MADA 2017: a força dos festivais autorais e a vitalidade da música contemporânea

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Foram 16 horas de muito som alimentando a alma e o corpo; 15 atrações artísticas e mais de cem músicos envolvidos, tocando para uma plateia numerosa, que se divertia atenta aos trabalhos inovadores que surgiam a cada troca de palco. Duas noites de música, paz e atitude que só reforçam a longevidade do festival MADA – Música Alimento da Alma, como um dos mais relevantes do eixo Nordeste-Norte.

Dusouto

O Festival MADA realizou a edição de número 19, na sexta e sábado dias 29 e 30, apresentando uma das melhores escalações desta década: Baiana System, Pitty, Baco Exu do Blues, Karol Conka, DuSouto, Eliano, Nando Reis, Banda Uó, Kung Fu Johnny, Seu Ninguém, Plutão Já foi Planeta, Deb And The Mentals, Carne Doce e Mahmundi apresentaram trabalhos inéditos por aqui.

Entre aqueles cujas carreiras estão consolidadas e as bandas mais novas, todos os shows foram marcados por convidados, pelo capricho na produção, projeções audiovisuais, apresentações seguras e interação com a plateia. Exemplo de que a música brasileira tem talentos para além do que se vê no showbusiness popular. Tudo isso oferecido ao público com estrutura, segurança, acessibilidade e inclusão.

Um MADA sem barreiras físicas ou de linguagens. E o público sabia de cor cada música apresentada, cada refrão. Na sexta-feira, o cantor pauferrense Eliano abriu o festival com um show coeso. No palco, acompanhado de uma banda experiente, valorizou ainda mais sua poesia folk.

De São Paulo, Deb And The Mentals mostrou ao vivo que é mais que uma promessa do rock. Na sequência veio Seu Ninguém, sexteto local que começa a fidelizar o público próprio. Baco Exu do Blues chegou da Bahia para mandar sua mensagem potente, engrandecendo o novo rap nacional.

Das rimas aos sintetizadores ensolarados, Mahmundi confirmou ao vivo que é uma estrela em ascensão. Descontraído e em casa, a Plutão Já Foi Planeta mostrou que já tem nome consolidado. O público cantou junto neste show que trouxe um apanhado dos dois discos. A vocalista Natália Noronha levantou a bandeira da diversidade contra a homofobia diante da polêmica “cura gay”. No encerramento emocionante, promoveu um beijaço com 20 convidados no palco.

A banda Uó transformou a Arena em um bailão irreverente, com pegada funk, brega e muito escracho. Na plateia, todo mundo dançou até o chão.

Nando Reis fechou a sexta-feira com a competência que lhe cabe como uma estrela do pop brasleiro, com três décadas de carreira. O show recheado de hits autorais (“Nos seus olhos”, “Os cegos no castelo”, “Relicário”, “Marvin”, “All Star”), parcerias (“Dois Rios” e “Sutilmente”, dele com Samuel Rosa) e canções novas do álbum Jardim Pomar (“Inimitável”, “Só posso dizer”, “Nos seus olhos”). Jogo ganho.

UM SÁBADO PARA FICAR NA MEMÓRIA

A noite de encerramento da 19ª edição do festival Música Alimento da Alma – MADA -, foi uma bem resolvida celebração à diversidade. O mote do evento para 2017 também se refletiu no palco, espaço por onde passou uma colorida variedade de música contemporânea. Diversidade que reflete os gostos, estilos e hits de uma geração que se move por redes sociais, blogs, sites de streaming, rádios virtuais, e demais canais por onde a música se espalha hoje em dia. Parte dela esteve no festival.

Em um sábado de vários embalos, a noite começou com o vigoroso rock garageiro do Kung Fu Johnny. O trio natalense demonstrou o mesmo pique de sua apresentação no Rock in Rio deste ano. Uma volta ao MADA com moral elevada. Em seguida, a incensada banda goiana Carne Doce embalou a plateia com seu rock cheio de camadas sonoras psicodélicas e melodias envolventes. A vocalista Salma Jô, autora de letras poéticas que são marca do grupo, declama, canta e dança com a animação que o rock exige.

Os “reis da noite” natalense, DuSouto, fizeram o primeiro show oficial do novo álbum, “Conecta”, que continua a habitual mistura eletrônica/jamaicana/brasileira que faz a delícia dos fãs. Mesmo que “Conecta” seja um pouco mais denso que os discos anteriores, o show manteve o astral típico, entre a séria “Armagedom” e o velho hit “Cretino”.

Karol Conka voltou para sua terceira apresentação no MADA. Com mais tempo e (ainda) mais hits à disposição, a MC teve a plateia na palma da mão. Rimou, embalou, fez brincadeira de lipsync (dublagem), afrontou e tirou onda na medida que seu público gosta. E repetiu o encerramento com Amy Winehouse do ano passado – “a pedidos por inbox”, brincou.

Pitty, também velha conhecida dos palcos do MADA, fez a sua apresentação mais eclética. A cantora, que sempre gostou de citar outras canções de rock em suas músicas, ampliou o repertório. Vieram citações a “Asa branca”, de Luís Gonzaga, “Dê um rolê”, dos Novos Baianos, uma versão de “Respect”, de Aretha Franklin, com participação de Karol Conka, e de “Duas Cidades”, com o conterrâneo Russo Passapusso nos vocais. Ao lado das versões, os velhos hits como “Me adora” e “Máscara” fizeram a alegria dos fãs.

O festival encerrou com o catártico carnaval cyberpunk do Baiana System. As imagens do palco ao lado de um som grave, dançante e ao mesmo tempo pesado ofereceram hipnose coletiva à plateia. A identidade visual do Baiana é forte. Não à toa, todos queriam as famosas máscaras.

Russo Passapusso é um frontman cheio de carisma, que atravessa as fronteiras entre o MC, o cantor de rock e o puxador de trio elétrico, encarnando todos ao mesmo tempo. Levou o público para onde quis, e formou as populares “rodas”, onde o pogo punk encontra o “tira o pé do chão” carnavalesco. O público quis bis, mas até o carnaval do Baiana tem seu fim. Quem sabe ano que vem?

O Festival Mada contou com patrocínios da Vivo, Skol, Coca-Cola e Café Santa Clara através da Lei Câmara Cascudo do Governo do Estado do RN. E da Arena das Dunas por meio da Lei Djalma Maranhão da Prefeitura de Natal.

Redação

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