A propósito de Academia

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por Manoel Onofre Jr.

Há algum tempo, num artigo de jornal, referindo-me a academia de letras – e não, especificamente, à ANRL – afirmava eu, de modo enfático: a Academia é o panteão dos vivos. Ironizava, com a irreverência própria dos jovens, o que então me parecia ser academia.

No mencionado artigo eu citava o escritor e acadêmico R. Magalhães Júnior, que, numa entrevista, deu este conselho aos jovens: “Atacar a Academia, já que a juventude deve ser rebelde contra o medalhão e a glorificação fácil”. Mas, concluindo, disse o mestre: “Depois de gritar bastante, entra para a Academia e tenta melhorá-la.”

Meu conceito de academia, hoje, é outro inteiramente diverso daquele da minha juventude. Eu mudei. Mudou a Academia. Não mais a vejo como um misto de Olimpo e Feira de Vaidades. Considero-a, tão somente, na sua condição de alta agremiação literária ou casa de cultura, que deve dinamizar a vida cultural, sob o signo da renovação, todavia sem perder de vista as melhores tradições.

Evidentemente, não se trata de uma associação qualquer. Além de ser confraria, grêmio ou clube fechado, ela tem caráter honorifico. Na verdade, não consagra, mas acolhe e homenageia escritores já consagrados pela crítica e pelos leitores.

É verdade que isto, ás vezes, não acontece; elegem-se, embora raramente, literatos de valor, porém ainda sem maior expressão e não representativos. Sim, porque em escolhas como essas prevalecem quase sempre imposições de natureza pessoal ou social, em detrimento dos superiores interesses da Instituição. É lamentável.

Creio que não tarda o dia em que tais práticas serão banidas, e as academias de letras poderão, enfim, desfrutar da credibilidade a que fazem jus.

Manoel Onofre Jr.

Manoel Onofre Jr.

Desembargador aposentado, pesquisador e escritor. Autor de “Chão dos Simples”, “Ficcionistas Potiguares”, “Contistas Potiguares” e outros livros. Ocupa a cadeira nº 5 da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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