As seis horas de utopia com a volta do Circuito Cultural Ribeira

Circuito Cultural Ribeira

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Ontem, depois de quase cinco anos parados, voltamos a realizar o Circuito Cultural Ribeira. Foi uma imensa cortina de alegria, festa e cultura que embalou o bairro num portal que botou abaixo qualquer realidade que insiste em bater à nossa porta todos os dias.

No alto dos calos, cicatrizes, músculo e equilíbrio emocional desenvolvidos em quase 30 anos de vivência cultural, vi essa volta do CCR como uma oportunidade da comunidade lembrar porque a gente pensou numa atividade como essa há quase 15 anos. É simples: o Circuito Cultural Ribeira é um processo de indução não de como a Ribeira é, mas de como ela DEVERIA SER no seu dia-a-dia. Era assim quando idealizamos o projeto, é assim agora e a luta vai continuar nos altos e baixos do fluxo cultural do bairro. Na expressão jovem dá pra por o tal do “é sobre isso” nesse texto sem culpa.

Quantas pessoas desceram pro bairro nesse domingo? Difícil calcular. Todas os atividades lotadas, numa (a)mostra do excelente desenvolvimento dos nossos artistas na labuta de suas atividades, de um bairro com predileção ao fazer cultural envoltos numa coordenação geral comprometida e atenta para que o ambiente magnético (mas também caótico) da Ribeira virasse uma utopia, um estado de poesia que perdurou até o último acorde do Skarimbó.

O movimento gerou outros movimentos, que vai gerar outros movimentos. A tal da indução que citei acima foi o que de mais interessante aconteceu nessa volta. Para além do que conseguimos programar, dezenas de ações se multiplicaram por conta própria sacudidas com a ideia base do CCR. Como exemplos a Feira do KBÇA junto como o Ribeira Music (no prédio do antigo Armazém Hall) e o Yaras, ambos inaugurados após o plano de trabalho do Circuito ser aprovado, e que fizeram excelente programação própria somando geral ao clima de utopia desse domingo histórico. Cultura é movimento, nossa lema desde sempre.

Finquei o pé produzindo na Ribeira pela primeira vez em 97, no underground do underground, vi de tudo e fiz de tudo até o CCDosol fechar por lá em 2019. Vejo com entusiasmo uma nova geração de produtores e artistas na real revitalização do bairro, aquela feita pelo dia-a-dia, pela atividade que se constrói pelo fogo de querer fazer o rolé. Essa é a chama que o descaso do estado com o bairro não consegue apagar e ela deve ser assoprada por todos. Acreditem, o fogo de empreender na Ribeira é brando e cada faísca que qualquer um conseguir gerar, importa.

A cidade não sabe ainda a força histórica, cultural e energética que tem aquela boca de rio, descaindo no mar. A cidade não aprendeu a consumir a maresia utópica da Ribeira, mas a gente insiste em lembrar que essa onda existe. Cansa? Cansa, claro. É chato ter que rebater fuxico e ciumeira para botar em pé uma atividade como essa? Muito chato. Mas nada supera a sensação de ver o movimento acontecendo na nossa frente e saber que ajudamos a empurrar esse fardo pesado um pouquinho mais a frente.

Viva a Ribeira viva.

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Anderson Foca

Anderson Foca

Músico, produtor cultural, promotor do Festival Dosol e pronto para contar as vivências intensas da música de Natal e do mundo, porque viver é uma trilha sonora ininterrupta.

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