O médico, escritor e poeta Aurélio Valdemiro Pinheiro nasceu na cidade de São José de Mipibu-Rn, em 28 de janeiro de 1882. Filho de Manuel Onofre Pinheiro e dona Maria Barbosa Pinheiro, estudou no Atheneu Norte-rio-grandense e diplomou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia. Integrou-se a movimentos literários em Natal no início do século XX, participando de grupos como o “Le Monde Marche”, em cujo jornal, “Oásis”, publicou poemas e crônicas.
Foi funcionário da Fazenda Estadual (1907), clinicou em Macau e Areia Branca e, nos momentos de folga, continuou a produzir literatura. No jornal O Mossoroense manteve a seção “Bilhetes da Serra” (1909), sob o pseudônimo de Estanislau Pamplona, e “Crônicas” (1910), assinando A. Áureo Pinho.
Mudando-se para Parintins, no Amazonas, abriu consultório e foi nomeado Inspetor Sanitário, dali enviando matérias para o jornal A República, de Natal, às quais deu o título geral de “Notas do Amazonas”, no mesmo período colaborando com jornais daquele Estado.
Como romancista, seu livro inicial – “O Desterro de Umberto Saraiva” (1926) editado pela Livraria Clássica, de Manaus – foi premiado pela Academia Brasileira de Letras, naquele mesmo ano. Seguiu-se “Gleba Tumultuária” contos (1927), também publicado pela Livraria Clássica.
Dois anos mais tarde torna a se transferir, desta vez para o Rio de Janeiro, passando a ensinar em Niterói e prosseguindo em sua produção literária. Traduz obras de autores como Stefan Zweig, André Maurois, Carlyle, Máximo Gorki e Sinclair Lewis, e alguns estudos científicos. Publicaria, ainda, um “Dicionário de Sinônimos da Língua Nacional” (provavelmente em 1930), “Macau”, romance (1934), “À Margem do Amazonas”, ensaio (1937), “Em Busca do Ouro”, romance, (1938), publicado originalmente em fascículos sob o título “O Ouro do Sucunduri” e deixou inédito “Páginas da Vida”, de contos.
Aurélio Pinheiro é o Patrono da Cadeira nº 27 da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Para Américo de Oliveira Costa, foi “o maior dos romancistas norte-rio-grandenses”. Faleceu em Niterói, a 17 de novembro de 1938.
Aurélio Pinheiro está presente nas principais antologias e ensaios sobre autores do Rio Grande do Norte, como, por exemplo, “Poetas Norte-Rio-Grandenses” de Ezequiel Wanderley, (1922), “Panorama da Poesia Norte-rio-grandense” de Rômulo Wanderley (1965), “Literatura do Rio Grande do Norte”, de Diva Cunha e Constância Duarte, (2000), “Informação da Literatura Potiguar” de Tarcísio Gurgel (2001), e “Ficcionistas Potiguares”, de Manoel Onofre Jr. (2010).
O livro “Macau” é considerado por muitos estudiosos da literatura potiguar um dos romances mais representativos dos anos 30 no Rio Grande do Norte. Recentemente, mereceu um estudo acadêmico, em nível strictu senso, ou seja, foi estudado no mestrado, pela escritora e professora Aparecida Rego e teve como orientador o pesquisador e professor, membro da Academia Norte Rio-Grandense de Letras, Humberto Hermenegildo de Araújo. Aparecida Rego é natural de Pau dos Ferros, mas radicada em Natal, estuda há muitos anos a literatura potiguar, e tem inúmeros ensaios e artigos publicados sobre a nossa produção literária.
A dissertação de mestrado gerou “Entre Salinas e Maledicências – Uma Leitura do Romance Macau em contexto de Ensino” (EDUFRN, 2018). Um livro que enriquece a bibliografia sobre Aurélio Pinheiro.
O trabalho de Aparecida Rego tem como objetivo apresentar uma leitura do romance, situando-o no contexto da literatura brasileira, produzida na década de 30 do século passado, além de analisar as configurações da linguagem que revelam conflitos individuais e sociais relacionados às tensões decorrentes dos processos de modernização de uma cidade do interior do Rio Grande do Norte, sobretudo tendo em vista a aplicabilidade desses conhecimentos no âmbito educacional. Sem dúvidas, uma maneira pratica e didática de fazer chegar a nossa literatura aos alunos.
O livro será lançado oficialmente no dia 06 de Abril próximo, no Centro Cultural Joaquim Correia, na cidade de Pau dos Ferros, a partir das 18:30 horas e no dia 04 de Maio, na Pinacoteca do Estado, em Natal.
FOTO de Macau: Laine Paiva
OBS: Não encontramos foto do autor Aurélio Pinheiro