A Lagoa das Piabas Magras

piabas magras

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Hoje acordei com o meu joelho direito doendo um pouco. Deve ser a chuva, que diz que vem e não vem, deve ser a idade, também… Contudo, eu acredito que o dito-cujo fique doendo mais quando estou sentado que quando estou fazendo coisas, pedalando, andando etc.

Assim, como hoje não fosse preciso ir na rua nem para comprar o coentro (rss), peguei a bicicleta e fui dar uma pedalada até o sangradouro da Barragem ARG.

Como disse outro dia, o sertão está começando a mudar de cor, depois das chuvas de janeiro e fevereiro, mas não está todo verde ainda.

Já desde o dia daquela chuva boa, que rolou duas semanas atrás, eu tinha ficado com vontade de ir tomar um banho no “secret point”. Passaram-se os dias; choveu de novo, outra chuva boa, anteontem. E hoje fui.

Antônio, pescador do Sítio Araras, chama o meu “secret point” de “Lagoa das Piabas Magras”. Trata-se de uma lagoazinha que se forma, às escondidas, entre os maciços de pedra que do sangradouro descem até o vale. Quando chove muito, se forma uma pequena queda de água bem bonita, que abastece a lagoa.

O local é muito pouco frequentado porque o acesso não é fácil e de consequência não é muito conhecido entre os moradores da região. A primeira coisa que se nota, à causa disso, é a falta de qualquer tipo de lixo. Isso pode parecer nonada, mas pelo meu ponto de vista é um parâmetro importante para uma apreciação prazerosa da beleza natural de um local meio afastado.

Estivemos pela primeira vez no “secret point” em 2013, com Mateus e Marina Luna, ainda pirralhos; em canoa, até o sangradouro e depois a trilha a pé. Tem um videozinho na net.

Com a bicicleta, eu consigo chegar pedalando num local pouco distante da lagoa e de lá por uma trilha que tenho já toda na cabeça, desço pulando pelas pedras; dando uma bela volta, de qualquer jeito.

Mas vale a pena. O local é muito bonito, com silêncio total, e o merecido banho refrescante é uma sensação agradável demais.
A volta eu já dou pelo outro lado da lagoa, porque nem sempre por onde sobe-se facilmente consegue-se descer, e vice-versa.

A subida é por um lajedo meio íngreme, que passa por cada pé de xique-xique grande que só, mas rapidamente se chega a uma cerca, seguindo a qual eu alcanço em breve a bicicleta.

– E o joelho, seu Jack?
– Ficou bonzinho


Trilha sonora sugerida:

Jack D'Emilia

Jack D'Emilia

Italiano enraizado no Brasil há mais de 30 anos, gosta de fazer coisas, ler, escrever, fotografar, jogar xadrez, andar em bicicleta e canoa. Morou por mais de 20 anos na Praia da Pipa e, há algum tempo, mudou-se pro Vale do Assu, sertão do RN.

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2 Comments

  • Erivaldo Araújo de Lucena

    Bom dia. Verdade concordo com a professora Cynara, é um retrato em forma de escrita do sertão de tão diferente, defino como uma maravilha. Conheço e vivi nesse cenário durante minha infância.

  • Cynara Lima

    Lendo essa ‘prosa’, me senti no lugar… Parece esquisito, mas até o cheiro do ambiente me foi familiar…
    Continue retratando esse “‘sertãozão’ do meu deus”, nos trazendo memórias, raízes…

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