Igapó de ruas e vielas cheias de histórias

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Um dos “chãos” de ocupação mais antigos de nossa cidade, o bairro de Igapó guarda em seu solo a memória dos povos originários que primeiro habitaram as terras natalenses. Porta de entrada da região norte, caminho para o interior do estado.

Tem na estrada de ferro, nas duas pontes e no rio Potengi seu elo de ligação com os outros bairros de Natal. A antiga ponte de ferro (memória corroída com risco de “tombar”) é o marco da expansão urbana.

O 20 de abril de 1916, marca no calendário a inauguração da Ponte sobre o rio, um grande feito da engenharia na época. São 550 metros ligando as regiões da cidade.

Igapó, a Aldeia Velha. Território da ocupação dos índios Potiguaras. Ao lado do bairro Salinas e da Redinha, era lugar de habitação do aldeamento de Felipe Camarão e Clara Camarão, importante polo de resistência e aliança com os portugueses. E aqui cito o historiador Spencer, como provocação, mesmo, sobre o silenciamento da ocupação dessa região pelos povos originários.

“Em meio a tantos patrimônios tombados a contar a história da cidade, nenhum lembra os indígenas que habitavam esses chãos. Nenhum dos poderes públicos representativos da sociedade – quer nacional, estadual ou municipal -, preocupou-se em preservar, proteger e manter qualquer marco da existência dessa etnia no local.” (SPENCER, Walner Barros. Era do silêncio. Natal: Sebo Vermelho, 2010, p.152-153).

Andar por ruas e vielas da urbe é encontrar memórias guardadas em antigos “álbuns”, Igapó é um destes lugares repletos de “álbuns de afetos”. Lembro, para finalizar, minhas andanças entre o Círculo Operário, a Igreja Santa Cruz e a Praça São Vicente de Paula, nesta praça inclusive existia um “minizoológico”, lugares a dizerem de uma comunidade e suas resistências. Antes da década de 1940 pertencia ao município de São Gonçalo do Amarante, depois de 1943 com a expansão dos limites da capital potiguar, é incorporada a Natal.

Nos anos de 1960 chegou a energia elétrica abrindo novos horizontes de crescimento populacional, e, hoje inserida na Zona Norte, uma região em permanente desenvolvimento socioeconômico.

A história de Igapó é um caminho a ser percorrido e seu Patrimônio Cultural requer um olhar atento por parte dos órgãos gestores das políticas públicas referentes à preservação do Patrimônio.

Igapó, tem história!


Foto: Canindé Soares – Vista parcial da Praça São Vicente de Paula – 1980 – acervo A República

Luciano Capistrano

Luciano Capistrano

Amante da história urbana de Natal. Uma das alegrias é as caminhadas “dialogadas” entre ruas e becos da cidade de Câmara Cascudo. Atualmente, além da História vivo entre meus pecados poéticos e a fotografia.

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4 Comments

  • MILTON CARLOS NOGUEIRA DE OLIVEIRA

    Queria ver algo da pracinha de igapó na época que existia um pequeno zoológico. ! Não lembro o nome do proprietário mas me encantava quando criança com tantos animais era muito massa 🙏 anos 80 eu acredito

    • MARIA NEUMA VARELA BACURAU

      O idealizador e criador do zoológico da pra de Igapó, foi meu tio, Luiz Rios Bacurau. A Praça hoje nomeada Padre Tiago Theisen, uma homenagem do Vereador Nivaldo Bacurau, meu irmão e tb sobrinho de Luiz Bacurau, nascido e domiciliado até hoje no bairro de Igapó.

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