Sete filmes sobre cinema

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Dia desses, dei-me à prazerosa tarefa de selecionar os filmes que têm como tema o próprio Cinema. Lembrei-me, então, de alguns, que relaciono a seguir, juntamente com informações sobre os respectivos diretores, ano de estreia e breves comentários a respeito dos assuntos tratados.

Lista como essa vale quando menos como indicação para quem gosta da chamada sétima arte. E diverte quem a faz.

CREPÚSCULO DOS DEUSES (1950), de Billy Wilder.

Narrativa inovadora, pontuada de episódios intensamente dramáticos, valendo uma quase parábola ao mito hollywoodiano. Com muita ironia e senso crítico – ressalte-se.

 

CANTANDO NA CHUVA (1952), de Stanley Donen e Gene Kelly.

Música, dança e humor numa paródia ao momento de transição do cinema mudo para o falado.

Talvez, o melhor de todos  os musicais produzidos em Hollywood.

 

A NOITE AMERICANA (1973), de François Truffaut.

A arte de filmar vista por dentro, com a sensibilidade de um cinéfilo apaixonado e diretor famoso.

 

– BOM DIA, BABILÔNIA (1986), de Paolo e Vittorio Taviani.

A aventura de dois jovens imigrantes italianos, nos tempos heróicos de Hollywood. Em foco, o cineasta David W. Griffith, “o pai do cinema”, diretor dos clássicos “Intolerância” e “Nascimento de uma Nação”.

 

SPLENDOR (1988), de Ettore Scola.

A decadência das salas de exibição, em consequência do advento da televisão e outros meios audiovisuais. Drama e comédia num velho cinema agonizante.

 

– CINEMA PARADISO (1988), de Giuseppe Tornatore.

A nostalgia do Cinema num dos filmes mais comoventes sobre o tema.

 

– A INVENÇÃO DE HUGO CABRET (2011), de Martin Scorsese.

Alegoria em torno de Georges Méliès, considerado o inventor do Cinema como divertimento transmissor de arte e cultura.

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FERNANDO SABINO

Em seu livro autobiográfico, “O Tabuleiro de Damas”, Fernando Sabino confessa que, na juventude, fez uma lista de escritores que lhe inspiravam simpatia e outra dos que antipatizava. Essas listas ele as encontrou muitos anos depois, entre os seus papéis velhos e publicou-as no livro.

Faço aqui a minha lista:

Simpatia: Eça de Queiroz, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Câmara Cascudo e Juarez Barroso.

Antipatia: Oswald de Andrade, Ivan Lessa e Caio Fernando Abreu.

Grande escritor e grande figura humana, Fernando Sabino (1923-2004) tinha o dom da comunicação fácil; seus escritos – crônicas, romances, novelas, contos – sempre agradam ao público ledor, mas nunca baixam de nível. Simples, claros, profundamente humanos. Não lhes faltaram aplausos por parte de renomados críticos literários.

Além da literatura, Sabino incursionou por outras artes – música (era baterista amador) e cinema.

Comemora-se, este ano, o seu centenário de nascimento. A ele, todas as homenagens.

SUGESTÃO DE LEITURA

Múltiplos Olhares”: Derivaldo dos Santos, Edna Maria Rangel de Sá, José Luiz Ferreira, Francisco Fábio Vieira Marcolino (Organizadores) – Natal: SEDIS-UFRN, 2023.

Diversos aspectos da literatura Norte-rio-grandense, abordados em vinte e dois ensaios de crítica literária por doutorandos do Curso de Letras/UFRN. Eis o conteúdo deste livro.

Em foco, autores considerados clássicos, como Auta de Souza, Aurélio Pinheiro, Câmara Cascudo e vários contemporâneos, além de outros temas com recortes instigantes.

Trabalhos de alto nível qualitativo, como estes, voltados para o que é nosso, desmentem o velho ditado de que “santos de casa não obram miIagres”.

Mais um fruto do muito que vem sendo feito, no Curso de Letras da UFRN, em prol de Literatura Potiguar.

“RIR É O MELHOR REMÉDIO”

 Abro ao acaso o livro “Desditos Populares”, de José de Castro, e encontro estas tiradas de humor:

– Poupança de pobre é no banco do jardim.

– De mulher magra balança tem pesar?

– Costureira a costurar, com seus botões vai conversar.

– Amor de alfaiate é terno.

– Sala de espera sem café? Tome chá de cadeira.

– Botou a conta no prego e ficou esperando enferrujar.

– Casar sozinha, uma noiva só não faz; verão.

– Isso ninguém atura: em pleno terceiro milênio, golpista flertar com ditadura.

E tem mais, muito mais.

“Dizer que o autor brinca com as palavras é dizer o óbvio. Como se atuasse em um imaginário circo, desempenhando vários papéis, ele tira coisas surpreendentes da cartola, dá cambalhotas, equilibra-se na corda bamba, faz incríveis acrobacias, é prestidigitador, palhaço, domador… de palavras. Não à toa, ele também se dedica à literatura infantojuvenil. No entanto, vale ressaltar que o seu exercício de ludicidade, digamos assim, pressupõe um longo e trabalhoso artesanato verbal. Brincar com palavras não é brincadeira…”

(Do prefacio, que assino).

Lançado recentemente, “Desditos Populares & Outros Textos de Humor”, tem posfácio de Racine Santos. A edição é da CJA, Natal, 2023.

 

Manoel Onofre Jr.

Manoel Onofre Jr.

Desembargador aposentado, pesquisador e escritor. Autor de “Chão dos Simples”, “Ficcionistas Potiguares”, “Contistas Potiguares” e outros livros. Ocupa a cadeira nº 5 da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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