POETA DA SEMANA: Nildinha Freitas

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Nildinha Freitas é poeta, escritora e historiadora, tem dois livros do gênero poesia, lançados pela Chiado Editora, em Portugal, Brasil, Angola e Cabo Verde, que são: Atenta Ativa e SimplesMente. Além de ter lançado em Dezembro seu primeiro livro de poesia infanto-juvenil EcoAr Amor, pela CJA Editora. A escritora é membro da SPVA-RN (Sociedade dos Poetas Vivos e Afins) do estado do Rio grande do Norte, membro fundador (a) da SPVB- Sociedade dos Poetas Vivos Baixa-verdense, e é membro do NELCP- Núcleo de Estudos em Literatura e Cultura Potiguar, do IFRN.

Nildinha Freitas é nossa POETA DA SEMANA

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A estrela

Eu conheci o fundo do poço,
E profundo ele era,
Mais fundo que o fundo do mar.

Eu conheci a escuridão,
Conheci a mais funda solidão,
E estive sozinha do lado da multidão.

Eu conheci a falta de ar,
O vazio de não saber amar,
E no buraco mais fundo fiquei,
Até o dia em que resolvi voltar,
Com a intenção de ser uma estrela,
E no meio do céu brilhar.

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Eu

Embrulhei-me em papel de presente,
Para você abrir.
Entreguei-me por inteira,
Para você me sentir.
Fiz-me menina nos seus abraços,
Dei-me completamente,
E sem pedaços.

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Chuva fina

Chove chuva fina
Eu sou uma menina
Querendo me molhar.

Chove e leva a saudade
A tristeza
A maldade
E leva essa minha vaidade.

Chove chuva fina
Feito uma cortina que cai lá do céu
Lava minha alma e molha meu véu.

Chove lava esse chão
Limpa o meu corpo
E o meu coração.

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Complexo

Eu já pulei cada abismo,
E já fui do inferno ao paraíso,
Em uma fração de segundos.

Eu quase que mudei o mundo,
E já fiz muita gente acreditar,
Que poderia o mundo mudar.

Eu já fui a marte e a júpiter,
Só na imaginação,
Mas nunca sai dessa terra,
E nem tampouco desse chão.

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Entrega

Mostra-me o que tem na sua mala,
Se é um livro de poesia,
Ou é a sua autobiografia.

Mostra-me o que tem ai dentro,
No seu pensamento:
É sorte, amor e vida,
Ou é morte e lamento?

Mostra-me a sua cara,
Não cubra mais o seu rosto,
Diga-me para que veio,
E deixe de alvoroço.

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Fevereiro

É fevereiro,
É frevo na rua,
Alegria na avenida,
E no corredor da folia,
Tem vida.

É festa da boemia,
Gente dançando,
É frevo,
É samba,
Batuque dos tambores,
É o encontro dos amantes,
Amores.

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Democraticamente

É tanta pedagogia,
Sobre a correta democracia,
Uma hipocrisia,
Um discurso desconexo,
Sem nexo,
Sem rota,
Sem caminho certo.

Muita gente se dizendo possuidor do mapa,
Àquele que traça o caminho do tesouro,
E do lugar onde fica todo o ouro.

Muita gente que se diz capaz de sanar a fome,
Essa fome que mata nas ruas os desprovidos,
Os sem teto,
Os sem prato,
Os que vivem à beira do esgoto,
E que mesmo sendo humanos,
São tratados como ratos.

É tanto discurso preparado com cuidado,
Cujo lema e tema é a abolição do povo,
Que sem algemas repetem a cena da sujeição,
E da total e absoluta submissão.

Democraticamente,
Somos forçados a engolir,
A botar pra dentro da gente,
O que vomitam por ai.

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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