Saraiva do Midway fecha e Natal perde mais uma livraria

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E a Livraria Saraiva do Midway Mall fechou neste último domingo (25) após 12 anos de serviços prestados no terceiro piso do shopping. Essa era a última unidade aberta no Nordeste. Apenas no último trimestre de 2022 a rede encerrou as atividades de seis lojas pelo Brasil. A estimativa é de que restaurantes ocupem o espaço, localizado próximo ao cinema.

Nem a assessoria do shopping nem a gerência da livraria, com quem tentamos contato, estavam autorizados a comentar os motivos do fechamento. Mas se sabe que a Saraiva enfrenta uma recuperação judicial desde 2018 e acumula prejuízos milionários. O fechamento já era de conhecimento de funcionários, mas causou surpresa à cafeteria Balzac, que atuava de forma terceirizada na livraria.

Nas redes sociais, a Balzac emitiu nota, que diz o seguinte: “Não sabemos ainda se será um até breve ou um encerramento definitivo de ciclo e de história, mas a luta continua e o amor pela cafeteria permanecerá em nós, carregando nossas energias diariamente. (…) Passaremos mais informações, assim que possível”.

A sensação que tenho quando uma livraria fecha é a de derrota, de sinal dos tempos. Não acho que tenha a ver com novas tecnologias. Ao contrário das notícias, hoje vistas pela nova geração na internet, o livro físico continua em voga mesmo por crianças, nas escolas… ainda é moderninho. O problema é a substituição pelo livro digital, mas pela não-leitura, pelas redes sociais, tik toks e etc.

É certo que os e-books estão em crescente. É sim uma forma multimídia mais atrativa e mais barata aos mais jovens, mas discordo em apontá-los como causa. Números mostram uma crescente ainda muito insignificante para tamanho prejuízo. E estudos apontam para a coexistência e complementaridade dos dois formatos, não havendo efetivamente a substituição de um pelo outro.

Fato é que enterramos mais uma livraria, no cemitério literário de Natal ou do Brasil, que parece sem fim. Lembro nas cidades portuguesas que visitei era notável a quantidade de livraria – e monumentos esculturais – em cada quarteirão. Em Natal, em cada quarteirão há uma drogaria ou uma lotérica. Bem sintomático.


CRÉDITO DA FOTO: Publicado no blog Conversa Gastronômica

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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