Chuva + mosquito = repelente natural caseiro

repelente natural

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Alguns dias atrás, li uma noticia no jornal à qual deve ser dada toda a importância do caso: a combinação chuva, calor e descarte inadequado de lixo, mais o comportamento sazonal do mosquito Aedes aegypti, monitorado pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), indicam uma tendência de epidemia de dengue, este ano, no Rio Grande do Norte.

Nos primeiros 45 dias de 2019, a Sesap já confirmou 246 casos de dengue no RN – sendo dois casos graves – e 12 de chikungunya.

As áreas com maior potencial epidêmico são o Seridó potiguar e a Região Metropolitana de Natal, mas são 161 dos 167 os municípios do RN considerados a risco.

A estratégia prioritária é a prevenção e todo cidadão deve fazer sua parte.

Aqui no Sítio Araras existem uns focos de lixo, na periferia da vila, mas todos os moradores em geral estão positivamente sensibilizados com a questão de não deixar água parada no quintal e de manter caixas e toneis bem tampados.

Na época das chuvas, tem bastante mosquitos na vila, mas, averiguando com alguns dos moradores, que vivem aqui desde sempre, conferimos que não teve, até agora, caso algum de dengue confirmado.

Mesmo assim, a comunidade inteira se queixa dos mosquitos que, quando o Sol se põe no horizonte, invadem as casas e atacam todo mundo, sem poupar a ninguém. Aparentemente, o Sítio Araras é frequentado mais pela muriçoca (Culex), que pelo mosquito da dengue. A muriçoca, no caso, tem hábitos noturnos, põe ovos em águas sujas, ricas em dejetos materiais orgânicos em decomposição, como esgotos a céu aberto.

Anteontem, voltando de uma das minhas caminhadas ao crepúsculo à beira do rio, parei para conversar um pouquinho com Maria de Gai, sentada no alpendre da casa dela, em companhia do filho Daniel. Geralmente, eu dou essas saídas usando a porta dos fundos, mas nesse dia, sai pelos fundos e voltei pela frente, pois fui até o porto das canoas para tirar umas fotos.

Primeiro, falamos de chuva, naturalmente; depois Maria me contou de um novo rancho que eles aprontaram na margem direita do rio, a caminho para São Rafael. Esses ranchos ficam nas proximidades de locais de boa pescaria, onde os pescadores passam uns dias dedicados às suas atividades, antes de voltar em casa. Dependendo do uso, existem ranchos permanentes, onde é até construída uma latada, e provisórios, nos quais os pescadores aproveitam da sombra de alguma árvore e armam uma lona impermeável em caso de chuva. Existe um pacto entre os pescadores de uso mútuo desses ranchos, respeitando a regra fundamental de deixá-los assim como os encontra, sem vandalizá-los, ou carregar alguma coisa, que outro pescador deixou.

Em minhas aventuras em canoa no Vale do Assu, eu mesmo utilizo bastante os ranchos de pescador para acampar uma noite, ou duas. Fora ter uma área de sombra já livre de arbustos espinhentos, quase todos os ranchos estabelecidos tem um local apropriado para fazer o fogo já pronto.

Quando ia me despedir, já no escuro da noite, Maria bateu com a palma aberta no braço dela e gritou:

– Ai! Maldito mosquito!
– Ai, ai, ai! – respondi – Chegou a hora deles! Vou pra casa.
– Peraí! Sabe o que ia pedir pro senhor, agora que lembrei?
– Pois diga, minha amiga.
– Eu quero a receita do repelente caseiro que o senhor faz. O do qual deu um frasquinho de brinde para a minha cunhada, Tica de Zé.
– Ah, sim! Bem fácil de fazer. Vou explicar em dois minutos.

Hoje, acordei pensando em escrever uma nota sobre esse repelente natural que eu faço, porque realmente muitas pessoas me perguntaram a propósito disso. Tomado meu café, olhei para as mensagens no celular e a mais recente, do amigo Irvando, de Tibau do Sul, diz assim: “Eaí, bro?! Tudo beleza? Manda a fórmula do teu repelente para mim”. Na hora, meu chapa! kkkkkkkkkkkkkk

O “meu” repelente natural não é nenhuma invenção minha, não. O que eu fiz foi, após pesquisar na net e no campo, aprimorar uma fórmula que garanta uma eficiência real e durável. O principio ativo é o do cravo-da-índia, que afasta todo tipo de mosquito. Os ingredientes e as proporções que eu uso em minha receita são os seguintes:

– 150 ml de álcool
– 50 ml de óleo de coco
– 5 gr de crávo-da-índia

Fazer é fácil demais: basta colocar os 5 gr de cravo-da-índia de molho por quatro dias e quatro noites em 150 ml de álcool puro, numa garrafinha com tampa, remexendo bem o conteúdo duas vezes por dia. Após quatro dias, coar o liquido e acrescentar os 50 ml de óleo de coco. Qualquer tipo de óleo corporal pode ser utilizado, mas eu achei que o casamento do coco com o cravo produz um cheirinho bem agradável. É importante lembrar-se sempre de agitar bem o repelente antes de usa-lo, pois o álcool e o óleo têm tendência a separar-se.

O repelente feito seguindo minha formula tem eficácia por aproximadamente quatro a seis horas; depois das quais deve ser, eventualmente, colocado de novo nas partes expostas do corpo.

Algumas dicas acessórias:

1. Aprendi que é importante deixar a casa no escuro à noitinha; ao anoitecer, uma lâmpada ligada em casa, ou na varanda, chama uma porção de mosquitos. Acendendo as luzes só mais tarde, a porção de mosquitos que aparece em casa é bem menor.

2. Mosquito, em geral, voa baixo e ataca, de preferência, nossos pés e tornozelos. Uma boa solução para prevenir isso é usar um par de meias à noite.

Jack D'Emilia

Jack D'Emilia

Italiano enraizado no Brasil há mais de 30 anos, gosta de fazer coisas, ler, escrever, fotografar, jogar xadrez, andar em bicicleta e canoa. Morou por mais de 20 anos na Praia da Pipa e, há algum tempo, mudou-se pro Vale do Assu, sertão do RN.

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