O trabalho do monsenhor Pedro Ferreira na formação da música erudita e na criação de coralistas no Rio Grande do Norte é desses dignos de manchetes garrafais, medalhas, homenagens e loas. São 70 anos, dos seus 80 outonos de vida, dedicados à música. Sim, 70! Grande parte escondidos na rotina obscura de ensaios e apresentações sem notícia.
O então “padre” Pedro foi responsável, entre outros, pela criação da Banda Sinfônica da Universidade e também de um dos maiores patrimônios musicais do Estado: o Coral Canto do Povo. Isso há quase três décadas. Após alguma oposição deixou o cargo de regente do Canto do Povo e fundou a Camerata de Vozes do RN, precisamente em 5 de junho de 2012. Ambas as instituições são vinculadas à Fundação José Augusto
Essa semana, ele mesmo pediu exoneração do cargo de maestro da Camerata. O afastamento é para se dedicar à elaboração de um livro especial sobre a polifonia sacra. “Coisa de gênio”, como enfatizou a diretora da FJA, Isaura Rosado. “Algo sem referencial no país. É um trabalho de uma envergadura que nem saberia dimensionar a importância”, ressaltou o diretor administrativo da Orquestra Sinfônica do RN, Francisco Marinho.
SUBSTITUTA DO MAESTRO
A Camerata é hoje um dos principais grupos de coralistas do Estado, concebida para um gênero de música com origem nas raízes das cameratas italianas. A substituta do monsenhor será Tercia Souza, escolhida pelos próprios coralistas. Segundo Marinho, ela herdará uma Camerata coesa e com repertório elaborado. “Claro, ela manterá o conceito, mas colocará sua leitura musical própria”, reforça Marinho.
O grupo é composto por 34 membros muito bem selecionados, dissidentes de outros grandes grupos do Estado. O número reduzido de músicos permite trabalhar o aprendizado estrutural das peças, da criação à linguagem e transformação dos sentidos. Assim, as cameratas permitem apresentações em locais menores, diferentemente de grandes grupos e orquestras.
Portanto, fica o registro da importância do trabalho realizado pelo monsenhor Pedro Ferreira, da Camerata de Vozes e do tradicional movimento coralista do RN no qual o monsenhor se dedica desde os tempos de Seminário, tal qual o movimento de bandas de música espalhado pelo interior do nosso Estado, no qual deposito muito na conta do maestro Bembem Dantas. Essa é a nossa tradição musical mais latente e que se mantenha o apoio total a essa gente!
2 Comments
O Coral Canto do Povo por pouco não foi extinto, se não fosse a garra e o empenho dos que foram deixados para trás.
A mestrina Tércia não foi indicada pelos componentes
O Monsenhor Pedro Ferreira não encontrou oposição dentro do Coral Canto do Povo ele na verdade abandonou o coral e criou na surdina o outro grupo chamado Camerata de Vozes do Rio Grande do Norte,
O Canto do Povo, com seus quase 30 anos de história