O FERREIRO
Mal desponta a manhã dourada e morna,
o ferreiro – alma rija, adamantina –
bate, dentro da luz gloriosa e fina,
a ren-tem-tem vibrante da bigorna.
Faisca a limalha; o fole assopra… Torna
o artífice a bater; rebate; afina
a barra incandescente… Arfa… A oficina
de um resplendor vulcânico se adorna!
É este afan, dia a dia, imenso, eterno.
Canta o ferreiro; forja. É um bom figante,
moirejando num círculo de inferno…
Rei do fogo, ciclope do trabalho,
– fez-lhe Deus a alma invicta, assim constante,
do mesmo ferro de que é feito o malho!