Está aberta na Galeria do Departamento de Artes (DEART) na UFRN, a exposição “Experiências poéticas: corpo, espaço e cotidiano”, que aborda temas como direito à cidade e experiências urbanas, sob a perspectiva dos alunos de Artes Visuais. Sobre a exposição, a professora e orientadora Jéssica Bittencourt. assim descreveu:
Por Jéssica Bittencourt
Quantas realidades habitam a cidade de Natal? Difícil precisar, pois cada pessoa a percebe, significa e a vive de maneira diferente. Tecemos percepções diversas, fragmentadas, que nos atravessam cotidianamente.
O nome da exposição não poderia ser outro, deveria sintetizar as nossas descobertas ao longo desse período de troca de conhecimento. A palavra experiencia vem do latim experiri, que significa provar. O radical é periri, de periculum, perigo. A palavra experiencia tem a dimensão de travessia, e, portanto, representa o risco. E enquanto professora e aprendiz, confesso que não sabia aonde íamos chegar. Saímos de nossa zona de conforto para entender um tema no qual toda a turma se sentisse desafiada, uma abordagem que partisse de algo primordial que todos temos em comum: o cotidiano, dimensão que não podemos escapar, esta que se desenrola incessantemente a partir da relação entre o corpo e o espaço e que, com frequência, na cidade e ritmo do projeto neoliberal, nos engole.
A palavra poética, na etimologia grega poiesis, significa criação. A experiencia poética é, portanto, uma situação de experimentação por campos em que os resultados não são previsíveis. É na iniciação de um processo em que algo pode ser criado. Ao longo desse quase um ano de trabalho coletivo conduzindo o grupo só posso dizer que estou muito contente aonde chegamos!
A exposição Experiencias poéticas: corpo, espaço e cotidiano, discute e significa a experiência do habitante da cidade de Natal sob a perspectiva dos alunos das turmas de Desenho Artístico I e Geometria Gráfica. Dessa forma, ao mesmo tempo que atua como denúncia da contradição em torno do modo de viver urbano, da fragmentação do corpo e do espaço, a exposição retrata a capital potiguar a partir de uma expressão gráfica inédita, reportando-se às adversidades das cidades contemporâneas.
Experiencias poéticas: corpo, espaço e cotidiano é, por todas as questões sociais e espaciais que evidência, relevante às discussões sobre urbanidade, sensível em sua narrativa imagética, e notável pela experiência psicológica e sensorial que proporciona.
Agradeço aos meus alunes pela entrega nesse processo, vocês arrasam!
OBS: A exposição também contou com a colaboração do artista visual Marcone Soares, recém-formado pelo Deart-UFRN, ao trazer uma oficina que dialogava o tema do corpo no espaço urbano.