Listar os melhores filmes de fantasia da história do cinema seria um trabalho enorme e tão pretensioso quanto compor qualquer lista individual. Resumir aos melhores disponíveis em uma provedora de streaming (como o é a Netflix) ajuda, mas ainda assim é uma ambição que nunca vai ter um final 100% feliz. E há um motivo especialmente influente quando se tentar elencar filmes dessa forma: a identificação. Quando se trata de fantasia, tudo ganha outras proporções, porque mexer com o imaginário é algo quase sagrado e é, sobretudo, intransferível.
Pensando nisso, a ideia de nossas listas de cinema geralmente é indicar. Sem a menor pretensão de criar algo exato, definitivo ou qualquer coisa do tipo, os filmes citados e brevemente resenhados mais abaixo servem como indicações para quem não os assistiu ou para quem gostaria de reassisti-los.
É, portanto, óbvio que, dentro do catálogo da Netflix, podem ser encontrados outros tão bons quanto, mas, como dito, isso vai depender de questões subjetivas do imaginário e, claro, do gosto pessoal (até por isso a lista é bem diversa).
Vale salientar que, infelizmente, foram retirados grandes filmes do gênero do catálogo. Dessa maneira, o garimpo torna-se ainda mais complicado. Mas enfim… sem mais demora e dentro da abordagem sem verdades absolutas, vamos à lista dos 10 melhores filmes de fantasia disponíveis na Netflix:
10. Goosebumps: Monstros e Arrepios
Vamos começar com um filme que é divertido e despretensioso. Em Goosebumps: Monstros e Arrepios, um adolescente se junta à filha do jovem autor de terror adulto R. L. Stine (Jack Black) depois que os demônios imaginários dele são libertados.
Pode ser bobo, pode ser simplório, mas deve divertir quem procura por uma distração sem muito comprometimento.
9. Nanny McPhee, a Babá Encantada
No melhor estilo Mary Poppins intervencionista, Nanny McPhee (Emma Thompson) é uma governanta que usa magia para controlar o comportamento de sete crianças mal-intencionadas sob sua responsabilidade.
O filme pode ser visto por alguns como bobo, mas tem o coração tão no lugar certo e tem força para divertir tanto crianças quanto adultos mais entregues à fantasia.
Além disso, comprovando o seu caráter de filme para a família, Nanny McPhee, a Babá Encantada, que é de 2005, ainda é visto como um dos melhores filmes desse espectro realizados com a coprodução do Reino Unido. É só se entregar que a diversão é garantida.
8. Mogli: Entre Dois Mundos
Dois anos depois do lançamento de Mogli — O Menino Lobo (de Jon Favreau, 2016), Andy Serkis trouxe ao mundo essa sua versão da história de uma criança humana criada por lobos que, devido às circunstâncias, deve enfrentar um tigre ameaçador chamado Shere Khan, bem como suas próprias origens.
Assistir a ambos os filmes é um exercício interessante para perceber como duas direções, a partir da mesma matéria-prima (ou quase isso), podem investir em aspectos diferentes e se completarem de algum modo.
7. A Menina e o Porquinho
Adaptado de um clássico livro infantil que foi levado ao cinema como animação em 1973, A Menina e o Porquinho acompanha o porco Wilbur, que está com medo do fim da temporada por saber que chegou a hora de acabar na mesa do jantar. Ele trama um plano com Charlotte, uma aranha que vive em seu cercado, para garantir que isso nunca aconteça.
É um filme que tem todos os elementos necessários para que um filme de família tenha sucesso resista ao tempo: humor, drama, emoção e um final emocionalmente satisfatório.
6. As Crônicas de Spiderwick
Ao se mudarem para uma degradada propriedade com sua mãe, os irmãos gêmeos Jared e Simon Grace, junto com sua irmã Mallory, são puxados para um mundo alternativo cheio de fadas e outras criaturas.
As Crônicas de Spiderwick é uma fantasia da cabeça aos pés, seja na relação entre os personagens, seja na relação da direção com os acontecimentos. Isso porque o diretor Mark Waters, experiente no gênero, investe justamente na magia, sem procurar camuflá-la de forma alguma.
É um filme leve, cheio de aventuras e com atuações lindas, especialmente do protagonista Freddie Highmore.
5. Jumanji: Bem-Vindo à Selva
Entretenimento puro, do começo ao fim. Jumanji: Bem-Vindo à Selva entende seu lugar como poucos filmes do gênero e consegue, ainda, atualizar o filme de 1995. Cada função parece fluir com leveza e, consequentemente, as ideias passam a se encaixar melhor.
É um filme que flerta com uma fluidez baseada em um todo muito coeso. Isso pode ser fundamental para que se entenda sobre limites, porque o roteiro de Jake Kasdan (que também dirige o filme), Jeff Pinkner e Scott Rosenberg contém-se em expor situações sem buscar se aprofundar.
Sem dúvidas, isso seria um péssimo sinal caso estivéssemos comentando sobre um filme que claramente procurasse mais camadas. Mas a verdade é que esse filme protagonizado por Dwayne Johnson está pouco se importando com a problemática dramática das situações e muito mais focado no entretenimento que, justamente, a falta dessa problemática pode ocasionar.
4. Meu Monstro de Estimação
Na história, que traz à tona a lenda escocesa do Monstro do Lago Ness, um menino solitário descobre um ovo misterioso que choca a tal criatura. Espectadores de todas as idades irão apreciar toda a superfície do filme e, apesar da fantasia intrínseca, também comenta sobre uma história real a partir de pessoas complexas e não recai sobre uma alegria boba e infantilóide.
Meu Monstro de Estimação é um filme dos mais interessantes e complexos da lista.
3. A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
Tim Burton é um dos diretores de fantasia mais autorais da História. É provável que isso seja um fato para a maioria. Quando ele acerta, portanto, podem surgir filmes que viram marcos: Edward Mãos de Tesoura e Os Fantasmas se Divertem, por exemplo, são obras inconfundíveis e celebradas da carreira do diretor. Em A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, o acerto é notável na construção do universo.
Dessa forma, o personagem-título não é uma surpresa, a questão é que se sentir atraído pelo mundo de Burton, quase hipnotizado, acaba fazendo com que toda a fantasia soe como sendo muito natural. Isso é ouro para um gênero que busca a suspensão da realidade do espectador.
Na história, Ichabod Crane (Johnny Depp) é enviado para investigar as decapitações de três pessoas, com o culpado sendo a lendária aparição… o Cavaleiro Sem Cabeça.
https://www.youtube.com/watch?v=WjkapstIMWo
2. Matilda
Um filme tão querido é sempre bem-vindo em uma lista, ainda mais quando esse filme é dirigido de uma maneira que parece abraçar o espectador e por um sujeito que é igualmente apreciado.
O que Danny DeVito faz com o roteiro de Nicholas Kazan e Robin Swicord é, aliás, não somente de uma demonstração de carinho enorme pelo cinema, é de uma sinceridade com o livro de Roald Dahl que deixa Matilda com um ar de seriedade tão intenso que, felizmente, nada é condescendente com as crianças.
Ao mesmo tempo, o filme fica aberto para o encantamento dos adultos sem duvidar de suas inteligências. De quebra, ainda consegue ser engraçado. Um grande filme.
1. Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas
Tim Burton (novamente) parece completamente à vontade com tudo o que envolve o Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas. Desfilando toda sua sensibilidade artística e sua capacidade inventiva diante de um roteiro que lhe dá liberdade, o diretor fundamenta um dos seus filmes mais sensíveis (ou o mais).
Não bastasse as pérolas dos diálogos, como “É rude falar de religião. Nunca se sabe quem vamos ofender.”, o filme tem algumas das cenas mais românticas do século XXI, em especial uma que acontece dentro de uma banheira.
Burton sabe valorizar cada momento e, inclusive, pode surpreender a quem está acostumado com seus filmes mais darks. É uma pequena obra-prima.
Agora, ficam aí os comentários. Como sempre, foi difícil fazer uma lista com um material tão subjetivo, mas tenho certeza que vocês podem complementar e enriquecer tudo. Ficaram filmes de fora, então vamos conversando, debatendo… e, de repente, aumentando a lista.
Texto originalmente publicado no Canaltech