou aqui, em consignação, foram todos vendidos.

– Ah! já estou me sentindo um Paulo Coelho.

Disse, mas logo acrescentei:

– Quanto às vendas, quanto às vendas, apenas.

Alguém ouviu e comentou:

– Paulo Coelho, o mago da enrolação literária.

 

DE PERDÃO E PRETENSÕES

Para encerrar estas notas, duas frases:

“Só têm o poder de me magoar as pessoas que amo. Então perdôo sempre”.

Ana Miranda

 

“É muita pretensão do homem achar que um possível Deus pudesse criá-lo a sua imagem e semelhança.”

Autran Dourado

Manoel Onofre Jr.

Manoel Onofre Jr.

Desembargador aposentado, pesquisador e escritor. Autor de “Chão dos Simples”, “Ficcionistas Potiguares”, “Contistas Potiguares” e outros livros. Ocupa a cadeira nº 5 da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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