A Academia que podia ter sido e não foi

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A Academia Brasileira de Letras divulgou nota, pela internet, anunciando a realização do ciclo de palestras “Cadeira 41”, sob a coordenação da acadêmica Ana Maria Machado. “Este ciclo, diz a nota, contempla nomes que poderiam ter ocupado uma cadeira, mas não entraram na Academia. Segundo Ana Maria, a Cadeira 41 é a que não está ocupada por ninguém, a cadeira dos que ficaram de fora, por motivos variados; ou porque não se candidataram, ou não se elegeram, ou naquele momento as circunstâncias socioculturais do país não permitiam que entrassem.”

A exemplo da ABL, Academia Norte-rio-grandense de Letras poderia promover ciclos de debates sobre a vida e a obra de importantes personalidades do mundo cultural, que não integraram os quadros da instituição. Seria uma maneira, ainda que tardia, de homenageá-las in memoriam.

Sugerimos a seguir alguns nomes:

1 – ANA LIMA

2 – ANTÔNIO BENTO

3 – ANTONIO DE SOUZA (POLYCARPO FEITOSA)

4 – AUGUSTO SEVERO NETO

5 – BARTOLOMEU CORREIA DE MELO

6 – BERILO WANDERLEY

7 – CARLOS DE SOUZA

8 – CELSO DA SILVEIRA

9 – DEÍFILO GURGEL

10 – DEMÉTRIO DINIZ

11 – EULÍCIO FARIAS DE LACERDA

12 – FRANCISCO DAS CHAGAS PEREIRA

13 – FRANCISCO RODRIGUES DA COSTA

14 – GERALDO EDSON DE ANDRADE

15 – HOMERO HOMEM

16 – INÁCIO MAGALHÃES DE SENA

17 – JAIME HIPÓLITO DANTAS

18 – JOÃO LINS CALDAS

19 – JOÃO VICENTE DA COSTA

20 – JOAQUIM INÁCIO DE CARVALHO FILHO

21 – JOSÉ BEZERRA GOMES

22 – JOSÉ CONÇALVES DE MEDEIROS

22 – JOSÉ PINTO JÚNIOR

24 – MARTINS DE VASCONCELOS

25 – MIGUEL SEABRA FAGUNDES

26 – MILTON PEDROSA

27 – MOACY CIRNE

28 – MOACIR DE GÓES

29 – MURILO ARANHA

30 – MYRIAM COELI

31 – OCTACÍLIO ALEGRIM

32 – PEDRO SIMÕES NETO

33 – RAIMUNDO SOARES DE BRITO

34 – RENARD PEREZ

35 – RODOLFO GARCIA

36 – TAVARES DE LYRA

37 – TOBIAS MONTEIRO

18 – VICENTE DE LEMOS

39 – WALFLAN DE QUEIROZ

40 – ZILA MAMEDE

Como se vê, gente ilustre, “do ramo”, é o que não falta. Note-se que não incluímos os vivos, cujo número talvez exceda o de falecidos.

Os 40 imortais citados compõem um quadro de acadêmicos não de direito, mas de fato. Eis, portanto, uma Academia de Letras que podia ter sido e que não foi (Obrigado, Manuel Bandeira).

SUGESTÃO DE LEITURA

Tido e havido como obra memorialística, “Solo de Clarineta”, vol. II, de Érico Veríssimo, tem pouco de autobiografia na acepção comum do gênero. Das suas trezentas e tantas páginas, umas duzentas e cinquenta contêm somente impressões de viagens. O autor nos conduz numa visita a algumas das principais cidades portuguesas, e revela-nos a pregação democrática, que fez, em 1959, proferindo conferências em vários desses lugares, sempre tendo como alvo o regime salazarista, então no auge. Depois nos leva à Espanha (Sevilha, Granada) e Holanda, mas o passeio termina aí, pois Érico Veríssimo não pôde descrever o restante da viagem programada – a morte o levou quando ele se dispunha a essa tarefa. Mesmo assim, incompleto e fragmentário na segunda parte, o livro está fadado a tornar-se um clássico de memorialística brasileira. Nele vemos, principalmente, o retrato em corpo inteiro de um grande homem. E, nesta expressão “grande homem” entenda-se não apenas o escritor, mas também o cidadão de caráter reto e bom – um justo.

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

Responde Geraldo Queiroz, professor universitário, ex-reitor da UFRN, escritor, membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

– Estou lendo três livros: “Carta ao Pai”, de Kafka; “Rua da Estrela”, de Nei Leandro de Castro, e “Recomendações a Todos”, de Alex Nascimento.

 

Manoel Onofre Jr.

Manoel Onofre Jr.

Desembargador aposentado, pesquisador e escritor. Autor de “Chão dos Simples”, “Ficcionistas Potiguares”, “Contistas Potiguares” e outros livros. Ocupa a cadeira nº 5 da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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