A exposição ‘Um Outro Mundo’, do artista plástico Eduardo Alexandre Garcia, o Dunga, está aberta à visitação no Salão Nobre da Assembleia Legislativa do RN, logo ali na entrada. São 18 obras em acrílico que estarão expostas até esta sexta-feira (20). No local também acontecerá, nesta terça,feira, às 14h, o relançamento do livro “Das lagoas azuis ao Ponto Negro: minha cidade Natal”, do mesmo autor.
Sobre a exposição de Eduardo Alexandre, deixo as palavras do poeta, agitador cultural e colecionador de artes Plínio Sanderson:
Por Plínio Sanderson
POLIPOLARIDADE DO OLHAR
“Tudo que existe na obra de arte, na verdadeira obra de arte, é o mundo – e o vestígio dele capturado entre os dedos do artista” (Merleau Ponti).
Amálgama da Arte na cidade do Natal, Eduardo Alexandre é ícone insurgente na ontológica Galeria do Povo, bendita praia dos Artistas. Quantos poetas, artistas eclodiram naquele que servia de point e ponte para aquela geração sufocada pelas agruras da ditadura?
Dunga, como é conhecido nas ruas e becos dessa província submersa, é um gigante que ecoa sua verve em várias nuances da criação: poeta, escritor, jornalista, agitador cultural, atualmente, coleciona e perpetua recortes da cidade onipresente com sua máquina fotográfica, arqueólogo imagético dos fatos e personas da/na cidade.
Ao cerne, sua vastíssima obra enquanto artista plástico é simplesmente perturbadora, desde fim dos anos 70 do século passado, já realizou mais de 500 exposições de rua e em espaços públicos. Afirmei outrora: a Pintura de Eduardo Alexandre não cabe em Natal. Tem que sair de nossas fronteiras, mostrar-se ao mundo…
“Nada como um sopro de ar fresco numa sala repleta de miasmas”, vaticinou o crítico Marcílio Farias. Nonada igual na pictografia Eduardiana. Técnica táctil, aplicação gestual as tintas, um pintar acariciando as telas num transe estético – nada estático. Suas exuberantes obras são peças oníricas, afinal, qual função da Arte se não destruir a brutalidade da matéria? Domador de pigmentos que desemboca no mais absurdo Abstracionismo (ou seria Expressionismo Abstrato?) que levam a caminhos nunca dantes vistos por olhos in-sensíveis.
Sua Arte Possibilista, abre as portas da percepção, como coisas vivas que pululam/pulsam aos olhos absortos e extasiados. Nada é o que parece ser, aliás, seres brincantes/fulgurantes na imaginação, ressaltam e se escodem no lusco-fusco do inconsciente, numa intrigante polipolaridade cromática que desperta olhares cansados das mesmices cotidianas.