A música potiguar precisa da voz pop de Carmem Pradella

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A história mostra Carmem Pradella, 15 anos atrás, na voz de uma das bandas de maior sucesso da fase pop-rock natalense: a Boca de Sino. À época, Sr. Paulão dava o tom na guitarra e comandava a banda. Hoje, Carmem Pradella está ladeada pelo violão virtuoso de Levi Ribeiro e da percussão de Pablo Jorge para cantar no versátil In Trio – um projeto acústico afinadíssimo, já com CD pronto para lançamento em abril, gravado no Estúdio Megafone e a chancela de excelência de Eduardo Pinheiro.

Há muito Natal ou o Rio Grande do Norte carecem de representantes da música pop. Sambistas, roqueiros ou esse sambinha meio bossa nova, meio MPB, tem em bom número. O MPBeco mostra isso todo ano. Mas afora o Talma&Gadelha, com uma proposta meio pop-rock, ou ainda o mossoroense Artur Soares, já mais genuinamente pop, não lembro de outros. E acho a voz, o estilo e a história de Carmem Pradella propícios para levantarem esse movimento em Natal. A moça “é o que há”, no gênero.

IN TRIO

O CD é sofisticado, seja na escolha das músicas, na apresentação gráfica ou na qualidade de gravação. O set list, apesar de invariavelmente acústico, passeia por gêneros musicais. Se inicia com Come Together e Eleanor Rigby, dos Beatles. E talvez pela minha predileção beatlemaníaca, as versões acústicas dessas canções soaram boas, mas nada tão aprazível de se ouvir quanto todas as outras 12 canções do disco, internacionais, as poucas nacionais e a única autoral do trio.

O repertório passa ainda pela excelente versão de ‘Cruising’ e ‘Am i wrong’, com música incidental de Lenine, ‘Hoje eu quero sair só’. ‘Rude’ se emenda com ‘Hey Soul Sister’ é talvez, junto com ‘Cruising’, as melhores do álbum. Mas tem ainda as ótimas versões para batidas mais eletrônicas, com ‘Lovers on the sun’, do badalado David Guetta, e ‘Get Lucky’, dos ótimos Daft Punk. Para se manter no pop puríssimo, ‘Love never felt so good’, composição de Michael Jackson e Justin Timberlake.

Ainda os clássicos ‘Cant take my eyes off you’ e até ‘Eye of the tiger’, famosa canção-trilha de Rocky Balboa, que ficou legal em versão acústica, mesmo sem a energia característica. O CD fecha com ‘Ainda bem’, de Marisa Monte, e ‘Caso sério’ e ‘Mania de você’, Rita Lee, também muito boas. As duas faixas bônus são ótimas. A primeira, ‘Xo’, de Johm Mayer e Beyouncé. A segunda, uma composição da dupla Pradella e Levi Pinheiro, intitulada ‘You and me’, com pegada pop-acústica irresistível.

Infelizmente a marca de Carmem Pradella é a música cover. Vem desde o Boca de Sino. Nos shows a pedida é sempre essa. E fica difícil inserir seu trabalho autoral. Ainda assim, segundo ela, há um projeto de um CD totalmente de composições próprias. Seria o máximo. Acredito que, se vier na mesma pegada desse filho único no álbum do trio, com arranjos criativos, pode ser um trabalho marcante na história pobre do pop potiguar. Acho que Carmem tem esse potencial. E a lacuna existe e persiste.

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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