Neste 27 de março é comemorado o Dia Mundial do Teatro, data fundamental aos artistas que fazem do palco a expressão das suas vidas. O Dia Internacional do Circo, também celebrado nesta data, é lembrado pela Fundação José Augusto pela arte e resistência dos seus artistas que expressam seu talento através dos picadeiros.
Junto a estas celebrações a atual gestão assinala o aniversário do Teatro Alberto Maranhão (TAM), inaugurado em 24/03/1904 pelo então governador Alberto Maranhão. Após 116 anos de existência e resistência, o prédio centenário do TAM, atualmente administrado pelo Governo do Estado, através da Fundação José Augusto, passou por algumas reformas importantes ao longo de sua história: no biênio 1959-60, no biênio 1988-89, em 2002 e a última em 2004, ano do seu centenário.
Restauro
Fechado há cinco anos, a obra atual do teatro histórico foi iniciada em agosto de 2018, com recursos do Programa Governo Cidadão/Banco Mundial e Secretaria Estadual de Turismo, no valor de R$ 7.676.513,16.
Na atual gestão foi formalizada uma readequação da planilha contratual, alterando o valor do contrato de R$ 7.676.513,16 para R$ 9.631.714,84, passando a contemplar serviços que não estavam previstos anteriormente e que são comprovadamente necessários à execução da obra.
O restauro conta pela primeira vez na sua história com a fiscalização do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (IPHAN), que desempenha excelente trabalho dentro das suas atribuições. O tombamento em nível federal do TAM foi realizado em 2010 junto com o conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico dos bairros históricos da Ribeira, Rocas e Cidade Alta de Natal.
A correção das adulterações sofridas pelo TAM em reformas anteriores caracteriza a atual obra como a maior intervenção de restauro que o prédio histórico já sofreu. Todos os elementos estão em recuperação para devolver suas características históricas e arquitetônicas originais. As fachadas têm importante recuperação nos adornos e paredes com direcionamento, inclusive, do traço de argamassa que deve ser utilizado pela construtora.
Jardins, poltronas e telhado
O jardim do TAM, recanto saudoso de prosa e poesia, voltará a ter suas características originais com novos canteiros de plantas e bancos.
As poltronas e cadeiras dos camarotes e frisas já estão totalmente recuperadas, aguardando o retorno para seus lugares de origem. As janelas e esquadrias do Teatro estão sendo restauradas de maneira criteriosa e artesanal com a raspagem mecânica manual das antigas demãos de tinta e recuperação das partes danificadas para receber a nova pintura.
A estrutura metálica do telhado do TAM foi totalmente reconstituída e reforçada para instalação de telhas termoacústicas sobre a plateia e caixa cênica, garantindo maior isolamento térmico e acústico para o edifício.
Climatização
Os sistemas de ar condicionado de todos os ambientes internos já se encontram em seus respectivos espaços (escritórios, salão nobre, sala da orquestra e camarins), faltando apenas a finalização das instalações.
O sistema de climatização do palco e plateia voltará a ser central, o que garantirá melhor refrigeração e menor quantidade de ruídos durante os espetáculos, restando ser feita a ligação definitiva de energia para a realização de testes.
Acessibilidade, varanda de manobra e madeiramento
Já estão instaladas três plataformas elevatórias para o acesso de portadores de limitações de mobilidade e dos idosos, uma para os camarotes, outra para o palco e a terceira para sala da orquestra. Será instalada ainda uma cadeira acessível na escada de acesso ao salão nobre.
A varanda de manobra, componente da mecânica cênica do palco, foi totalmente reconstruída devido as suas partes estarem muito comprometidas, colocando em risco a vida do corpo técnico do TAM. Também foi instalada a nova escada metálica helicoidal para acesso à varanda.
O madeiramento de camarotes, frisas, galerias, pisos, tetos, caixas de porta e tablado do palco e lambris passam por uma importante recuperação de todos os componentes, danificados pela ação do tempo e de uma grave infestação de cupins. A restauração de portas e janelas está em execução.
Instalações hidráulicas, elétricas e combates a incêndios
Os sistemas hidráulico e elétrico foram totalmente substituídos, o sistema de combate a incêndios devidamente instalado, assim como os cabeamentos dos sistemas de lógica e sonorização ambiente.
Os pisos históricos com cerâmica belga, localizados no Foyer do Teatro e na plateia, terão um processo de revitalização e restauração das partes danificadas.
Os portões vindos da França (Fundição Val de Osnes), gradis e guardacorpos passaram por um processo de raspagem mecânica criteriosa para retirada das ferrugens, restando apenas a pintura final.
A obra contemplou ainda a construção de novos banheiros e camarins com bancadas e divisórias em execução. Também já foram executados serviços em pisos e revestimentos de porcelanato em áreas molhadas dos camarins.
Avanços e Caixa Cênica
A atual administração do Governo do Estado encontrou apenas 5% das obras executadas e uma série de entraves que dificultavam o desenvolvimento ideal do cronograma. Foi necessária uma detalhada readequação do projeto respeitando as determinações do IPHAN, órgão avalizador e fiscalizador da obra.
A gestão atual avançou para 37% da execução dos serviços no prédio. E o que é mais importante. Com o destravamento dos embargos encontrados no início desta gestão a obra está pronta para pegar ritmo acelerado.
Com a grave crise do Coronavírus, a construtora Ramalho Moreira está tomando as providências, seguindo as orientações das autoridades sanitárias, e a negociação com o Governo do Estado/Ministério Público do Trabalho para dar continuidade às obras, mediante a obrigatoriedade do cumprimento de todas as exigências de garantia da completa proteção dos trabalhadores.
O Projeto da Caixa Cênica foi desenvolvido pelo engenheiro civil e artista Leonardo Pavanello, contando com importante contribuição do atual diretor do Teatro Alberto Maranhão, Ronaldo Costa. Os subprojetos de Iluminação Cênica, Sonorização, Vestimenta e Mecânica Cênica, estão aprovados pelo IPHAN e orçados, restando a definição do recurso para realização do projeto.
Cronograma de desembolso
· TOTAL CONTRATO – 9.631.714,84 – 100%
· TAM ACUMULADO ATÉ DEZ/2018 – 515.623,16 – 5%
· TAM ACUMULADO ATÉ DEZ/2019 – 1.999.213,15 – 21%
· TAM ACUMULADO ATÉ MAR/2020 – 3.525.767,14 – 37%
Pendências resolvidas
A readequação da planilha contratual, alterando o valor do contrato de R$ 7.676.513,16 para R$ 9.631.714,84, contemplou serviços como: demolições, restauração do reboco, restauração das esquadrias de madeiras, substituição das coberturas; calçada do entorno; substituição do assoalho dos camarotes e galerias, dentre outros.
Um estudo de caracterização do reboco (dosagem de cimento, cal e areia) foi realizado para que a restauração da fachada estivesse de acordo com o material utilizado na construção original.
Outras medidas foram tomadas como a liberação do embargo da área dos camarotes, além de soluções de interferências do projeto (reforço estrutural para casa de máquinas, reforço para retirada de pilar do camarim, deslocamento das plataformas inclinadas das escadas).
O Governo do Estado do Rio Grande do Norte apresentou à Cosern o projeto da nova subestação para análise e aprovação.
Comissão de Fiscalização da Sociedade Civil
A gestão da Fundação José Augusto instituiu, via portaria, integrantes destacados da sociedade civil para participar das comissões de fiscalização das obras em execução nos equipamentos culturais. Trata-se de uma inovação que garante a transparência do processo. O pré-requisito básico é que as pessoas tenham conhecimento técnico sobre o assunto e que possam auxiliar a gestão da FJA nesta fiscalização.
A comissão de fiscalização do TAM foi eleita democraticamente pelo Setorial de Teatro – um dos únicos em diálogo articulado com a instituição no momento da eleição – em maio de 2019 e instituída pela portaria 036/2019 e publicada no dia 23/05/2019 no Diário Oficial do Estado.
Os integrantes da comissão de fiscalização titular são Flávia Costa de Assis – Arquiteta; José Sávio Oliveira de Araújo – Professor DEART/UFRN; Priscila Cristiane Lopes de Araújo – Iluminadora Cênica; Rafael Telles Lima – Produtor de Teatro, Músico e Técnico em Sonorização; Rodrigo Cesar de Souza Maceto – Ator e Poeta. Os suplentes são Giovanna Araújo da Silva – Atriz e Bailarina; Laura Maria de Figueiredo – Professora DEART/UFRN.
A FJA externa profunda gratidão pelo imensurável auxílio dessas pessoas.
Impossível ainda marcar a data da inauguração, mas estamos todos empenhados para que este seja o último Dia Mundial do Teatro sem o TAM de portas, cortinas e corações abertos ao público.