#CaminhosdeNatal: Vaz Gondim reestruturou Natal após domínio holandês

RUA vaz gondim

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,A Rua Vaz Gondim localiza-se entre a avenida Rio Branco e a rua Gonçalves Ledo, na Cidade Alta. Foi durante muitos anos conhecida como rua do Meio, possivelmente devido à sua situação entre dois importantes logradouros públicos da Cidade.

A referida rua era também conhecida como “Rua da Luz, onde morava o cabo Pereira”… Maria da Luz era uma parteira da Cidade e morava na esquina das atuais ruas João Pessoa e Vaz Gondim. O cabo Pereira, figura conhecidíssima em Natal, era um veterano da Guerra do Paraguai, de onde trouxera para Natal, a paraguaia Jerônima, “braba e boa como fogo’’.

O decreto municipal de 13 de fevereiro de 1888 fixou um topônimo para a rua, que passou a denominar-se Felipe Camarão, em homenagem ao herói das lutas contra os holandeses.

Dom Antônio Felipe Camarão nasceu entre os anos de 1600-1601, filho do maioral potiguar Potiguaçu (Camarão Grande), que morava na chamada Aldeia Velha, à margem esquerda do Potengi, defronte a Natal. Os diversos autores que descreveram o período da guerra contra os holandeses, atribuem a Dom Antônio Felipe Camarão, capitão-mor e Governador de todos os índios do Brasil, a naturalidade pernambucana. Todavia, é mais provável ter ele nascido na Aldeia chefiada por Potiguaçu, em Natal.

Em 1630 Camarão residia na aldeia de São Miguel, em Pernambuco, cujo superior era o padre Manuel de Morais. Naquele ano, começou Camarão a combater os invasores holandeses. Em 1647 achava-se residindo na Aldeia de Miritiba, nos extremos de Goiana, lgaraçu e Tracunhaem, em Pernambuco.

Dom Antônio Felipe Camarão foi casado com a índia Clara, pertencente à tribo dos Caetés. Faleceu em 1648, de febres malignas, no Arraial da Várzea, em Pernambuco. Os historiadores norte-rio-grandenses têm confundido os dois Camarões (pai e filho), chegando ao ponto de tê-los convertido a um único personagem.

A antiga rua Felipe Camarão teve a sua denominação substituída para Vaz Gondim, em data que não foi possível apurar. Foi uma homenagem prestada ao primeiro capitão-mor do Rio Grande, logo após a reconquista da Capitania aos holandeses (1654).

Antônio Vaz Gondim

Antônio Vaz Gondim cumpriu patrioticamente o seu dever de soldado, durante a guerra contra os flamengos. Passou por todos os postos regulares da carreira militar, de soldado a capitão-mor.

Após a expulsão dos holandeses, Vaz Gondim foi nomeado capitão-mor do Rio Grande, em fevereiro de 1654, tendo governado a capitania até 4 de dezembro de 1663. Foi reconduzido ao cargo, em 21 de junho de 1672, demorando-se no seu exercício até 21 de maio de 1677.

Com a sua administração, a capitania do Rio Grande reorganizou-se. Iniciou ele o repovoamento da Cidade do Natal, então abandonada e arruinada pelos invasores. Vaz Gondim concedeu terras, incentivou a vinda de 150 novos moradores para a cidade. Muitos deles foram nomeados oficiais de justiça, escrivães de órfãos, escrivães das datas e sesmarias, provedores da Real Fazenda e membros do Senado da Câmara.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande, sofreu uma grande restauração na gestão de Vaz Gondim. Há referências às muitas obras que o capitão-mor realizou. Trouxe um técnico português para proceder à restauração e conservação da Fortaleza dos Reis Magos, que já ameaçava ruir.

A atual rua Vaz Gondim é nos dias de hoje, um modesto e tranquilo logradouro público, na área central da Cidade, mantendo a sua vocação residencial.


CRÉDITO DA FOTO: : José Clewton do Nascimento

Jeanne Nesi

Jeanne Nesi

Superintendente do IPHAN-RN, Sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do RN, e Sócia correspondente do Instituto Histórico Geográfico e Arqueológico de PE. Fundou a Folha da Memória, com periodicidade mensal. Publicou cinco livros, sendo dois como co-autora. Publicou folhetos, folders e cordéis e mais de 300 artigos sobre o assunto em uma coluna semanal no jornal Poti, na Folha da Memória e em revistas do IHGRN.
Atualmente aposentada, mas sempre em defesa do patrimônio histórico.

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