[516 ANOS DO RN] Onde o Brasil foi descoberto pelos portugueses

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Hoje, comemoramos o aniversário de 516 anos do Rio Grande do Norte. Em 7 de agosto de 1501, aconteceu, em terras potiguares, um dos mais importantes fatos históricos do país: a fixação do primeiro Marco (Padrão) de posse colonial da terra brasileira por Portugal, que está situado no litoral de Touros.

Não sei se é motivo de orgulho, mas o descobrimento do Brasil começou mesmo no Rio Grande do Norte. E aqui cito o “começou” quase de forma metafórica, posto que as terras já eram habitadas por indígenas, que “começaram” tudo bem antes.

Orgulho de ser potiguar? Sim, mas por outros motivos que não esse. Lembro de François Silvestre quando disse que nossa Republiqueta já nasceu de uma quartelada bisonha. Daí pra frente, ou até boas décadas para trás, a corrupção comeu solta no nosso país varonil.

Fato é que são muitas evidências e defendidas por notáveis estudiosos, pesquisadores e escritores de que esse projeto de nação começou pelo nosso RN, precisamente onde hoje está fincado o Marco de Touros, na chamada Esquina do Continente.

Portanto, quando a caravela do Cabral atravessou o Atlântico e chegou ao litoral brasileiro em 22 de abril de 1500, não avistou o Monte Pascal, em Porto Seguro, na Bahia, mas o Pico do Cabugi, na região central do nosso Estado. Além do mais, o monte Pascal é uma torre, cortada, sem o tal “pico”.

Parece hipótese pouco provável mesmo para nós, potiguares, em razão da distância do Pico do Cabugi para o mar. Mas saibam que até hoje pescadores nativos se referenciam por esta serra para voltar à terra, quando estão em alto mar. Hoje até surfistas, que de uns tempos pra cá descobriram excelente pico de ondas já distante do litoral, também usam o Pico do Cabugi como referência.

Estudiosos atestam o fato

Existe farto conteúdo histórico para embasar a teoria de que o Brasil começou aqui. O escritor Lenine Pinto talvez tenha sido o pioneiro e um dos principais nomes no assunto, inclusive com o livro ‘O Bando do Mar’ lançado ano passado e com estudos ainda mais aprofundados sobre o tema.

Mais recentemente, Rosana Mazaro, professora há 13 anos do Departamento de Turismo da UFRN tem se lançado sobre a pesquisa e já tem livro no prelo para lançamento no início de 2017. Ela vai unir conhecimentos práticos, como experiente velejadora. e científicos, a partir de anos de pesquisa.

E é a professora Mazaro que ajudará a secretaria estadual de Turismo do RN numa campanha de divulgação e, mais do que isso, de incentivo à discussão sobre o tema. A intenção é realmente corrigir este possível equívoco histórico e reescrever nossa história. Os planos, ainda embrionários, é de lançar uma campanha nacional.

Claro, o tema é vasto, auspicioso e existem várias evidências para comprovar a teoria defendida há tanto tempo por Lenine Pinto. Mas Rosana Mazaro, que já velejou da Europa ao RN e subiu de Santa Catarina pra cá, enumerou cinco que considera as principais.

1) Correntes marítimas

A primeira se dá pelas correntes marítimas, que direcionariam as caravelas naturalmente ao RN. Segundo Mazaro, há uma dificuldade imensa para se chegar da Europa à Bahia e, em contraponto, facilidade para o RN. Há navegadores que preferem contornar até Dakar (na África) para se aproximar do Brasil tamanho a força das correntes nas proximidades da Bahia.

2) Pico do Cabugi

A segunda evidência apontada pela professora é o monte avistado pelos portugueses ser o Pico do Cabugi, como abordei acima.

3) “Aguada”

A terceira seria a presença de “aguada” no litoral, conforme consta na carta do descobrimento. Aguada seria água doce, presente nas proximidades do Marco de Touros, em vários lagos, e inexistente em Porto Seguro, na Bahia.

4) Marco de Touros

A penúltima evidência seria o Marco de Touros, diferente do marco fincado na Bahia. O daqui é esculpido com símbolos e brasões semelhantes ao marco chantado no município de Cananéia, em São Paulo, que é o segundo marco português no Brasil, ou seja, o segundo ponto de parada da caravela do tio Cabral.

5) Duas mil léguas

Por último, o argumento mais evidente apontado pelos estudiosos: consta no mapa português que eles navegaram duas mil léguas ao Sul do país para fincar o segundo marco. Essa distância corresponde exatamente o percurso do Estado potiguar a São Paulo. Caso partisse da Bahia, o segundo marco estaria fincado na Argentina.

Portanto, amiguinhos, tudo indica, este Brasil que vemos hoje começou mesmo aqui.

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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