Solo de dança valoriza religião afro-brasileira

Juliana Iyafemí

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Dançarina mineira e radicada em Natal estrela espetáculo que tem trilha sonora assinada por filho de Caetano Veloso

 Quem já teve a oportunidade de conhecer uma casa-de-santo sabe o quão místico e fascinante é um rito de iniciação ao candomblé. Os sons dos atabaques envolvem os participantes e ditam o ritmo da dança que irá convocar os orixás para dar início ao ritual religioso.

Essa é a temática do espetáculo “Qual é o seu nome?”, que estreia dia 6 de fevereiro, às 20h, em plataforma digital.

No palco, estão presentes de forma minimalista todos os elementos da natureza – água, fogo, ar, terra, mato –, que são apresentados artisticamente e de maneira respeitosa.

Com duração de 20 minutos, o solo de dança é protagonizado pela dançarina e atriz Juliana Iyafemí, que também compôs toda a narrativa. A artista fará outras apresentações, sempre com a proposta de um bate-papo ao final.

O espetáculo marca os 15 anos de carreira de Juliana Iyafemí e mistura o erudito e o popular para falar sobre a iniciação da dançarina na religião do candomblé.

Também trata sobre elucidações acerca da cultura afro-brasileira, através da valorização do samba de roda, da capoeira e das danças baseadas nos movimentos dos orixás – os três são tombados como patrimônios imateriais do Brasil.

O rito de iniciação proposto na dança ainda remete o público a pensar o que faz as pessoas começarem algo diferente todos os dias, ou simplesmente começar de novo. Ou ainda, quem é você para além do seu nome.

Nos bastidores, estão dois fortes expoentes da arte contemporânea nacional. A diretora Vera Passos é professora, bailarina e coreógrafa com trabalhos consolidados que vão das danças tradicionais brasileiras ao balé clássico. Atualmente, é uma das difusoras da Técnica Silvestre de dança, juntamente com a idealizadora Rosângela Silvestre.

Já a trilha sonora é assinada por Moreno Veloso, que também é candomblecista e filho de Caetano Veloso com sua primeira esposa, a dançarina Gadelha Veloso. Multi instrumentista, Moreno tem no currículo os álbuns “Máquina de Escrever Música” (2000) e “Coisa Boa” (2014) e composições gravadas por artistas como Adriana Calcanhoto, Roberta Sá e o próprio Caetano.

Qual é o seu nome?

O título do espetáculo – “Qual é o seu nome?” – foi tirado do trecho de uma das mais recentes composições de Moreno. O que aliás foi algo inédito na carreira do compositor. Ele já havia produzido trilha sonora que inspirou outros trabalhos de dança, como o grupo Corpo, de Belo Horizonte, mas no caso atual ele fez o caminho inverso, ou seja, criou uma trilha para um espetáculo que já estava pronto.

Essa dinâmica se deu por conta da pandemia, o que fez com que toda a produção fosse acompanhada à distância. A artista, por exemplo, fez a maioria dos ensaios sem música.

“Tive que me reinventar, aprender a escutar o som do silêncio, o som do palco”, conta Juliana Iyafemí, que agora tem o desafio de dançar para a câmera, sem o calor do público.

Desta vez, no entanto, seus passos serão acompanhados pelos ritmos africanos entoados numa trilha que tem como principais instrumentos a lixa, o pandeiro e o violoncelo.

Juliana Iyafemí

Formada em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), bailarina e produtora cultural, Juliana Iyafemí é uma artista movida pela sua própria inquietação.

Nascida e criada em Araguari (MG), atualmente vive em Natal (RN) e se prepara para novos desafios no sul da Bahia. Já rodou o país em apresentações de dança, teatro, rodas de capoeira, dentre outros projetos que reforçam o quanto a cultura afro está enraizada em nossa sociedade.

No fim do ano passado, ela protagonizou o curta-metragem “Entenebrecida – Um experimento sobre a carne” em que mira os holofotes na questão racial, de classe, de gênero e canaliza sua energia na elucidação das culturas de matrizes afrodescendentes, o que na essência é um trabalho de valorização da própria história do Brasil.

Ficha técnica:

“Qual é o seu nome?”

Estreia: 6 de fevereiro, às 20h

Apresentações: 20/02 – 20h

06/03 – 20h

15/03- 20h

Para adquirir o ingresso clique AQUI.

(R$ 35)

Redação

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