Afonso Laurentino: Doutor Honoris Causa do saber viver

Osair Vasconcelos e Afonso Laurentino

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por Osair Vasconcelos

de ajudar a organizar cadeiras num auditório improvisado para receber Gonzaguinha no então vigoroso Circuito Universitário, discreta participação no movimento estudantil liderado por Sérgio Dieb até a minha colação de grau, participei e assisti a muitos atos importantes na vida da UFRN.

vi também muitos atos solenes, como posse de reitores; e fundamentais ao conhecimento, como a palestra de Edgar Morin, uma das últimas interações de auditório entre intelectuais e estudantes, tão vivas até os anos 2010 deste século de IA.

todavia, talvez nenhuma dessas experiências me tenha enchido tanto as veias de emoção quanto a entrega do título de Doutor Honoris Causa, na semana passada, a Afonso Laurentino. o currículo que o fez merecer a honraria é rico de muitas ideias e realizações a favor da disseminação do conhecimento no RN, desde os anos 50.

mas, de forma particular, sou testemunha, inclusive como partícipe menor em algumas dessas ações e projetos, desse trabalho cujo adjetivo adequado é… gigantesco. acrescento a essa imensa obra a participação política de Afonso na luta contra a ditadura cruel e nojenta que afligiu o país por 21 anos.

e registro a sua participação decisiva quando, junto a jovens jornalistas dos anos 70, ajudou a reerguer a Associação Norte-rio-grandense de Imprensa, a criar a Cooperativa dos Jornalistas de Natal – Coojornat, e a fundar o Sindicato dos Jornalistas do RN.

por trás dessas ações minimamente registradas aqui, há um cabedal enorme de feitos de Afonso. abriria um dicionário inteiro para registrar tudo, mas daria nota especial a uma qualidade que sempre me assombrou nele: a modéstia. nunca requereu reconhecimento, nunca sentou na primeira fila do que fez, nunca aceitou seu nome em homenagens, nunca nunca nunca quis mais do que a satisfação interior de ver os seus ideais realizados.

sexta-feira, enquanto recebia a homenagem máxima da UFRN, vi nos seus olhos essa mensagem para si mesmo: é a luta por contribuir para uma sociedade melhor e mais justa que vale a pena.

e ali, vendo Afonso sentado na cadeira de rodas, o vi como o maior de todos os presentes.

Redação

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