Por Adélia Costa
Apesar da vestimenta elegante de sempre, basta um zoom para constatarmos, através do olhar, que o nosso amado poeta Pedro Grilo não está bem…
Aos 86 anos, precisamos compreender que ele já não é mais o jovem menino desbravador das aventuras de outrora.
No entanto, se pela casa dele passaremos e dizemos “VAMOS?”, ele não pensa duas vezes. Põe alguma de suas indumentárias e nos acompanha. Não importa a pandemia, o estado de saúde… Ele segue… (E quem gosta de viver “trancado” em casa?)
Logo, é preciso bom senso por parte das pessoas “amigas” . É preciso perceber que há um tempo determinado para cada propósito. Há tempos de reclusão, de mantermos a quem amamos em casa pelo próprio bem, respeito e preservação delas. Principalmente, em épocas de um vírus tão letal.
Antes de ontem, 08/02/22, Grilo passou o dia no Hospital dos Pescadores para tentar resolver problemas de saúde, que precisam ser investigados para que ele possa continuar vivendo com a qualidade de vida que as condições econômicas e de saúde lhe permitem.
Levá-lo para “passeios”, eventos culturais é fácil. Difícil é na hora do sufoco, dos problemas… Nessas horas ficam só os filhos, os quais não possuem acesso a plano de saúde, carro próprio para transportá-lo, condições financeiras para médicos, exames particulares e disponibilidade para faltarem constantemente ao trabalho.
Passar na casa dele e convidá-lo para ambientes de concentração de pessoas, no momento, é no mínimo um ato irresponsável e creio não ser necessário dizer os porquês.
Grilo é patrimônio cultural vivo. Preservá-lo é um ato de humanidade e de amor para com a nossa própria cultura. Ser amigo é também entender que muitas vezes é preciso se manter longe e/ou mantê-lo longe de aglomerações e agitos. Afinal, um jovem senhor de 86 anos requer zelo e cuidados.
E ao vê-lo ali naquele hospital, ao ver o filho tendo que faltar o dia de trabalho, contar com a carona de uma amiga, veio a pergunta insistente: onde estão esses amigos agora?
Hoje, graças a Deus, ele está melhor. Mas ainda precisando ir a alguns médicos: gástrico, geriatra, nutricionista, clínico geral? Fazer exames…
Nessa hora, outras perguntas aparecem: será que tem quem se habilite? Eis a “queston”