Artistas lançam manifesto pela valorização da arte produzida em Natal

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Manifesto pela valorização da produção artística de Natal

Existe uma celebre frase lançada por Câmara Cascudo que diz “Natal não consagra nem desconsagra ninguém”. Hoje, em 2019, é preciso pensar o sentido dessa frase. Primeiramente, desnaturalizar essa afirmação cascudiana. A cidade não é uma entidade autônoma e por si só não é a causa sobrenatural da falta de visibilidade dos artistas que circulam e batalham por sua arte na cidade. É preciso pensar os motivos de termos que sempre estar discutindo esse ditado que persiste no imaginário da cultura potiguar.

Não é por falta de qualidade, longe disso, pois possuímos inúmeros artistas com enorme produção nas mais variadas estéticas e linguagens. Então, o que seria? Essa semana foi divulgado o valor dos cachês pagos para as atrações “nacionais” do São João em Natal. Primeiro, não se trata de um debate antagônico entre artistas “locais” e “nacionais”, precisamos superar a superficialidade deste debate.

A questão fundamental gira em torno da visão de política pública para o fomento da produção artística potiguar que queremos construir. Para exercício de comparação, para o edital de Ocupação artística do Beco da Lama no Centro Histórico de Natal, lançado recentemente pela Prefeitura do Natal, foi destinado cerca de R$ 198,4 mil para 81 apresentações de 23 artistas potiguares. No São João de Natal, apenas a apresentação da dupla Simone e Simaria custará aos cofres públicos R$ 350 mil para a realização de um show de 1h30 de duração. Ao todo, os valores dos cachês para 16 artistas “nacionais” chegarão a R$ 1,194 milhão.

Enquanto isso, outros artistas potiguares receberão, alguns R$ 3 mil, R$ 5 mil, outros R$ 6 mil, ou seja, somente o cachê de uma atração “nacional” do São João de Natal equivale a quase 90 vezes o valor de um cachê, em média, do artista potiguar e quase o dobro do valor de um edital de ocupação do Centro Histórico da cidade pensado para 81 apresentações de 23 artistas. Por que tamanha discrepância nos valores? Afinal, qual o valor da arte produzida em nossa cidade?

Causa estranheza o gasto da Prefeitura de mais de um milhão de reais com artistas “nacionais” no São João, quando boa parte dos cachês dos artistas potiguares que se apresentaram durante o Carnaval deste ano ainda não foi paga.

Natal tem consagrado inúmeros artistas, muito mais pelo esforço individual de cada um e pela possibilidade de se lançar por outras terras, do que pelo apoio ou por iniciativa do poder público que há décadas, funciona dentro de um modus operandi onde o artista potiguar é visto como alguém sem grande valor e com um pires na mão.

É preciso transformar esse modo de pensar a cultura potiguar e valorizar a produção artística feita em nossa cidade.

Podemos ser uma grande potência artística e cultural no Nordeste, basta fomentar e valorizar a arte que é produzida em nossa cidade. O incentivo à cultura em nossa cidade estimula a economia criativa e consequentemente gera retornos a toda uma cadeia produtiva que envolve artistas, produtores, comerciantes e população em geral. Está na hora de mudarmos esse cenário! Acreditamos que a primeira coisa a fazer é colocar o debate público e mobilizar os artistas potiguares.

Assinam artistas e trabalhadores da cultura em busca de diálogo e cooperação pelo fortalecimento da produção artística em nossa cidade.

Caso queira contribuir e apoiar, compartilhe a nota e subscreva.

Alessandro Saraiva – Músico
Alex Cordeiro – Ator
Anna Celina, atriz, palhaça e contadora de histórias
Antônio de Pádua Carvalho de Almeida – Músico e compositor
Bárbara Cristina Nascimento Nunes – Atriz e contadora de história
Beto Vieira – Ator, palhaço e arte educado
Carol Carvalho – Produtora Cultural
Carol Queiroz – Produtora Cultural
Cecí Oliveira – Produtora Cultural
Cibelly Guedes – Música
Clara Pinheiro – Cantora e Compositora
Clotilde Tavares – Escritora
Daniel de Aguiar Rezende – Músico e gestor cultural
Daniela Cruz – Cantora e compositora
Diego José da Silva – Músico
Ênio Cavalcante – Ator
Esso Alencar – Cantor, compositor e músico
Felipe Nunes – Cantor, compositor e músico
Franco Fonseca – Ator
Gustavo Cocentino – Músico e produtor Cultural
Harryson Magalhães – Produtor Cultural
Haylene Dantas – Produtora Cultural
Henrique Fontes – Ator, diretor e dramaturgo
Henrique Lopes – Músico, compositor e produtor Cultural
Jailton Medeiros – Músico
Jeane Ataíde – Gestora Cultural
João Vitor Jardim Lima Carvalho – Cantor, compositor e musicista
José Neto Barbosa – Ator, diretor e dramaturgo
Júlio Lima – Cantor, compositor e músico
Laryssa Costa – Cantora e compositora
Leonardo Costa – Músico e compositor
Luiz Bulhões – Músico
Luiz Gadelha – Cantor, compositor e músico
Marco Antonio da Costa – Músico
Maria de Lia – Atriz e produtora cultural
Mônica Mac Dowell – Produtora cultural
Nara Pessoa – Professora de produção cultural (IFRN) e membro do Conselho Municipal de Cultura
Nathalia Santana – Produtora Cultural
Nelson Rebouças – Produtor Cultural
Netuno Saraiva Leão – Ator e Educador
Pablo Pinheiro – Fotógrafo e Produtor Cultural
Priscila Matos – Cantora, compositora e musicista
Renata Mar – Poeta e Produtora Cultural
Roberta Karin Jardim Lima Carvalho – Cantora, compositora e musicista
Rodrigo Bico – Ator e Produtor Cultural
Silvia Sol – Cantora, compositora e musicista
Simona Talma – Cantora e compositora
Valéria Oliveira – Cantora, compositora e musicista
Zé Caxanga – Cantor, compositor e músico
Zeca Santos – Ator

Redação

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12 Comments

  • Tom França

    O atraso recorrente dos pagamentos nos eventos, tem desmotivado músicos como eu, a dar continuidade ao trabalho. Independente disso, esse manifesto tem todo o meu irrestrito apoio.

  • Danúbio Gomes Da Silva

    Enquanto tivermos na administração da nossa cidade pessoas que acham que trabalham para seus superiores e nao para a população iremos sofrer as consequecias da não valorização cultura da nossa cidade.

  • Erre Rodrigo

    E se os artistas fizerem greve? Boicotem o evento.

  • Renato Yuri Alves Barbosa

    Fora o carnaval que os músicos passam vários meses pra receber o cachê

  • Kelliney Silva

    Cantor e percussionista.

    Torço para que um dia tenhamos o respeito e a valorização, dignos da arte produzida pelos artistas de nossa cidade….✌🏻

    #musicapotiguarnossosomtemvalor

  • Kelliney Silva

    Cantor e percussionista.
    Torço para que um dia tenhamos o respeito e valorização, dignos da arte produzida pelos artistas de nossa cidade….✌🏻
    #musicapotiguarnossosomtemvalor

  • Teagacê

    Teagacê
    MC, compositor e engenheiro de mixagem

  • Jorge Negão

    Jorge Negão
    Músico Percussionista Diretor do Grupo Folia de Rua Potiguar

  • Cleudo Freire

    Nenhum mercado se sustenta sem valorização financeira, via de regra o poder público tem influência direta nos empreendedores dos seus estados, justamente pelo retorno. Aqui se paga, aqui se gasta!

  • Caio Higor

    Caio Higor – Músico, Educador e Produtor.

  • Sérgio

    Sérgio Rodrigues…
    Músico/compositor

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