Gravado na nascente do rio Potengi, em Cerro Corá, o filme “Renascente”, realizado pelo projeto RAMPA – arte museu paisagem e produzido pela House Cultura, já tem quase 70 mil visualizações desde seu lançamento, em janeiro, no Instagram. Com direção de Gustavo Wanderley e performance da bailarina Ana Cláudia Viana, o curta-metragem dialoga com a ideia de regeneração proposta no projeto de ocupação artística do Complexo Cultural Rampa, em Santos Reis, que abrirá as portas neste ano.
A paisagem é conceito-chave no projeto, um de seus três eixos principais (arte museu paisagem). Ela é percebida não só como um lugar — dada a localização do Complexo Cultural, à beira do Potengi —, mas também como perspectiva filosófica, que abarca tudo e todos que a compõem.
“Uma de nossas intencionalidades na ocupação do Complexo Cultural é chamar atenção para a necessidade do desenvolvimento regenerativo. Não podemos olhar para o Rio que passa em frente à Rampa sem pensar na nascente e por todo caminho que essa água percorre até chegar aqui. Essa foi uma das nossas inspirações para a criação do filme”, explica Gustavo, que também é cocurador do projeto Rampa – arte museu paisagem.
A concepção de “Renascente” foi uma cocriação. Além de Gustavo na direção e roteiro e a performance de Ana Claudia, o trabalho contou com direção de fotografia, captação e edição de André Rosa e trilha sonora original de Dan Cunha.
Foi para a gravação, no final de 2021, que Ana Claudia conheceu a nascente do Potengi. Como inspiração, trazia a ideia de que o rio, tal qual uma serpente, atravessa territórios, sem permanecer em nenhum lugar. “A ideia de ancestralidade foi uma das primeiras inspirações, mas o paradoxo de que o rio ao mesmo tempo que parece frágil consegue ficar enorme ao longo do caminho, algo que não deixa de falar sobre nós e a possibilidade de sermos potência, também nos inspirou”, revela.
A dedicação do Grupo Guardiões da Nascente do Rio Potengi e em especial da guardiã Matilde Costa também trouxeram influências para a obra. “Presenciar o trabalho que é feito com tanta dedicação nesse lugar que deve ser preservado, sem dúvida, foi inspirador para todos nós durante a gravação. O sentimento foi de que a natureza está diante de nós, mas também faz parte de cada um.”
Para Matilde, a obra traz a integração entre arte e natureza e divulga o trabalho que é feito por eles em Cerro Corá para conservação da nascente. “Nosso objetivo é que as futuras gerações possam ver e contemplar o que preservamos. Só a satisfação de poder fazer algo pelo nosso ecossistema já vale muito, então um filme como esse, que leva nosso trabalho para outros lugares, é incrível”, conta.
André Rosa explica que a obra também fala sobre como o corpo se relaciona com o espaço e com a natureza, mas não tem um conceito totalmente fechado. “A gente pensou em diversos caminhos e propostas, mas queremos que as pessoas se sintam livres para perceber suas próprias histórias a partir do filme.”
A obra, com 8 minutos, segue disponível no instagram @rampa.cultura.
Serviço
O quê? Filme Renascente
Onde? Disponível em instagram.com/rampa.cultura