Croniketa da Burakera #35, por Ruben G Nunes
… daqui pra frente com a revolução digital, e o avanço organizado da bandidagem, o que vai rolar é o gangsterismo.
A burakera vai ser outra.
Seremos um narco-país nos trinques. Com narco-bares e tudo. Como em Laranja Mecânica, de 1971. Vocês lembram?… aquele filmaço dirigido pela genialidade de Stanley Kubrick. Onde ele foca a corrupção moral, delinquência e violência, numa sociedade futurista. Tanto corrupção da juventude, como do povo em geral. Quanto corrupção dos governantes.
Corrupção social generalizada com sociedade up-to-date. Tipo mix de hepatite crônica com avanço tecnológico de ponta.
Teremos exércitos de robôs-traficantes… não mais comunismo, nem liberalismo… ou esquerda e direita, muito menos democracia. Frescuras do passado politiqueiro.
Mudaram os cambalachos, bixo.
Daí que o lema político, econômico, jurídico e cultural, vai ser “O crime recompensa, mané”. Com faixa e tudo.
Criminoso será respeitável profissão digital. O operário será o que sempre foi, escravo do Sistema e produtor de riquezas.
Poderoso Chefão Banda Larga, será o maior título imperial e governará o planeta com plenos poderes digitais e trans-sexuais.
A Poderosa Chefona Bunda Larga, será a de maior traseiro e xereca mais inchada. De beleza fatal, andará nua e será adorada até a última instância. Todavia, por via das dúvidas, só adorada com um olho só pra não gastar. Terá um séquito de danseuses, bixas, trixas, bisex e lesbtrans.
Meninos de rua e assaltantes serão estágios acadêmicos… a galera de direita ou esquerda será toda encarcerada. Tudo junto num Congressão. Um Hiper-Congresso onde todos os políticos estarão em sessão contínua. E serão condenados a ouvirem seus sacais discursos pro resto da vida.
Será um quase sublime fim da Política… agonizar ouvindo a si mesma. Daí que, pela primeira vez na História Humana haverá a “morte por saco cheio”, enquanto um coral de monjes barbudos canta torturantes músicas sertanejas… e o povão ruge e muge…
… e Arabataxa Primus, o Poderoso Chefão Banda Larga, pra lá de entediado, dá uns tiros pro alto, saudoso dos assaltos emocionantes de seu tempo… pois que, aqui-agora, na Era da Bandidagem Banda Larga, o povão tá todo ligadão e largadão. Tudo em paz. A narco-paz-social. Todos usando sua Bolsa-Marafa, na faixa.
Mas Mister Infinitaço tá nem aí pra essas esculhambarias terráqueas. Nosso planeta é uma titica de formiguinha nessa imensidão cósmica sem-fim.
Apesar dos avanços. Nossa História ainda caminha meio emperrada nas ideologias e porrologias. Dando um nó-de-nós acochados sobre si mesmo.
E a Terra gira como sempre… a galáxia desembesta louca infinito afora, a incríveis 2,3 milhões km/h…
… quidiabo-é essa toda veloc-loca, mano?
… quidiabo-é essa coisa toda dum espaçotempo sem fim, mano?
… quidiabo-é essa coisa toda sem eira, nem beira, mano?
… habemus Deo? habemus Deo? habemus Deo?… há ou não há Deus ou Deuses? Diz aí, chefia… diz aí…
… todos os livros sagrados dizem que um deus imortal criou tudo, incluso nós, os seres mortais…
… mas praquê um imortal criou mortais? Isto é criou a morte… será por tédio, por diversão… por estudo… qual o sentido? cadê as almas vagando?… cadê os espíritos espiritando?… mistérios…
digaí, véi! digaí-vei! digaí-pôha!
… ninguém responde… silêncios sobre silêncios sobre triscos d’estrelas sobre buracos negros sobre cometas perdidos sobre o Nada… e quase inaudível acordes da Nona de Beethoven e o coral de deuses uivantes estrugem bem lá no fundo dos ziriguiduns e quizumbas de cada um…
… qual o sentido do sem sentido?… quem sabe o quê, chefia?
… Osh, manusho! vôjátomáuma!