Dia Internacional do Orgasmo – o gozo no contexto histórico-cósmico

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Croniketa da Burakera #12, por Ruben G Nunes

VidaViva é orgasmo. Esse universo é um amasso dos diabos. Veja só, solte as amarras e sonhe.
Imagine por 1 minuto que toda galáxia é como uma GrandeXana, xanergindo em perene gozo de
sua existência cosmo-vulvar. Galáxias no cio.

Plenas de si! Vivíssimas! Correndo loucaperdidapaixonadas há 500 milhões de km por hora, nas burakeras
de Mr. Infinitão. Esparramando estrelas, belezas, Ets, Etoas, e vidaviva, por esse misterioso sem-fim.
Penetradas rapidinho por cometas tarados. E outros nem tanto. Correndo, como disse, por esse Infinitão
afora, com zilhões de outras galáxias. Tudo afim.

Mr. Infinitão, El Gran VidadorVidandoVidas, ente cósmico donde todos surgimos, onde habitamos e que
nos habita. Que se espalha ele mesmo em seu próprio fim-sem-fim, regirando em sua baita solidão, estranha,
profusa, criativa… todo entupido de bilhões de xanas-galáxias em velocidades alucinantes… tudo zunindo
dentro dele num vuco-vuco-da-porra… transbordando fascínio, charme, espantos, solidão e gosma cósmica
pra todo lado.

Mr. Infinitão… vidando deuses imortais… e homens mortais… epifânicos, psiônicos, mundânicos, sonhantes,
paixonantes, que dançam, riem, rezam, engendram, matam… e gozam… o gozo uivante de deuses e jegues
zurrantes…

Ninguém sabe praquê-nem-porquê toda essa geringonça. Tudo mistério e solidão. Ubíquos. Silentes. Paranóicos.
Admitamos com Borges, em “Avatares da Tartaruga“: há no mundo um “caráter alucinatório“.

Eu acrescentaria, com licença do velho Borges, que o Infinitaço e seu harém de XanasGaláxias, tem “caráter
alucinatório e gozatório

Porque, mano-velho, você vai compreender que na metáfora da GrandeXana, a VidaViva é algo como um
perene orgasmo cósmico. Algo como um grito – de gozo e amor de Vida! – por esse misterioso milagre de si
mesma: a própria Vida.

Goza!, significa então: Viva e Ame! Ame e Viva! Fluxo e êxtase. Pulsão que vem lá das profundas do Infinitaço,
que nos atravessa, e sacode os infinitinhos-interiores de cada um. O Imperativo de Vida, cuja energia mais
refinada é o Amor
.

Lacan, no seminário 20 (“Mais, ainda”, 1985), observa que há no supereu um crônico imperativo de gozo:

“Nada força ninguém a gozar, senão o superego. O superego é o imperativo de gozo – Goza!”.

No final das contas, somos fluxo de fluxos. Eco de ecos. Sombras de sombras. Transitamos entre abismos e mistérios.
Entre o Nada e o Tudo. Entre sonhos e emoções. Entre desejo e orgasmo. Entre espanto e descobertas. Entre dúvidas
e certezas. Onde a ponte? Onde a ponte?

Causa primeira: causa final: causa sem causa. Qualé, malandro? O que me move? O que nos move? Que alegria
de Vida é essa? Que gozo é esse? Simbora, marujo!

Vamunessa! Excitação e prazer: vuco-vuco e esguicho: xana e falo em delírio: grito e gozo: e a gosmenta corrida
ovariana de 500 milhões de espermatozóides.

Quem chegou? Diga aí, mano, quem chegou? Que diz você? Você chegou, velho! Você chegou! Irra! Cada um
foi seu próprio campeão. Sem Ferrari. Sem Fórmula 1. Corrida da vida-se-vidando. Gozo de ganhar a corrida da
Vida. Eis o orgasmo originário de todos nós. Sem exceção.

Mas, no nível humano, nem todo orgasmo produz vida humana. Há multi-orgasmos. Que vão além do primitivo
bate-estaca reprodutor. Que são só da ordem do gozo pelo gozo. Aliás, a raiz grega de ‘orgasmo’ – o verbo orgáo
já aponta o enrosco do duplo significado: “ser fértil” e/ou “arder em desejos”. Plasticidade de significados. VidaViva.

Fiz toda essa divagação, meus campanhas, ao me lembrar que segunda, dia 31/7, é o Dia Internacional do Orgasmo.

Inventado há 13 anos, em 2004, pelas sex-shop da Inglaterra. Claro: com total objetivo comercial.
Tamos no capitalismo, mago-velho, don’t forget!

Os criadores dessa homenagem comercial, visavam mais o mulherio reprimido. Queriam incrementar as
vendas de vibradores e demais kits-sexuais que prometem à cliente orgasmos nunca dantes navegados.

A demanda de gôzo, das inglesas – era, e é ainda – bem alta. Daí, ser animadora a fatia de mercado das
“sem-orgasmo”. Segundo pesquisas, da época, 80% das inglesas não atingiam o orgasmo.

No mundo globalizado, em geral, essa estatística varia entre 40% a 80%. No Brasil, p.ex., o Projeto
Sexualidade (ProSex) da USP, apurou que 50% das brasileiras são “sem-orgasmo”. Além do que 12
milhões de brasileiros têm alguma disfunção sexual.

Nosso tempo é, de modo geral, mais livre de repressões sexuais. Tanto masculinas, quanto femininas.
Com a pílula, viagras, cialis, kits eróticos, motéis temáticos e casas de ménage à trois, tá todo mundo se
soltando na burakera dos orgasmos programáticos.

Desejante ou reprodutor, agressivo ou zen, sexo e gozo são fluxações de loucura e paz. O pipoco do gozo
descarrega uma energia tal, que vitaliza-equilibra hormônios, neurônios e nossos demônios. Além do poder
de engravidar. De recriar Vida. Energia vital. Orgasmo vital.

Wilhelm Reich, psicanalista e psiquiatra, chamava essa energia vital de orgônio. Eu chamo de xanergia.
Para ele o orgônio está em toda parte e, em particular na libido. Na energia do orgasmo sexual.

Segundo ele, pode curar até câncer. Dedicou sua vida a pesquisar “A função do orgasmo”, que é título da obra de 1942.

“A vida – escreve ele – brota de milhares de fontes vibrantes, entrega-se a todos que a agarram, recusa-se
a ser expressa em frases tediosas, aceita apenas as ações transparentes, as palavras verdadeiras e o prazer
do amor”.

Como todo psica que se preza, Reich era meio doidão, meio gênio, meio místico, meio tarado. Uma salada psiônica.
Aos 4 anos, segundo ele mesmo conta, deu uns amassos na babá. Aos 11, comeu a cozinheira que o ensinou os
movimentos do vaivém – o inevitável vuco-vuco.

Também ficava de voyeur vendo a mãe transar com o preceptor dele, enquanto o pai viajava.
O bicho era o cão edipiano chupando manga. Um pesquisador das benesses do sexo.

Formado em Medicina, trabalhou com Freud. Ambos acreditavam que tabús mal resolvidos no plano do
desenvolvimento sexual levavam a neuroses. Para Freud haveriam multiformas psicoterapêuticas de cuidar
do problema. Para Reich só uma forma: a energia liberada por orgasmos de qualidade é que poderiam
sanar as neuras. E para conseguir essa saudável e super gozada orgônica Reich admitia a poligamia feliz.

O Grande Gozo! – eis a solução reicheana pros equilibrios-psi do humanoviver. Simbora, bro!

Bolou até uma joça de uma caixa estranhíssima que captava o tal orgônio. Espécie de cabine, que ele chamava
de cabine orgônica, onde o paciente tinha orgasmos estimulados pelo orgônio acumulado. E saia em estado de graça.

Na porta da cabine o aviso de Reich para os exagerados: “Aviso – A utilização indevida do Acumulador de
Orgone pode levar a sintomas de overdose. Por favor, saia da proximidade do acumulador e chame o seu
médico imediatamente!”.

Ele mesmo de tanto se “orgonizar”, parece que afetou o coração. Morreu de gozo!
Assim é a VidaViva!

Meus campanhas, levantemo-nos e deitemo-nos!

É chegada a hora dos amassos do Dia do Orgasmo.
Os deuses-uivantes começam a uivar lá pros lados da quina-oeste das galáxias-perdidas dentro de nós.

Mr. Infinitão se coça, muge e liga o som. E recomeça a eterna Dança Cósmica do Orgasmo-Cráu que
sempre antecede-e-sucede o Apocalise-Now.

Fiquem com a safadeza-romântica de Je t’aime moi non plus, e os gemidos eróticos-orgásticos de Serge
Gainsbourg e Jane Birkin. Música também é gozo, bixo! Viagra musical.

Que orgônios e xanergias baixem na medida em nosotros, pra rebentar de gozo bagos e alma!
Xanavá Reich-velho!

Ruben G Nunes

Ruben G Nunes

Desfilósofo-romancista & croniKero

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