1º Concerto da Orquestra da UFRN acontece neste sábado em 2 sessões

Guido Sant'anna by Carolina Negel

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Um ritual sempre aguardado e que se repete há 10 anos acontecerá neste sábado no auditório da Escola de Música da UFRN. É o encontro dos atuais músicos da Orquestra com o seu público, na estreia da temporada 2019 de concertos. Serão duas sessões com acesso livre, às 18h e às 20h. Ingressos serão distribuídos a partir desta quinta-feira na Coordenação de Eventos da Escola.

10 anos podem não parecer muita coisa, mas em se tratando de grupos artísticos chegar a essa idade no Brasil já quer dizer muita coisa, pois continuidade não costuma ser o nosso forte, ainda mais quando feito de forma contínua.

A Orquestra da UFRN tem muito que comemorar nessa nova fase: duas turnês internacionais, vários ex-integrantes cursando ou tendo frequentado instituições internacionais de ponta e prêmios. “O desafio agora é manter a elevação do nível técnico ao mesmo tempo em que garante a jovialidade”, reforça o maestro André Muniz.

Pensando em elevação do nível técnico, o repertório traz para o concerto de abertura a Sinfonia N. 95 em Dó menor de Joseph Haydn, deste que é chamado o “Pai da sinfonia”. Segundo a musicóloga Laura Ronay “Haydn realizou a síntese perfeita entre a irregularidade dramática pontual e a proporção nas grandes estruturas. A angularidade está presente, os gestos violentos ou inesperados também, porém tudo isso está dentro de uma moldura que ordena as ideias e facilita a compreensão.”

A jovialidade tem como seu representante neste concerto o violinista Guido Sant´anna (foto), finalista do mais importante concurso mundial para este instrumento, o Yehudi Nenuhin Competition. Ele será o solista do concerto n. 1 para Violino e Orquestra de Paganini, obra pela primeira vez a ser executada no Nordeste, tamanha a virtuosidade técnica exigida.

Abrindo o concerto um resgate de Norte-rio-grandense de grande envergadura, mas infelizmente pouco conhecidos em sua própria terra: a abertura Folclórica de Mario Tavares, que se vivo estivesse teria 90 anos.

Confira detalhes das peças deste concerto de estreia da Orquestra da UFRN

Franz Joseph Haydn

Johann Peter Solomon (1745-1815), um influente promotor de shows de Londres, sabendo da morte de Nikolaus Esterházy, o mecenas de Haydn, aproveitou a oportunidade para garantir que este que já era um compositor reconhecido internacionalmente atuasse como compositor e regente de seus concertos em Londres. Haydn passou duas temporadas de concertos por lá.. Durante sua estada em Londres, escreveu seis sinfonias, números 93-98, a serem realizadas sob sua liderança.

Sobre a Sinfonia 95 em Do menor de Haydn

A sinfonia se apresenta em formato clássico com quatro movimentos contrastantes. O primeiro um alegro moderato que tem como base a sequencia de cinco notas que vão-se transformando durante o movimento.

O segundo Andante cantábile em forma de variações mostra toda a capacidade técnica das cordas.

O terceiro movimento Menuet e Trio representa as danças típicas do século XVIII e posteriormente uma seção um pouco mais calma (Trio) interpretada por um violoncelo solo com acompanhamento em pizzicato das demais cordas.

O último movimento é um Vivace, o qual traz um espírito jocoso com fugas e momentos de grande lirismo, mas sempre acompanhado do virtuosismo ao estilo de Haydn.

Concerto para Violino e Orquestra Nº1 em Re maior Op.6

Paganini escreveu seu Primeiro Concerto para Violino em 1816. Foi um enorme sucesso sua estreia em Nápoles em 1819. Ele conta com três movimentos: o primeiro em uma exibição quase ininterrupta de grande virtuosismo para o solista. O segundo, um Adágio lírico, é um belíssimo exemplo de uma construção melódica que muito de aproxima do bel canto. Rossini, o compositor de ópera mais popular da época, teria dito, ao escutar esse movimento, que se Paganini tivesse começado a escrever óperas, “todos estaríamos em apuros”. O último movimento demonstra a especialidade de Paganini: espetáculo com substância.

Guido Sant’anna

Para atuar como solista desta peça de Paganini, a Orquestra receberá um dos mais jovens talentos brasileiros que atualmente despontam no cenário internacional: Guido Sant´anna. Este jovem de 13 anos é natural de São Paulo, tendo iniciado seus estudos no violino aos 5 anos de idade. Atualmente é aluno da professora Elisa Fukuda, financiado pela Cultura Artística.

Em Abril de 2018 conquistou feito histórico inédito, tendo sido não só o primeiro brasileiro / sul-americano a ser selecionado para participar do Menuhin Competition (uma das mais importantes e concorridas competições de violino do mundo), como também surpreendeu a todos consagrando-se finalista (6o. colocado de mais de 300 concorrentes de altíssimo nível). A competição ocorreu em Genebra, na Suíça.

Abertura Folclórica – Mario Tavares

O modus operandi de Mario Tavares em sua Abertura Folclórica obedece ao principio utilizando por outros compositores nacionalistas: uma forma bem delineada, neste caso um Rondo como estrutura, mesclada com passagens de grande complexidade rítmica que contrastam com melodias mito cantáveis.

Mario Tavares (1928- 2003) nasceu em Natal e iniciou os estudos musicais através do violoncelo, estudando com Tomaz Babini. Foi violoncelista da Orquestra Sinfônica do Recife e, a partir de 1947, da Orquestra Sinfônica Brasileira.

No Rio de Janeiro estudou na Escola Nacional de Música, sendo discípulo de Francisco Mignone. Colaborou e estudou também com Cláudio Santoro e Victor Tevah. Foi regente titular da Orquestra de Câmara da Rádio MEC e, a partir de 1960, da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.


FOTO: Carolina Nigel

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Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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