PASSIONAL
A poesia se derrama, padecida,
encharcando os chãos rachados
pelas ideias desoladas de solidão.
A fala emudece perante o lirismo
dos versos recitados, em rimas,
tímidas de um amor não falado.
Meu espírito anseia por pairar
nas montanhas transfiguradas
de vontades, desejos e paixão
para abarcar os próprios ecos
no silêncio que espanta os monstros
que agoniam, e matam, os sonhos.
Vagueio pelas lembranças distantes,
derramadas em cascatas flutuantes,
que despencam no mar de saudades
legitimando o amuleto cristalino
– e marcado com a cruz sagrada –
de ser para sempre tua.
(Flávia Arruda)