POETA DO DIA: Hudson Lima

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OUTONO DE CHUVAS FORTES

Estava pensando em me tornar um leve e gracioso bailarino, que tivesse o peso de uma pluma em comum com seus movimentos cadenciados, como os do peixe voador, Ah! quem dera, sofrer por uma paixão irreal, imaginária como a fidelidade pura das gaivotas que voam e acasalam aos pares. Tropeço em tropeço, encontro pedras no caminhar sobre abismos transpostos e intransponíveis sobre o vale do amor derradeiro. Chegaria ao entardecer da próxima madrugada, furtivamente, feito um ladrão saltibanco, para roubar o beijo do primeiro olhar com um sorriso franco, escancarado, inconfesso e indecente. Perpetuar-se em um abraço feito de horas de uma ampulheta que não findam nunca. Retorcidas procuras na noite insone, ouve-se um acorde de violino de uma orquestra de cordas e só, marcando os passos do bailado arrítmico, solto como velas ao vento. Vale a pena juntar-se aos loucos em seus devaneios mais profundos, recriar a estória da história contando o milagre do amanhã distante. Quem sabe o contista mentiroso saiba todas verdades da cura de um mal ainda oculto? ou mente para proteger seus segredos? Aquém, muito aquém do infinito particular. acende a chama do eterno amor e o pretenso bailarino desiste de suas performances, ao constatar que o corpo refletido no espelho, tremula movimentos impróprios para seu desejo de ser pássaro migrante na tarde chuvosa de um outono frio e cinzento.

(Hudson Lima)
Redação

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