Croniketa da Burakera #45, por Ruben G Nunes
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Campanhas de copo-y-pasión!
Há momentos em que aquelas emoções antigas, d’amores-perdidos-e-achados… e de novo perdidos…, arquivadas nos cotovelos, entra em refluxo e vem de maré braba pra cima da gente.
Daí, chefia, tome de ressacafetiva na prainha-do-coração de cada um. É dose. E dose dupla de uísque-lembruxas.
Copo na mão, olho escorregando pelos infinitos cá de dentro, o cába sai caçando mais de hum-milhão de vagalumes por ai, só pra lembrar lembruxas e relembruxas do coração… lembrar o sorrisolhar da mulhamada… o beijo-abraço daqueles tempos-sem-tempos… o “euseiquevouteamar” dito, desdito, e cantado por Vinicius e Maria Creuza, no embalo das recíprocas-chifranações.
É tome de ciuminhos, suspirinhos, porrinhos e arrêgos, antigos-e-pós-antigos. Tudo se embaralha pra todo lado, mérmão.
E haja zilhões de boleros ao luar e nocautes técnicos de arrependimentos. O tranco é forte.
Em pleno delírio dos xamêgos-sem-volta você lembra do mantra dos amores mais-ou-menos felizes do nosso mago-cronista XicoSá: “todo segredo está na capacidade de safadezas”.
Chupa essa, mano: o amor além da parceria romântica dos tic-tacs dos corações; também é, no jogo do avesso do avesso do avesso das gamações, um kit amoral de xifres-e-safadezas… (insisto: se tem xana no meio é xifre com “x”; com “ch” é dos gramáticos linha dura).
Como eu dizia, tudo se embaralha pra todo lado. Dos amores-de-cana-e-motéis, aos casamentos-feitos-e-desfeitos, e gamações-sem-rumo-nem-prumo, vem tudo de cambulhada, com toques de dramapasión de novela das 21 horas.
É o tal negócio: amores, cachos, crushes, paixonites, desses pra valer, desses que simplesmente por ser amor do legítimo “invade e fim”, como canta Djavan em “Pétala”… e que por isso mesmo nunca acabam: simplesmente, ou tiram férias ou desligam temporariamente. Só curto-circuitos de ocasião. Ou meros chiliques charmosinhos.
Mas sempre voltam.
Nem que seja como pesadelo pra perturbar o distinto. E voltam mais grudentos, mais ciumentos. E mais semvergonhentos.
Ou até como bizarros fetiches românticos. Como um eterno-tampax segurando os fluxos-refluxos menstruais das paixões.
(Vocês lembram da exótica declaração de amor do Príncipe Charles pra amante Camila Parker. Se não lembram, eu relembro. Como um adolescente-em-chamas o Príncipe ataca: “Ah, Deus! Se eu vivesse dentro das tuas calcinhas… se Deus me permitisse… como um Tampax! Seria minha sorte!”. Incendiada e molhadinha, Camila sussura: “Tu és um completo idiota! Oh, que idéia maravilhosa!”.)
Daí que, repetimos, o amor do legítimo nunca acaba. Ou tira férias. Ou desliga. Ou vira amorpatia, como a doidura do amor-tampax do Príncipe Charles.
Todavia de férias ou desligado o amor fica lá se remoendo no murcho-coração e nos cotovelos-inchados. E os trambelhos das gamações vão se desmanchando em musiquinhas-encanadinhas. Ou viajando nas louqueiras do amorpatia.
Então, velha-guarda, gamar e amar é só olhar, beijar, linguar. E até xota-cheirar.
Nesses enredos sexisublimes de chamegos e salivas, te segura mago-véi… que rebenta um pipoco nos pentelhos-d’alma e a amorpatia se esparrama e flutua.
Daí você percebe que na Ecologia do Amor, sem aquelas, aquelinhas, amada-amantes, sacaninhas, teu humano coração fica ameaçado de extinção.
Agora o pior desses trampos, mano, é uma recaída – um replay – com a ex.
Explico: é quando a ex vira amante, sem querer-querendo. É coisa de doido. Ponto-G e ponto-A entram em curto-circuito de porrilhões de volts. É a sublimação dos xifres encanados (xifre com “x” mesmo, pois tem xana no meio).
Daí que o eterno mantra dos enroscos falidos, ou de meia-boca, ficam lá te xavecando os neurônios: “toda ex é forever, bixo”.
(aqui cabe um parêntesis desconceitual: uma ex, nem sempre é uma ex-separada no tempo-espaço-passado. Explico: na solidão, embroglios e ilusões dos companheirismos domésticos de cada um, a ex também pode ser a atual, a que convive no tempo-espaço-presente, mas que já não é mais a mesma mulhamada d’antes: talvez seja agora mais vivída, mais sofrida, mais cuidadeira, mais sócia: daí, torna-se na maturidade de si mesma, uma ex de si mesma: tampax-eterno: mas como quase todo tampax, às vezes incomoda e precisa trocar. E essa ferrugem da convivência diária vale também pro ex )
Todo esse clima de lembranças antigas-novas, difusas-confusas, baixa sem aviso prévio – tá ligado?
Acontece naquelas tardesmansas de uisquemeditation em que você encara você mesmo. E vai lentisorvendo uma boa dose de cereais nobres, como meu mano Tom Silveira, um velho amigo das burakeras, advogado e empresário, chamava o bom uísque escocês.
Daí, você dá uma espichada, olha pra lua, e chama os orixás das gamações é-ternas. Que baixam ali, naquele terreiro-metafísico entre alma-coração xana-traseiro xifre-cotovêlo. Pura ligação mística, mago-velho.
Ali, onde só as cabras vadias de Nelson Rodrigues são únicas testemunhas dos teus zilhões de enrôscos, engatamentos, enrabichamentos, crushes e fuleragens.
Ali, naquele infinito terreno baldio do Tempo e Destino… ali onde baixam os caboclos-escoceses de JonhyWalker. E onde cada dose faz fluir de cambulhada as lembruxas d’amores, pós-amores, chamêgos e gamações.
Faz fluir saudades e resaudades.
Daí, no vamuvê da VidaViva, você começa a sacar que em certas solidões gamar e coçar é só começar.
E que em certos enganchos do amor o jogo é jogado: ou dá ou desce: ajoelhou, rezou: xanavá! xanavem!: xifrou é xifrado!
Que o xifre-humanitário é tipo chopp bem tirado: precisa da espuma sutíl de vazios, borbulhas, ternurinhas e safadezas.
Quando tudo isso acontece, todo marujo-velho sabe que o mar não tá pra peixe. Mas que gente fisgada não é peixe fisgado.
Que é preciso chapliniar com Nat King Cole ou Djavan e deixar a maré braba dos desencontros virar um Grande-Smile, refletindo o que resta: a beleza da VidaViva no sorrisolhar do amor-que-foi-não-foi, ainda abraçando tua alma….
Mas, ein?!!!!
Foto: S. Hermann & F. Richter/Pixabay/ND