O livro “Literatura do Rio Grande do Norte”, antologia organizada pelas escritoras Constância Lima Duarte e Diva Maria Cunha Pereira de Macêdo (3a. ed. Natal: Sebo Vermelho Edições, 2025), foi lançado com sucesso.
Em artigo no Jornal de fato e no blog Papo Cultura, o escritor Thiago Gonzaga analisou a obra, dizendo da sua importância e apontando vários equívocos e omissões nela contidos.
Trabalho de fôlego, como “Literatura do Rio Grande do Norte”, corre o risco de ter falhas. Mas, é preciso saná-las para que não se repitam em outros estudos que hão de surgir sobre o tema.
Devo registrar que Thiago Gonzaga, em seu artigo, manteve-se no plano das ideias, sem qualquer motivação pessoal. Sou testemunha da consideração que ele tem para com as autoras de “Literatura do Rio Grande do Norte”.
ANRL, ONTEM E HOJE
Dia desses, dei-me à pachorra (!) de pesquisar a idade dos 25 escritores fundadores da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Verifiquei que, em boa parte, eles eram ainda jovens, com menos de 42 anos, em 1936, na data de fundação da entidade. Câmara Cascudo tinha 38 anos, Otto Guerra, o mais moço, apenas 21.
Henrique Castriciano, primeiro presidente, era o mais velho, tinha 62 anos.
Atualmente, a ANRL compõe-se de 40 acadêmicos, dos quais 21 são octogenários, quase todos em plena atividade literária.
INJUSTO OSTRACISMO
Elma Luzia Mousinho (1955) destaca-se na Literatura Potiguar/entre as mulheres romancistas do século XX.
De sua bibliografia constam os seguintes livros, todos publicados pela Editora Clima: “Algemas de Sol e Chuva” (1985), “Cercas da Opressão” (1987), romances; “Correio para o Céu” (1990) e “A Revolta do Relógio” (1992), novelas infanto-juvenis. São obras da juventude da autora, mas que, paradoxalmente, ligam-se à tradição literária. Todas, ou quase todas, com uns traços fortes de denúncia e de crítica social, fazem lembrar o Realismo Socialista.
ENTREOUVIDO NUMA LIVRARIA:
O que importa numa obra de arte é a sua qualidade, e não o fato de ser da autoria de homem ou de mulher.
Obra de arte não tem sexo.
LER É PRECISO
Em seu ensaio “O Direito à Literatura”, Antônio Candido tem estas palavras lapidares:
“A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade e o semelhante.”
E mais adiante, acrescenta:
“Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de Fabulação.”
Conclui o crítico que a literatura se insere na órbita dos direitos humanos.
SUGESTÕES DE LEITURA
Cartas do Meu Moinho, de Alphonse Daudet (1840-1897). Contos plenos de lirismo e humor, obra-prima.
Os Que Dizem Não, de Honório de Medeiros. Ensaios contendo conceitos e reflexões a respeito dos chamados outsiders.
Raízes e Histórias, de Thiago Galdino (org.). Contos de resistência e resiliência, como bem diz o subtítulo. Obra engajada, escrita por afrodescendentes moradores em várias partes do Nordeste.
A Ancestral – Dona Lourinha e suas Histórias, de Josimey Costa. Biografia que se lê como romance.
