É Copa do Mundo, maior evento do esporte mais popular do mundo, e jogam Argentina e México. A Argentina de Lionel Messi, um dos mais importantes jogadores de todos os tempos e certamente entre os dois maiores da atualidade. A mesma Argentina elevada a desafeto máximo do futebol brasileiro, o nosso antagonista favorito.
Pela janela, ouço os meninos na rua gritarem “um a zero, um a zero”, mas não é ao jogo da Copa que se referem.
É fim de tarde ameno de um sábado bonito, a rua tranquila, boa parte do país em frente a alguma tv ou computador por aí, vidrados, como se o destino da parte escura do mundo estivesse na iminência de ser decidido. A tarde perfeita para ver um jogo de Copa.
Mas o “um a zero” que os meninos comemoram não está sendo transmitido pela tv nem jogado num estádio que brotou no meio do deserto catari, sob o sangue de milhares de trabalhadores.
Estão jogando na rua, com a bola de borracha e traves improvisadas com chinelos e paralelepípedos. Estão decidindo o mundo no meio da rua enquanto o mundo se resolve num campo de outro lado do planeta.
Correm, entregam uma infância inteira no campo impossível, numa tarde que engrossará o caldo da memória entre tantas outras quando, em um futuro ainda imperceptível por agora, recordarem-se de um tempo em que viver era algo tão natural e distante do sofrimento mesquinho de toda a rotina massacrante do universo tacanho em que vivem os adultos.
O sonho dos meninos não se mostra na tv. E a Copa do Mundo é muito, muito maior na cabeça e coração de cada um deles.
CRÉDITO DA FOTO: Luiz Neto
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Tal como o sertão de Rosa
se tornou onipresente,
de forma maravilhosa
a copa ocorre na gente.
Gilberto Cardoso dos Santos