Para acontecer, precisa começar. E o começo pode ser modesto. Os sonhos, as metas, estes sim, precisam ganhar o mundo; migrar da imaginação à realidade. E foi nessa toada que o festival de cinema Curta Caicó se fez, mesmo com poucos tijolos. Uma construção em andamento, mas já morada ao audiovisual de uma região. E não só residência de uns poucos. Com a primeira casinha, logo veio um assentamento. Hoje, o festival influencia o Seridó inteiro. E as produções, cursos e concursos pipocam sob o sol sertanejo.
O Curta Caicó surgiu em 2018. Iniciativa de Raildon Lucena e Diego Vale, comandantes da Referência Comunicação, empresa de publicidade e produtora audiovisual. Raildon eu conheço desde muito. Foi meu vizinho de blog desde o saudoso Diário do Tempo, década passada ainda. E ele escrevia sobre cinema também em revistas e jornais. Mas das resenhas à produção. ou seja, da teoria à prática, precisou de um empurrãozinho, mas desses pequenos, porque a paixão pelo audiovisual já estava lá.
O começo: Caicó curtiu
Em 2017, Raildon e Jefferson Dutra, filmmaker da agência, participaram de uma oficina de documentário promovida pelo Sesc Seridó. A professora Dênia Cruz os incentivou a inscrever um curta no Festival Internacional de Baía Formosa. Eles filmaram “Domerina”, a história de uma senhora cega que vagueia pela rodoviária de Caicó. E o curta foi selecionado pelo FINC para o Festival Off Camera na Polônia. Esse contato com um festival de cinema foi o passo inicial para realizar um festival de cinema em Caicó. Antes disso, eles fizeram laboratório passando por outros festivais, como Cajazeiras (PB) e Triunfo (PE).
Em janeiro de 2018 foram lançadas as inscrições para o Curta Caicó, que recebeu 415 curtas metragens em sua primeira edição. O evento foi realizado em junho, com recursos de uma associação cultural e apoios do Sesc RN e de empresas da cidade. Além da mostra de filmes, o festival realizou duas oficinas de cinema, debate sobre o papel da mulher no audiovisual e apresentações culturais.
O evento movimentou a cidade, por ser algo inovador, desde a exibição de curtas-metragens, ao contato com realizadores e artistas de vários estados (RN, PB, PE, SP) e pelas oficinas que resultaram em um curta-metragem local: “Nomofobia”.
2ª edição – Sem apoio
Em junho de 2019, foi realizada a 2ª edição do Curta Caicó que dessa vez não teve apoio financeiro de edital cultural. O evento foi viabilizado com apoio do Sesc RN (oficina e projetor), Governo do RN (pauta do centro cultural, impresso e transporte para convidados), Prefeitura de Caicó (som) e vários empresários da cidade.
Mesmo assim, os recursos foram insuficientes e foi preciso criar uma campanha virtual na internet para viabilizar os custos do festival. Muitas pessoas ajudaram. Algumas pessoas afirmando a importância do evento para a cidade e a região.
Em números, o Curta Caicó 2019 recebeu 535 curtas-metragens de todas as regiões do Brasil, totalizando 950 em duas edições. Realizou quatro oficinas com apoio do Sesc RN, Governo do RN e Canal Futura, que trouxe dois profissionais para conhecer o festival. Uma das oficinas resultou no curta-metragem “Chico do Cinema” que homenageou um antigo diretor dos antigos cinemas da cidade.
Mostra Seridó
O Festival promoveu mostras competitivas nacional, potiguar e três mostras paralelas. Mas uma das novidades foi a Mostra Seridó com filmes de Caicó, Jardim do Seridó, Currais Novos, Florânia, Lagoa Nova, São João do Sabugi e Parelhas.
O Curta Caicó foi destaque no site “Não Óbvio” como um dos 6 festivais do Nordeste que você deve conhecer:
Curta Caicó – frutos do sonho
– O IFRN Caicó criou um curso de Produção Audiovisual e, a partir de convênio com a Referência Comunicação, estendeu para uma escola estadual da cidade: EECCAM;
– O colégio estadual EETIJA hoje conta com uma disciplina eletiva que tem como objetivo a produção de documentários;
– Em Jardim do Seridó, após um dos curtas de uma escola ser selecionado para a Mostra Seridó, hoje já são três escolas produzindo curtas no município;
– Em São João do Sabugi, há uma disciplina de artes que estimula a produção audiovisual e realiza mostra de filmes na escola;
– Florânia, Parelhas, Currais Novos e Lagoa Nova há produtores independentes realizando curtas-metragens, e em Cruzeta há uma professora que está querendo incentivar seus alunos;
“Ou seja, a impressão que temos é que o cenário audiovisual na região está se movimentando. E um dos nossos objetivos com o Curta Caicó é promover a interiorização do audiovisual, estimular a produção de filmes (sobretudo nas escolas), estimular a formação de público, sobretudo de cinema potiguar e nacional”.
Não é impressão, amigo Raildon. É realidade!
Expectativas para 2020
A terceira edição do Curta Caicó já teve seu projeto aprovado na Lei Câmara Cascudo. Agora é buscar recursos para viabilizar o evento com mais tranquilidade. O evento deve ser realizado na primeira quinzena de junho e, segundo Raildon, as expectativas são grandes, pois o evento está se consolidando no calendário de eventos do Rio Grande do Norte.