Está decretado: não teremos a oitava edição do Fest Bossa & Jazz em Pipa este ano. O motivo, claro, é a falta de patrocínio. Mas a idealizadora e produtora do evento, Juçara Figueiredo, nos mostra ainda um panorama da situação do principal festival do gênero no Norte e Nordeste, que ano passado atraiu mais de 20 mil pessoas em um único dia. E pela falta de apoio privado, o formato de acesso livre, também único entre os maiores festivais de música do Estado, está ameaçado.
A foto ao lado foi clicada ontem e mostra Juçara reunida com membros da Associação de Hoteleiros da Pipa. Na oportunidade, ela explicou o porquê da não realização do Festival em 2017 em Pipa e apresentou as ideias para a edição 2018, já buscando soluções conjuntas para a viabilidade do evento, além de outras discussões sobre as ações para a preservação da Pipa e o lançamento do #preservepipa, já estampado nos copos oficiais do Festival. Confira nosso papo reto com a produtora.
1. A pergunta principal: o Fest Bossa & Jazz Pipa acontecerá este ano? Se sim, há datas, local e alguma atração que já possa adiantar?
Não Sergio, este ano ficou inviável, com a situação econômica que o país está atravessando e com o declínio de patrocinadores, Pipa só pra 2018, mas isto condicionado à conquista de novos e antigos patrocinadores, afinal por ser um evento gratuito só decola se tiver parcerias e patrocínios.
2. Evidente, a maior dificuldade é de patrocínio. Mas por que este ano e não em anos anteriores?
Exatamente, tem que ter quem pague a conta. Tivemos o patrocínio da Oi durante sete anos e da Cosern durante cinco anos. No caso das telefonias com a entrada da internet, a telefonia convencional perdeu receita, diminuindo arrecadação e mudando o perfil do público. Sendo assim, o foco das telefonias hoje é outro. No caso da Cosern, não sei, novos tempos. Temos que mudar pra continuar no mercado e estamos buscando outros interessados.
3. Há perspectivas ainda para as edições em Natal e São Miguel do Gostoso?
Sim, mas possivelmente só para o próximo ano. Eu já tenho trabalhado para 2018. Quem trabalha com Leis de incentivo, se planeja com no mínimo um ano de antecedência, pois temos que formatar, inscrever e enquadrar, o que não é uma tarefa fácil, e depois de aprovado é correr atrás de patrocínio e via de regra as empresas fecham seu ano fiscal até novembro, dezembro, no máximo.
4. Você pensou em outro formato para viabilizar a continuidade do festival, com ingressos pagos, por exemplo, como fazem o MADA e o Dosol? Ou mesmo migrar para outro Estado?
Claro que passa tudo pela minha cabeça, afinal eu acreditava que fazendo o festival gratuito seria mais fácil a captação de recursos, na parte de apoios do poder público, mas não vejo o mesmo interesse do poder privado. Sendo assim talvez pra que exista um futuro eu tenha que mudar o formato. Pra 2018 acredito que vamos conseguir fazer ainda gratuito. Quanto a migrar pra outros estados, não é segredo que o Fest Bossa & Jazz faz sucesso com o público da vizinhança, mas pra ser realizado precisa do mesmo processo que é feito aqui e pra isto dependo de parcerias que estamos construindo.
5. Há outros projetos culturais que deseja fazer?
Gostaria de fazer, mas o Festival me toma todo o tempo, apesar que parcerias com a Sesi Big Band durante quatro anos foram muito produtivas; um projeto a parte que nasceu da minha parceria com o maestro Eugênio Graça e a Sesi Big Band convida, tudo gratuito ao público e com patrocínio direto (sem lei de incentivo). Com esse projeto fizemos duas International Jazz Day com a chancela da Unesco, trouxemos pra cantar com a Sesi Big Band: Taryn Szpilman com a cordas da Orquestra Sinfônica da UFRN onde lotamos a praça Ecológica de Ponta Negra e, por último, o Ed Motta no estacionamento externo do Natal Shopping. Ainda convidamos em outras datas Yamandu Costa, Mestrinho, Jorge Vercillo e muitos outros. Foi um ciclo muito produtivo, mas agora preciso me dedicar ao Fest Bossa & Jazz, é um produto e tem que ter dedicação.