Sou do tempo de…

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Eu sou do tempo de beber água de quartinha. E também sou do tempo da Brilhantina Glostora, do Sputnik, das serenatas, do Paredón em Cuba, de pedir as meninas em namoro por carta, de dançar nos “assustados” …

Sou do tempo em que se chamava defluxo catarral de Difruço; sou do tempo da Cibalena, do Biotônico Fontoura, da Emulsão de Scott, do tênis Sete Vidas, de tomar banho de açude numa câmara de ar, de ouvir Jerônimo, o Herói do Sertão e a Ronda dos Fantasmas pelo rádio; sou do tempo de assistir aos filmes em preto e branco de Oscarito e Grande Otelo, Zorro, Durango Kid, Roy Rogers, Tarzan; sou do tempo dos seriados de Bill Elliot e Jim das Selvas…

Sou do tempo de trocar nas portas dos cinemas os gibis Mandrake, Durango Kid, Roy Rogers, Fantasma, Cavaleiro Negro; sou do tempo de assistir missas celebradas em Latim, da primeira Campanha da Fraternidade (que começou aqui, no Rio Grande do Norte), dos espetáculos dos circos mambembes, de ler O Cruzeiro, Manchete e a Revista do Rádio, de ouvir as músicas de Ângela Maria, Cauby Peixoto, Núbia Lafayette, Waldick Soriano, Altemar Dutra, Trio Irakitan, Dolores Duran e de um cara que “cantava pra dentro” chamado João Gilberto…

Sou do tempo da Jovem Guarda, e do surgimento de quatro jovens cabeludos ingleses que revolucionaram a Música e a maneira dos adolescentes cantarem, dançarem e se vestirem; sou do tempo da Guerra Fria, da existência do Muro de Berlim (e depois, da queda do mesmo), do desastre de Chernobyl, do Festival de Woodstock, de dançar no escuro sob a luz negra, dos festivais de MPB da Record, do futebol no Juvenal Lamartine, da Ditadura Militar, do “Milagre Brasileiro”, das “Casas de Recurso” (locais para encontros amorosos) e dos cabarés famosos de Natal…

Sou do tempo em que existiam em Natal, vários conjuntos de baile como o conjunto Apaches (do qual fui crooner, de 1969 a 1974), Infernais, Terríveis, The Jetsons, Sempre Alerta, Os Vândalos, Impacto Cinco, The Victors, Os Milionários, Os Hippies, as orquestras de Waldemar Ernesto e Cícero Bezerra; sou do tempo do Quintas Clube, do Camana, do Intermunicipal da Cidade da Esperança, do Alecrim Clube (conhecido como “o coice da burra”), do Racing e do Palmeiras nas Rocas…

Sou do tempo em que existiam as lojas de discos, as serenatas, os LP’s de 78 rotações, os compactos simples e duplos, a Tenda do Cigano (na Praia do Meio), o Veleiro (na praia de Miami) e os restaurantes Pouso do Tetéu, na 15 (Avenida da Salgado Filho), a Casa de Mãe e a Carne Assada do Lira (nas Rocas)…

Também sou do tempo do surgimento da TV a cores, da Discotheque, da fita cassete, da pornochanchada, dos faroestes italianos, das matinês do ABC e da ASSEN, do fim da guerra do Vietnã, do Impeachmant de Richard Nixon, da morte misteriosa do papa João Paulo I (que morreu dormindo no 33º dia do seu pontificado), da abertura política, da superinflação, do aparecimento dos teclados eletrônicos, das máquinas filmadoras portáteis, da volta das eleições diretas…

Hoje eu sou do tempo em que existem telefone celular, Internet, redes sociais, avanço científico; mas em que existem também: violência contra a mulher, racismo estrutural, desrespeito ao meio ambiente, ladrões e assassinos impunes (inclusive menores de idade), filhos que não respeitam os pais, imoralidade disfarçada de modernidade…

Enfim, sou de “vários tempos” e relembro as coisas boas do passado sem saudosismo, encarando as coisas ruins do presente como uma oportunidade para todos e cada um de nós de dar sua contribuição na luta contra as desigualdades sociais, as injustiças cometidas contra as minorias e pelo surgimento de uma nova Ética na relação entre os homens.

Instagram: @fernandoluizcantor

Fernando Luiz

Fernando Luiz

Cantor, compositor, produtor cultural e apresentador do programa Talento Potiguar, que é exibido aos sábados, às 8 horas pela TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.

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