Felipe Nunes é cantor, compositor, poeta, artista gráfico, historiador e mestrando em antropologia social. Sergipano, radicado em Natal (RN) há mais de 7 anos, integrou a trupe de poetas que organiza o Sarau Insurgências Poéticas que se notabilizou nos últimos anos pelos saraus multi artísticos promovidos no Rio Grande do Norte e Nordeste.
Já há algum tempo é possível acompanhar seu trabalho musical na noite potiguar. Além de suas próprias canções, Felipe dedica-se a dois projetos coletivos: o Agô, que faz releituras de canções da música brasileira influenciadas pela sonoridade afro-brasileira, e a Tríade Rebelde, dedicada a fazer releituras de clássicos da música latino-americana.
Esta sexta-feira foi a data escolhida para o lançamento de Mandinga, uma das músicas que estará presente em seu primeiro registro de estúdio: o EP Entropykos. O trabalho é mais um lançamento do selo potiguar Rizomarte Records e vem sendo produzido ao longo de 2019 pelo produtor musical Pedras (Igapó de Almas e Luísa e os Alquimistas). Sobre o universo temático da canção – disponível em plataformas de streaming a partir desta data – Felipe comenta:
“Mandinga nasce da necessidade de cantar aquilo que alimenta a nossa força para encarar os desafios dessa terra tropical em permanente transe. Mandinga é amuleto, feitiço, proteção. Vem de longe. O antigo reino do Mali, também fora conhecido como reino Mandinga. Lá, alguns guerreiros/as entre travessias e guerras, carregavam apenas seus amuletos para proteção nos combates. Na travessia pelo atlântico, trouxeram consigo seus ensinamentos e amuletos de proteção para resistir a realidade absurda das correntes da escravidão colonial. A afro-diáspora espalhou a sabedoria dos mandigueiros. A capoeira absorveu. Todo bom capoeirista precisa da “Mandinga” para observar com atenção, agir na hora certa, se esquivar para contra-atacar. Saber cair, para rapidamente levantar. A luta está longe de terminar. O jogo só termina quando acaba de jogar. Mandinga. Impulsos sonoros liquidificados. Lembrar nossa força, de onde viemos. Abrindo nossos caminhos, fechando dos inimigos! Saravá!”
Entropykos
O EP Entropykos contará com a música Mandinga e mais quatro canções inéditas, que transitam por diversas influências rítmicas e sonoras numa mistura de psicodelia tropicalista, grooves de funk, ijexás, afoxés, rock n’ roll e música eletrônica.
O EP trará na sonoridade e na escrita uma forte carga de ancestralidade negra e indígena que ancoram e norteiam a formação musical e pessoal do cantor e compositor.
A direção artística conta com Henrique Lopes (Igapó de Almas), também responsável pelos sintetizadores, e Pedras Leão (Igapó de Almas e Luisa e os Alquimistas), que assina a produção musical e contrabaixo. As percussões ficaram sob o comando de Kleber Moreira (Rosa de Pedra e Orquestra Greiosa).
Além disso há participações especiais, entre elas Heather Dea Jennings (Flauta), Tiquinha Rodrigues (Rabeca), Rafael Mello (Guitarra) e Walter Nazário (Guitarra). O lançamento do material completo está previsto para o início de 2020.