Hey, Growlerista, saudações!
Hoje vamos falar de um tema correlato ao mundo cervejeiro e não propriamente de cervejas ou de estilos. O papo cultural de hoje será sobre um item acessório no mercado cervejeiro que vem crescendo ultimamente, mas que, ainda assim, é um tanto quanto desconhecido do grande público. Vamos falar do growler (pronuncia-se “gráuler”).
E você, caro leitor, sabe o que é um growler? Sabe como usar? Como higienizar? E quais as vantagens de se ter um?
Vamos descobrir adiante.
Para que serve um Growler?
Growler não é nada de outro mundo, é um recipiente, que pode ser feito dos mais diversos materiais, que serve para armazenar cerveja. Dito desta forma, pode parecer algo sem tanta utilidade ou soar deveras genérico.
Todavia, não é um simples receptáculo para o líquido sagrado das multidões, já que seu armazenamento, sua manutenção e suas finalidades podem ser bem variadas de acordo com o intento de cada um.
Para ser um pouco mais didático, o growler não serve para armazenar propriamente o que considera ser cerveja nos moldes mais coloquiais, ou seja, o líquido já engarrafado ou enlatado. Na verdade, o growler serve para armazenar e transportar o que usualmente é chamado de “chopp” aqui no Brasil.
Apesar de tecnicamente chopp não designar um estilo de bebida diverso da cerveja, temos no imaginário popular que quando ele é servido de um barril, através de uma torneira estamos tomando um chopp, mas se esse mesmo líquido está engarrafado ou em uma lata, chamamos de cerveja.
Também foi passada a falsa ideia que toda cerveja (em garrafa ou lata) é necessariamente pasteurizada (algo incorreto) e que por isso durariam mais do que o líquido em forma de chopp (apesar de imprecisa, podemos considerar, de modo geral, que essa assertiva é correta).
Assim, essa diferenciação entre cerveja e chopp, apesar de não ser dotada de nenhum critério técnico ou científico, acabou por ser propagada por todas as mesas de bares no Brasil.
Fazendo essa breve distinção, temos como resultado que não haveria serventia alguma abrir garrafas e latas e despejar em um growler (a não ser que o intuito fosse meramente concentrar uma maior quantidade de líquido para transporte, mas não parece ser uma das ideias mais brilhantes a se ter, já que, em maior ou menor medida, uma parte do frescor do líquido seria sacrificado nessa operação).
Assim sendo, o uso mais “tradicional” de um growler é de se ter uma porção menor de chopp (menos que um barril, e algo entre 1 e 2 litros e meio) armazenado para consumo de curto prazo.
Assim, sua utilização é das mais variadas possíveis, pode servir para poder beber por litro em locais que servem essa porção maior, ou até mesmo para ser retirado nos pubs e nos bares que servem essa quantidade, mas não permitem o consumo dessa quantidade no próprio local.
Por questões de políticas comerciais, alguns bares restringem esse tipo de consumo (que sai mais em conta para o consumidor) apenas para a retirada, então é necessário se ter um growler para fazer o transporte do líquido até a sua casa, ou para praia, para montanha ou para sua casinha de sapê.
Materiais de que são feitos os Growlers
Existem growlers de todos os tipos, tamanhos, volume, estilos, materiais e para todos os bolsos também. Tal como o mercado cervejeiro é amplo em seus mais variados estilos, os growlers também o são.
Os principais tipos de growler são o growler pet, o de vidro, o de cerâmica e o de alumínio. Mas não estranhe se por acaso você achar um growler banhado a ouro e cravejado com cristais da Swarovski, existe ostentação para tudo nesse mundo, e o que não falta é beer geek querendo pagar de “diferentão das tapiocas”.
O growler pet é o que há de mais acessível no mundo dos recipientes cervejeiros. Na verdade, é apenas uma garrafa pet comum, não utilizada previamente, que se vale para colocar cerveja e depois é lacrada com uma tampa de vedação.
É o mesmo mecanismo utilizado para conservar e transportar refrigerantes, por exemplo. Este é o tipo de growler mais barato, custando entre dois e cinco reais (caso Mammon ainda não tenha dado o ar da graça e tenha tido a brilhante ideia de inflaciona-los também) e são facilmente encontrados em lojas de conveniência, bares e pubs.
Praticamente qualquer local que encha growler vai ter um desse modelo para disponibilizar ao consumidor, dada a sua praticidade, custo e facilidade no manuseio. Talvez você já tenha visto algum perto de você.
Um dos pontos negativos nesse tipo de growler é que por ser feito de plástico, ele possui uma vida útil bem reduzida, isto é, são descartáveis e sua reutilização não é nada recomendada.
Ademais, alguns também dizem que a vida útil do líquido nos pet growlers é menor, essa assertiva por si só, não é plenamente verdadeira, pois outros elementos podem também influenciar nisso, como a forma de preenchimento e a vedação utilizada.
Os growlers de vidro também são bem comuns e possuem um custo relativamente baixo, transitando entre 20 e 40 reais para os mais comuns, e algo entre 50 e 70 reais para os mais elaborados, com arte ilustrativa e fechamento flip-top.
Por falar em formas de fechamento, existem duas formas usuais de fechamento, com rosca e presilha ou com flip-top. Os que fecham com rosca e presilha parecem aqueles remédios de antigamente, que fechavam na pressão. Já os com fechamento flip-top acabam tendo uma vedação melhor em virtude do mecanismo físico utilizado para imprimir mais pressão na boca da garrafa.
Os growlers de cerâmica possuem mais ou menos a mesma dinâmica de armazenamento e fechamento dos de vidro, sendo suavemente mais caros. Todavia, há quem argumento que os growlers de cerâmica conservam a bebida por um tempo superior aos de vidro, devido a menor interação desse material com a cerveja.
Os growlers de alumínio/aço são de longe os mais caros, mais bonitos, mais sofisticados e com mais recursos também. São aqueles growlers “top” e que precisam de bolsos mais recheados, já que os mais baratos e simplórios começam custando a partir de 70 mensalinhos e os mais caros podem vir a custar quase o valor de um deputado do centrão para reforçar sua bancada, chegando a absurdas 700 laranjadas (preço dos exemplares que vêm inclusa a torneira ajustável e também com injetor de CO²). Coisa para parlamentar mesmo.
Quanto tempo dura a cerveja no growler?
Para o tópico por ora levantado, simplesmente não existe uma resposta objetiva e concreta, então, a melhor resposta para esses casos é: depende. Existem alguns fatores que vão influenciar a qualidade do líquido armazenado, podendo fazer com que ele dure mais ou menos.
Como já brevemente antecipado, o material de que é feito o growler já dá um leve indicativo de quanto tempo a sua cerveja durará e por quanto tempo ela manterá o frescor em seu ápice.
Certamente, uma cerveja em um growler pet não vai durar o mesmo que a mesma cerveja mantida em um growler de alumínio que tem injetor de gás carbônico. Esse paralelo equivale a comparar um Fusca com uma Ferrari, simplesmente não dá. Assim, pode-se considerar que o material do qual o growler é feito já afeta a durabilidade do líquido.
Além disso, outro fato que será determinante para a durabilidade da cerveja a ser armazenada é a forma como o growler será enchido. Ele pode ser enchido diretamente no bico da torneira ou com a técnica denominada de contrapressão.
Diretamente no bico da cervejeira, o rendimento será menor, a quantidade de espuma será infinitamente maior, e a durabilidade do líquido será deveras reduzida. Até mesmo a pressão sob a qual o líquido virá a ser mantido será menor, logo, menor será seu tempo de vida útil.
Quando o growler é enchido na contrapressão todos esses elementos são invertidos, tem-se menos espuma, maior pressão e um rendimento bem superior.
Com esses dois fatores combinados, temos o resultado que a durabilidade do líquido dependerá do material de que é feito o recipiente e também como ele foi enchido. Recomenda-se, de modo geral, que a cerveja seja consumida em até 7 dias corridos.
No entanto, a depender dos fatores citados, é possível que esse prazo seja estendido, e quiçá, até mesmo, dobrado sem alteração significativa de aroma ou de sabor.
Como fazer a higienização?
Um dos argumentos mais fortes em prol do uso e da disseminação dos growlers é o fato de ele ser um produto ambientalmente sustentável. Isso porque ao invés de se utilizar de insumos descartáveis, como garrafas e latas (exceto no caso do growler pet), os growlers acabam sendo retornáveis, basta fazer o asseio mínimo que ele estará ponto para ser utilizado e reutilizado quantas vezes quiser, aumentando a vida útil do recipiente e poupando o meio ambiente de toneladas de dejetos.
Todavia, para tanto, é necessário fazer o devido asseio e higienização dos growlers, que, apesar de simples, é algo que nem todo mundo atenta.
Apesar de algumas pessoas indicarem apenas água corrente ou água e detergente neutro para a higienização, o mais correto é utilizar álcool 70% líquido ou ácido paracético 1% com água para fazer a correta assepsia. E depois deixar o vasilhame secar por inteiro.
Esse processo pode ser efetuado também com água quente para que se tenha uma maior eficiência no combate às bactérias. Lembrar apenas que se for utilizada água quente o growler não pode ser colocado em uma superfície fria sob o risco de haver choque térmico e rachar.
Além disso, os demais acessórios do growler como presilhas e tampa devem ser igualmente lavados e limpos.
A Saideira
Os growlers ainda não têm seu uso tão disseminado no Brasil, principalmente em Natal. Muitas pessoas que começaram a se interessar por cervejas artesanais recentemente ainda não os conhecem e nem os usam. Por isso é importante trazer essas informações ao grande público e disseminar mais essa peculiaridade da cultura cervejeira.
A grande vantagem de se ter um growler é poder adquirir sua cerveja em uma quantidade maior e pagar um preço menor por isso, além da facilidade de transportar e levar sua cerveja bem fresca para onde você quiser. Temos, portanto, praticidade e economia em um único acessório.
Música para degustação
Hoje não teve nenhuma cerveja específica para ser degustada ou algum estilo para ser analisado, mas isso não quer dizer que não há música recomendada. Pelo contrário, a recomendação de hoje vale para que você coloque qualquer cerveja boa no seu growler e se delicie.
A recomendação é a música Song to Say Goodbye. A versão (cover) em single foi lançada em 2021 pela banda alemã Harakiri For The Sky, que, na verdade, é um clássico da banda britânica Placebo.
Qualquer boa cerveja que você já bebeu em lata ou garrafa pode ficar muito melhor em uma nova roupagem no growler, tal como essa ótima música, um hino do Britpop que foi revisado sob a égide do Post-BM.
Cheers! Ein Prosit!!
2 Comments
[…] Tal qual a cerveja #1, o segundo melhor álbum do ano também já deu as caras por aqui (quando falamos de Growlers). […]
[…] Beber e degustar cervejas envolve algo mais litúrgico, e é nesse ponto que entra a questão de como a bebida é servida: isto é, vertida no copo ou acondicionada nos growlers (sobre esse tópico em específico, clique aqui). […]