Nova York na palma da mão

PIX: 007.486.114-01

Colabore com o jornalismo independente

Enquanto o avião aterrissa no aeroporto John Kennedy, de Nova York, eu curto, pelos fones de ouvido, a Rhapsody in Blue, de Gershwin. Nenhuma música mais adequada para este momento.

Rhapsody In Blue: Gershwin – YouTube

Daí a pouco, estou numa van em busca de Manhattan. Atravessando o feioso bairro de Queens, tenho na mente uma imagem idealizada de cartão postal. A realidade é bem diferente. Desconcerta.

Quando vejo aquela montanha de arranha-céus cor de tijolo, recortados num céu cinzento e triste… Cadê a sonhada beleza?

Manhattan vertical

Para o turista, Nova York é Manhattan. Fora desta ilha, não há muito o que se ver. Manhattan equivale, em extensão territorial, a uma cidade de médio porte. Está visto, portanto, que Nova York – a maior cidade do mundo, considerando-se toda a área metropolitana – cabe na palma da mão do turista.

É facílimo orientar-se nessa megalópole, cortada simetricamente de ruas, num sentido, e de avenidas, no outro, todas numeradas, exceto a Broadway e mais duas ou três, tendo no centro, de alto a baixo, como espinha dorsal, a 5ª Avenida.

Fico cismado por que o crescimento vertical concentrou-se, assustadoramente, em Manhattan, enquanto as demais regiões – fora uma parte do Brooklin – ficaram na horizontal. Por que? Qual a justificativa urbanística?

Parece-me que, desse ponto de vista, as cidades europeias, crescendo, moderadamente, na vertical, encontraram melhores soluções.

Empire State Building

Na selva de pedra, o Empire State Building é um colosso. Não encontro outra palavra para qualificá-lo. Se hoje causa muita impressão, imagine-se quando terminou de construir-se, em 1931.

Desconfio que ele, tal como outros arranha-céus de Manhattan, constitui-se em monumento que os norte-americanos levantaram em honra de si mesmos.

Nova York para turista ver

Se você não dispõe de tempo, mas quer conhecer Nova York, mesmo pela rama, compre um passe para os ônibus turísticos que fazem a linha – circular – pelos principais pontos turísticos da cidade: Times Square, Empire State, Greenwich Village, Soho, Chinatown (Little Italy ao lado), Battery Park (ferry boat para a Estátua da Liberdade), Píer 17, Ponte de Brooklin, Edifício sede da ONU, Rockefeller Center, St. Patrick’s Cathedral, Museu de Arte Moderna, Central Park, Lincoln Center, Catedral de St. John the Divine, Harlem, Guggenheim Museum e Metropolitan Museum.

Você gastará um dia inteiro para fazer o giro, desde que demore apenas em dois ou três desses pontos.

Eu passei, só no Metropolitan, oito horas seguidas.

A Europa em Nova York

O melhor de Nova York é a Europa… Sim, a Europa que está nos museus. No Metropolitan, por exemplo, há salas e salas transpostas de palácios europeus, um pátio espanhol, a grade do coro da catedral de Valadolid, tanta coisa mais.

Central Park

Do Metropolitan e do Guggenheim (belíssimo prédio) avista-se o Central Park.

Não me animei a embrenhar-me naquele enorme labirinto de alamedas e jardins; o tempo de que eu dispunha, naquela ocasião, não dava para conhecer tudo. Lamentei não ter oportunidade de visitar o memorial, ou coisa que o valha, em homenagem a John Lennon, que fica perto do famoso edifício Dakota, situado à margem do parque, onde residiram Lennon e Yoko Ono.

Babel

Creio que ninguém se sente estranho em Nova York. Cidade cosmopolita, com uma enorme variedade de tipos humanos, provenientes das mais diversas partes do mundo, Nova York acolhe a todos. Nas ruas, nos locais onde estive, entre estranhos, não me senti observado, todos me encaravam como se eu fosse do lugar.

Brasil em Nova York

A presença brasileira vai além da expectativa. Todo o trecho da rua 46, entre as 6ª e 5ª avenidas, é reduto de brasileiros: pequenas lojas, etc. Até ganhou novo nome: Little Brazil Street. Bem próximo, na rua 45, dois restaurantes servem feijoada, farofa, doce de goiaba, e os garçons falam português.

Mesmo fora da Little Brazil, surpreendeu-me a quantidade de patrícios com quem cruzei, casualmente.

Tio Sam xenófobo

Entro numa loja e, antes de indagar o preço de determinado artigo, pergunto, num inglês estropiado, ao vendedor – um ianque típico – se fala espanhol. Ele me olha com desdém, com raiva, e responde negativamente. Nessa reação espantosa percebo toda a xenofobia, todo o ódio aos hispânicos.

Centro nervoso do mundo

De vez em quando, uma sirene corta ruas e avenidas em disparada. Cidade neurótica.

Cidade cultural

P.S. – Desnecessário dizer da excelência da programação cultural. Coisa óbvia. – Espetáculos na Broadway, ópera, concertos, jazz, etc. Mil e uma opções

Manoel Onofre Jr.

Manoel Onofre Jr.

Desembargador aposentado, pesquisador e escritor. Autor de “Chão dos Simples”, “Ficcionistas Potiguares”, “Contistas Potiguares” e outros livros. Ocupa a cadeira nº 5 da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

WhatsApp
Telegram
Facebook
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidas da semana