Intérprete de uma trilha sonora que marcou gerações nos carnavais de rua e de clubes da capital a partir dos anos 1980, a veterana Banda Detroit desembarca no Carnaval de Natal 2018 revigorada e com uma novidade: estará a bordo de sua própria alegoria, em versão Pranchão. A prévia carnavalesca acontecerá dia 8 de fevereiro, em Ponta Negra (zona Sul da cidade), com saída em frente ao Praia Shopping e baile na praça Ecológica. O projeto “A Banda” faz parte do Carnaval Multicultural de Natal e tem patrocínio da Unimed Natal, através da Lei Djalma Maranhão. O acesso é gratuito e a concentração começa às 19h.
A banda Detroit vai percorrer as ruas de Ponta Negra em cima de um Pranchão, espécie de trio elétrico mais baixo com palco próximo ao folião. A participação é aberta ao público. No repertório, clássicos e canções atuais em ritmo de frevo eletrizado, incluindo as canções que marcaram os antigos carnavais de blocos, de autoria de Babal, Carlos Santa Rosa Castim, Délio Miranda, Leonardo Cavalcanti, entre outros compositores. São músicas feitas para blocos Meninões, Saca-Rolha, Puxa-Saco, Kuxixo e outros blocos de época.
Quem não se lembra dos versões de “Alegres Meninos”? — “Lindas criaturas, em busca de aventuras/Sacodem, agitam, enterram, antigos tabus/Que os corpos se abraçam e se beijam suados e nus/É genial revirar Natal no carnaval/ E nossas fissuras São sempre travessuras/ Espalhar alegria, euforia por todo o salão/ Que a cuca não mete mais medo que o bicho-papão/ Foliões, Eternos meninões/ Nos quatro dias Que há um desejo de virar tudo pro ar/ Pintar o sete e desatar o nó/ Deixa cair no cheirinho da loló…”.
Banda Detroit
A Banda Detroit estreou em 1980, com a formação Munir Faraj (contra-baixo e voz), Wallid (guitarra), Marcelo (guitarra e voz) e Fernando (bateria). Hoje, a banda ainda conta com Munir Faraj, seu filho Munir Junior e músicos convidados.
A primeira festa da banda foi no réveillon da Rampa, Ribeira, no ano de 1981, época em que o Detroit já tocava as músicas dos blocos de elite de Natal e contou com a grande participação dos foliões desses blocos. Seguiu-se então uma maratona de muitos eventos, sempre com essas características carnavalescas, como o réveillon no América e do Centro de Convenções, sempre acompanhados por grandes artistas como os ilustres baianos e precursores do carnaval da Bahia, Dodô e Osmar.
“O saudoso Osmar Macedo tinha também uma grande admiração por nossa banda e se referia como ‘meus filhos do Detroit’”, lembra Munir, líder e remanescente da primeira geração. “Ele dizia: Dodô e Osmar está para o carnaval da Bahia, assim como o Detroit está para o carnaval de Natal”, conta o músico.
Carnaval em Pirangi
Foi com a Detroit que o Carnaval de Pirangi ganhou fôlego ainda em meados dos anos 80, com o grande baile no clube da APURN. Deste grande carnaval surgiu em 1989 o projeto Carnaval de Natal, que contou com a gravação do primeiro LP da Banda e seu lançamento realizado no Circo da Folia, quando este funcionava em Natal. O disco reúne músicas de grandes letristas e compositores. Começou, daí em diante, os grandes carnavais do Circo da Folia, em Pirangi.
Ao lado de produtores e blocos de Carnaval, a banda deu início as famosas batucadas no Residence aos domingos, sempre com lotação esgotada, perdurando por 8 domingos consecutivos. Ao longo da carreira, a banda sempre se manteve fiel à cultura local, apoiando musicalmente as grandes festas. “Gravamos nosso primeiro CD ao vivo, dando uma nova roupagem intitulado Modernizando o Carnaval, com estilo próprio, não fugindo das antigas tradições mas criando um ritmo atual para a juventude, unindo frevo, ska e rock tornando assim um ritmo dançante e eletrizante”, conta o fundador.
Desde 2012, a banda puxa o bloco Burro elétrico em Pirangi, com seu trio elétrico próprio e durante vários anos também saiu com a banda do Cajueiro e Troça do Sebastião. Em 2016 foi convocada para estar no projeto “Grandes Carnavais”. Recentemente teve aprovado seu projeto através da Lei de Incentivo à Cultura Câmara Cascudo para a gravar CD e DVD ao vivo, como continuidade do trabalho que a banda realiza no Estado nas últimas décadas.