A atual Rua São Tomé está localizada entre os bairros da Cidade Alta e Ribeira, paralela à avenida Câmara Cascudo, em um trecho compreendido entre as ruas Coronel José Bezerra e Juvino Barreto.
Rua do Quartel de Linha foi a sua primitiva denominação, originada pelo fato de ali existir o antigo Quartel da Companhia de Linha. O prédio do quartel resistiu até os meados do século XX. No mesmo local, está edificado hoje o Colégio Estadual Winston Churchill.
O capuchinho francês Frei Claude d’Abbeville, em seu livro “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas”, impresso em Paris em 1614, informava que o indígena potiguar Japiaçu lhe dera informações acerca de um rochedo no rio Pottiú (Potengi), onde se conservava a impressão de uma pegada do profeta Sumé.
Sumé era um personagem da mitologia indígena, que segundo a lenda ensinara as técnicas da agricultura dos índios. Japiaçu fazia parte de um numeroso grupo de potiguares, fugidos da Capitania do Rio Grande, à época da chegada do capitão-mor Manuel Mascarenhas Homem, no final de 1597.
A Igreja Católica, com propósitos religiosos, transformou Sumé em São Tomé, a fim de facilitar a catequese dos primitivos habitantes da nossa terra. A marca da pegada de um dos pés de Sumé ficava localizada em um rochedo na margem direita do Potengi, no terreno hoje ocupado pelo Colégio Salesiano.
No local onde se encontrava a pegada de São Tomé existia uma cacimba, cuja primeira referência documental data de 1º de outubro de 1765, quando Matias Ferreira requereu um terreno ao Senado da Câmara de Natal, “entre as casas que foram do Licenciado Manuel Pinto, no caminho da Ribeira, e uma cacimba que chamam de Santo Tomé’’.
Um dos principais pontos de abastecimento de água de Natal, a cacimba de São Tomé mereceu a atenção de diversos presidentes da Província, que nela realizaram serviços de recuperação e conservação.
Henrique Pereira de Lucena, quando presidente da província, reformou a cacimba em 1872, nela colocando uma placa de mármore alusiva ao fato. Tal placa encontra-se atualmente guardada no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Depois de 1885, a cacimba ficou dentro de propriedade particular. À época em que foi dono da cacimba, encravada em sua bela chácara, Juvino Barreto mandou abrir uma outra cacimba, a fim de não prejudicar o abastecimento d’água da população moradora no bairro da Ribeira.
O Decreto Municipal de 13 de fevereiro de 1888, que reviu a toponímia da Cidade, consagrou o desejo da população natalense, conferindo à rua anteriormente denominada de Rua do Quartel de Linha, o nome de rua São Tomé.
Apesar de possuir algumas edificações novas e reformadas a rua São Tomé conserva ainda alguns prédios, de expressivo valor arquitetônico. A manutenção desses edifícios, na paisagem urbana de Natal, garante a preservação da memória cultural da Cidade.
ILUSTRAÇÃO: Luiz Miguel Ribeiro Nasser Silva