Peça perde patrocínios, lota Teatro e promove sessões extras neste FDS em Natal

a mulher monstro

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No último final de semana, a peça A Mulher Monstro perdeu os patrocínios por abordar artisticamente declarações polêmicas do agora presidente Jair Bolsonaro. Mesmo assim, ainda recebendo ataques, o ator e diretor José Neto Barbosa manteve as apresentações. Após expor a situação na internet, em véspera de eleição presidencial, o espetáculo esgotou o Teatro de Cultura Popular no bairro do Tirol. Agora, realizará sessões extras nesta sexta e sábado, às 19h.

PEÇA PREMIADA

O espetáculo foi vencedor do Prêmio Cenym de Melhor Monólogo do Teatro Nacional pela Academia de Artes no Teatro do Brasil 2017. Fala da discriminação social, do preconceito e da busca pelo respeito. Trata a atualidade política e social do Brasil através da figura de uma burguesa perseguida pela própria visão intolerante da sociedade, sem saber lidar com a solidão e as relações num tempo de ódio, corrupção e golpes vistos sem vergonha.

MULHER MONGA

Postagens das redes sociais foram a partida para a construção da peça, uma colagem de falas reais de figuras públicas (artistas, políticos, jornalistas parciais, líderes religiosos) e também de anônimos, É inspirado na “Mulher Monga” dos parques e circos nordestinos de um passado recente, presente no imaginário popular, como uma forma poética de transpor o que realmente deve ser considerado como monstruoso, denunciando as posições de opressão, assédio, egoísmo e medo, abordando as questões de gênero e o papel da mulher na sociedade, que mesmo quando reprodutora do machismo ainda sim é a maior vítima.

Desde 2016, o espetáculo realizou exatas 50 apresentações e tem feito público em diversas regiões do país, agradando a crítica especializada em festivais e mostras nacionais e internacionais. Já passou por Porto Alegre, Ponta Grossa, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Trindade, Exu, Caruaru, Recife, João Pessoa, Natal e Mossoró.

A MULHER MONSTRO É INSPIRADA EM CONTO

O processo de construção da peça começou em 2015, junto à efervescência crise política do país. A peça também é inspirada no conto “Creme de Alface” de Caio Fernando Abreu – escrito em plena ditadura militar, mas ainda tão atual. Por causa do regime da época, o conto de Caio F. só foi publicado em 1995. Poucos anos antes de falecer, o escritor fez única posição e registro encontrado sobre a obra:

“O que me aterroriza neste conto de 1975 é a sua atualidade. Com a censura da época, seria impossível publicá-lo. Depois, cada vez que o relia, acabava por rejeitá-lo com um arrepio de repulsa pela sua absoluta violência. Assim, durante vinte anos, escondi até de mim mesmo a personagem dessa mulher monstro fabricada pelas grandes cidades. Não é exatamente uma boa sensação, hoje, perceber que as cidades ficaram ainda piores, e pessoas assim ainda mais comuns.”

O ator revela: “Essa declaração encontrada durante a criação do espetáculo serviu como título e como base de estudo para que a Cia. assumisse a arte militância como escolha teatral. ‘A Mulher Monstro’ surgiu diante das barbáries sempre lidas e ouvidas de forma tão escancarada no dia a dia e, agora, acentuada nos últimos tempos não só nas redes sociais.

A peça também argui as mais variadas faces da intolerância e do desrespeito: racismo, sexismo, xenofobia, lgbtfobia ou até mesmo a gordofobia. Expondo na cena a discriminação vista e sentida no convívio social, em tempos de defesa do militarismo, de ira e alienação. Inseri também na obra memórias pessoais como subversão das dores e da depressão, num processo documental de minha própria vida.”

S.E.M. CIA DE TEATRO

A S.E.M. Cia de Teatro (Sentimento, Estéticas e Movimento) foi fundada em 2012 no RN. Hoje tem sede em Recife e trabalha de forma itinerante. Surgiu com a necessidade do artista José Neto Barbosa, que também fez sucesso com o seu primeiro monólogo “Borderline” em 2013, oficializar seus estudos e suas experiências nesses 16 anos de trajetória como ator.

Hoje a Cia., além de manter um eixo de capacitação e formação em teatro, também conta com os integrantes Sergio Gurgel Filho (potiguar, iluminador, bailarino e ator há 14 anos), Diógenes Luiz (paulista, também radicado em Nova York/EUA, drag queen, maquiador, cineasta e sonoplasta há 06 anos) e com Mylena Sousa (norueguesa, cineasta, fotógrafa e sonoplasta há 08 anos).

JOSÉ NETO BARBOSA

José Neto é ator desde 2002, além de interprete das artes cênicas, também diretor, arte educador, produtor e gestor cultural. Com “A Mulher Monstro” foi premiado Melhor Monólogo do Teatro Nacional 2017 da Academia de Artes no Teatro do Brasil/Prêmio Cenym, onde em 2015 venceu a categoria Melhor Ator com o solo “Borderline”: nas duas edições concorreu com nomes como Ary Fontoura, Álamo Facó, Marcos Veras, Marcos Caruso, entre outros.

Soma oito prêmios de Melhor Ator entre festivais de cinema e teatro, fora menções honrosas e indicações. Conta com 34 espetáculos em currículo – o mais recente foi o Tributo “Cartola, Simplesmente Divino” que encheu o Teatro Riachuelo em Natal. Foi artista homenageado com Bastão de Molière na abertura do Teatro de Cultura Popular pelo Governo do RN.

Protagonizou campanhas publicitárias de vídeo internacionais e locais, e fez participações em filmes (longas, curtas locais e projetos piloto de seriados nacionais). É o curador/júri convidado do Festival de Inverno de Garanhuns/PE (desde 2017), do FESTIN/RN (desde 2016), FENATA/PR (2016), entre outros festivais teatrais nacionais. Como professor de atuação, ministra oficinas em parcerias com a Fundação José Augusto/RN, Universidade Federal do RN e Universidade Estadual de Ponta Grossa no Paraná.

SERVIÇO

Dias: 02 e 03 de novembro, sexta e sábado, às 19h
Local: Teatro de Cultura Popular (Rua Jundiaí, Tirol)
Ingressos: R$ 40,00 inteira / R$ 20,00 meia ou antecipado

Vendas antecipadas: Site Sympla (crédito – http://bit.ly/mulhermonstro) e na Evidance (à vista, na Av. Salgado Filho)
Duração aprox.: 120 minutos
Classificação: 16 anos.

Redação

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