por Riceli Chacon
No final das contas, ele não sabia que a sua história era mais bonita que a de Robinson Crusoé. Às vésperas do aniversário de 30 anos da sua morte, o mineiro Carlos Drummond de Andrade continua tão presente na vida dos brasileiros quanto a nossa própria língua. Com “apenas duas mãos e o sentimento do mundo”, escreveu e traduziu dezenas de obras importantíssimas para a literatura brasileira e mundial.
O poeta gauche nasceu e morreu sobre a proteção de um anjo torto. Um dos filhos de seu Carlos e de dona Julieta, proprietários rurais em Itabira. Desde cedo escreveu poesia para o povo mesmo, nada muito elitista. Por insistência da família é que formou-se em farmácia apenas para ter o diploma e nunca entrar numa botica para trabalhar.
Um dos pais do verso livre moderno, Drummond foi uma pedra no caminho de muitos artistas modernistas brasileiros. E atire a primeira pedra quem nunca ouviu “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?”.
Trinta anos depois, já somamos mais de 50 obras entre suas prosas e poesias. O tempo passou, o mundo mudou e até a quadrilha acabou; a obra do poeta perdura, no entanto.
Carlos Drummond de Andrade – poeta, contista e cronista – nasceu em 31 de outubro de 1902 em Itabira e faleceu dia 17 de agosto de 1987 no Rio de Janeiro, aos 84 anos, vítima de complicações cardíacas. “Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração”.