As doenças de Salvador Dalí

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Na década de 1940, Dalí foi considerado pela crítica o melhor pintor acadêmico vivo. O próprio artista expressou que o seu intuito era recuperar a técnica de alguns dos velhos mestres da pintura, entre os quais estava Rafael, um dos seus ídolos. Em 1944/45, Dalí pintou a tela Galarina que se encontra no Teatro-Museu de Figueras, um retrato especial da sua mulher Gala, em honra à tela La Fornarina, de 1518, obra do pintor renascentista Rafael. Em Galarina, Dalí mostra seu modelo com o seio esquerdo desnudo, mas o jogo de cores e o contraste de claro/escuro retiram o tom erótico da figura e lhe conferem uma visão maternal. Os experts da obra daliniana afirmam que a formosa mulher Gala é responsável por cerca de um terço da produção do famoso pintor catalão.

Por abordar o inconsciente, o livro “A interpretação dos sonhos”, de Sigmund Freud, exerceu forte influência na vida e na obra de Salvador Dalí. O escritor Stefan Zweig, grande amigo de Freud, em seu livro “Autobiografia: mundo de ontem”, registra:  “Uma vez, em uma das minhas últimas visitas a ele, levei Salvador Dalí comigo, na minha opinião o pintor mais talentoso da nova geração, que venerava Freud incomensuravelmente”.

Rebelde e polêmico, em 1926, Dalí foi expulso da Academia de Belas Artes de Madri, ao se recusar a prestar os exames acadêmicos normais, e alegou que seus professores não estavam capacitados para esse mister. Neste mesmo ano, participou de uma exposição em Barcelona, quando seus quadros muito impressionaram a crítica e outros artistas. Contando com o apoio de Miró, conviveu em Paris com seleto grupo artístico, formado por escritores, pintores e escultores famosos.

Por volta de 1930, o pai de Dalí retirou-o do seu testamento, por discordar da união do filho com Gala, ex-esposa do poeta Paul Eluard, além de que, nesta década, recebeu fortes críticas dos surrealistas por suas ideias franquistas.

Dalí também se dedicou a outras artes, em especial ao cinema. Com Walt Disney, trabalhou no filme “Destino”. Uniu-se ao seu amigo Buñuel na produção de “Um cão andaluz”, e colaborou com Alfred Hitchcock no filme “Quando fala o coração”.

No começo da Segunda Guerra Mundial, Dalí foi morar nos Estados Unidos, tendo ao lado a mulher da sua vida Elena Ivanovn Diakonova, a sua querida Gala, nascida na Rússia em 1894, ou seja, uma década antes do seu segundo marido. Durante os oito anos que viveu nos Estados Unidos, converteu-se ao catolicismo e publicou sua autobiografia, A Vida Secreta de Salvador Dalí,  além de continuar sua constante produção de telas surpreendentes. Regressou à Europa e, gradativamente, foi se afirmando como o maior autor surrealista do mundo.

Gostava de chamar a atenção, a começar pelo pontiagudo bigode, fixado com açúcar de tâmaras. À pergunta por que pintava relógios moles, respondeu: “O importante não é que sejam moles ou duros, e sim que marquem a hora certa”.

Neurose e paranoia são diagnósticos constantes em seu excêntrico perfil. Nos últimos anos de vida. após a morte de Gala, em 1982, amargou profunda depressão, além de passar por um incêndio em seu quarto de dormir, no castelo Gala- Dalí, em Púbol, quando sofreu graves queimaduras. Salvador Dalí faleceu em 1989, aos 84 anos, tendo como causa da morte uma insuficiência cardíaca.

Daladier Pessoa Cunha Lima

Daladier Pessoa Cunha Lima

Primeiro reitor eleito da UFRN. Exerceu o cargo de 1987 a 1991. Graduado em Medicina pela UFRN (1965), tem especialização em Medicina do Trabalho e Administração Universitária, com vivência em instituições universitárias no exterior. Ao se aposentar, abdicou da Medicina e optou pela Educação, tendo se dedicado à instalação da FARN, atual UNI-RN, no ano de 1999. É, ainda, membro da Academia de Medicina do RN e do Instituto Histórico e Geográfico do RN. É autor dos livros Noilde Ramalho – uma história de amor à educação e Retratos da Vida, além de outras publicações. E em abril/2017 foi eleito para a cadeira nº 3, da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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