Croniketa da Burakera #43, por Ruben G Nunes
pelos rios da Vida navegamos, véi… através correntezas, jacarés, serpentes, tartarugas, piranhas, mutretas e barganhas… enquanto um estranho coronapolítico, enloucados olhos, sorriso irônico, voz esganiçada, circula pelas multidões, abraçando o povão, pegando mãos aqui-ali… e ponto final…
tamufu, meu velho camarada, tamufu!…
o Grande Mar da Vida nos espera… maré picada, tempestades… e só temos uma chalana furada… há louqueira política de todo lado pra cima de nós, cumpadi… nós… animais políticos sim, como diz voinho Aristóteles, mas também somos human’amantes sim… e também desfilósofos sim… eleitores sim… nós seres de carneossoenergia sim… mas vaidosos de nossas próprias merdas… e caminhamos na Vida ao lado da Morte o tempo todo… somos zumbis de nós mesmos…
seja como for a vida rala, rola e desenrola, se esparrama pelas esquinas das cidades, por entre os brilhos das estrelas, por entreolhares d’amantes, por entre as pernas das doidinhas afim, por entre o voo de gaivotas… e lá longe e cá dentro, no infinito de cada um, rola sempre um som… sacumé véi… a musiquinha dos momentos… temposdestinosaudades… sempre serão movidos por trilha sonora… cada um tem suas músicas… ouça velho, ouça as músicas da vida, que acalenta, enleva, engancha corações…
todavia, de nossa finitude politiqueira vem um batuque escracho, atravessando nossos sonhos processos e projetos…
tamufu, meu velho camarada, tamufu!…
rala e rola a Vida pelas bordas-sem-bordas desse Infinitaço sem sentido que nos atravessa e onde vidamorremos… de repente, sem que nem pra que, um olho fechado outro aberto, o mago Arabatasha – gênio dos profundos silêncios do Infinito e dos barulhentos panelaços da rapaziada – lança sobre nosso planeta a maldição do coronaporra…
daí lança porrilhões de viróticos e humanóticos vírus, invisíveis, cavernosos, canibais, medíocres, politicalhos, populistas… tudo bicho ruim, magovéi!…
sursum corda, manos!… corações ao alto!… Pixa e empixa!… vamos à luta pela Vida e contra o coronaporra, manos!
ali e alá, em todas as esquinas, a multidão s’enrosca, s’engata, incha e s’aglomera… a multidão quer apertar a demagógica mão do coronaporra...
A multidão abraça o coronaporra que abraça a multidão que abraça o coronaporra que… abraça a morte. Infecção geral. Zorra total.
Arabatasha sorri e ri do fumacê… respinga irresponsas vaidades ideopatas nas salivas, nos espirros, nos sorrisos e máscaras… alguém grita pelos malditos 600 reais… palmas e risos nas sacadas dos condomínios, panelaços batendo… um bundalelê daporra, negovéio…
o rio da Vida ralaroladesenrola… caminhamos nosso caminho… todavia, nessa quarentena doméstica, um horrorismo nos olha da TV. São os zôios embagulhados do Ministro da Pandemia… olhos de coronavírus chapado, o dele… tá viajando… parece movido a tapas e barrufos… ministro sinistro, sô!